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13/Fev/2023

Tendência é de sustentação para os preços da soja

A tendência é de sustentação para os preços da soja no mercado interno, com novas altas do dólar e cotações futuras em Chicago firmes, com as fortes quebras na safra da Argentina. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 15,00 a US$ 15,40 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 13,50 a US$ 14,80 por bushel. Todos os vencimentos de 2023 ainda estão em patamares bem superiores à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu sua estimativa para a safra de soja do país, de 41 milhões de toneladas para 38 milhões de toneladas. A seca e as altas temperaturas durante a primeira metade do ciclo de cultivo causaram perdas significativas de rendimento. As perdas nas lavouras de soja do centro da área agrícola devem ficar entre 30% e 40%. A Bolsa de Comércio de Rosário reduziu em 2,5 milhões de toneladas sua previsão, de 37 milhões de toneladas para 34,5 milhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foi mais conservador, projetando 41 milhões de toneladas.

O dólar teve forte queda frente ao Real na sexta-feira (10/02), mas ainda fechou a semana com fortes ganhos, com investidores preocupados com a possibilidade de o Banco Central ceder a críticas do governo sobre a conduta da política monetária. O dólar à vista caiu 0,98%, para R$ 5,2220 na venda. O dólar encerrou a semana com alta acumulada de 1,49%. Enquanto a demanda externa pela soja em grão está enfraquecida, a procura pelos derivados brasileiros segue elevada. Diante disso, os prêmios de exportação da soja estão em queda no Brasil, ao passo que os prêmios de farelo e de óleo subiram. Esse contexto, por sua vez, eleva a margem bruta de esmagamento das indústrias nacionais neste mês em 22,7%, sendo calculada a US$ 111,11 por tonelada, considerando-se o contrato Março/2023 negociado na Bolsa de Chicago. As exportações de soja recuaram 65,7% entre janeiro/2022 e janeiro/2023, somando 839 mil toneladas no último mês. Por outro lado, de óleo de soja, o Brasil escoou 188,96 mil toneladas em janeiro, 33,6% a mais que há um ano e o maior volume para o mês desde 2003.

A exportação de farelo de soja somou 1,42 milhão de toneladas em janeiro, embora 1,8% inferior à quantidade recorde escoada em janeiro/2022, ainda foi a segunda maior para o mês. Apesar desse cenário, os preços da soja em grão estão avançando no mercado brasileiro, impulsionados pela expressiva valorização do dólar e pela lenta colheita da safra 2022/2023 no Brasil. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil colheu 8,9% da safra 2022/2023, quase 8% abaixo do volume colhido há um ano. Dentre os Estados, 25,6% foram colhidos em Mato Grosso; 9% em Goiás; 4,5% em Minas Gerais; 2% em São Paulo e em Mato Grosso do Sul e 1% no Paraná e na Bahia. Os produtores de São Paulo relatam que muitas lavouras já estão prontas para serem colhidas, mas o excesso de chuva impede as atividades. No mercado spot nacional, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,9%, cotado a R$ 173,86 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,6% nos últimos sete dias, a R$ 166,78 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram valorização de 1,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto aos derivados, os valores do farelo de soja apresentam avanço de 0,6% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), há queda de 0,4% no preço médio nos últimos sete dias, indo para R$ 6.500,81 por tonelada. Este recuo está atrelado à ausência de consumidores domésticos. De acordo com o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 8 de fevereiro, a safra de soja 2022/2023 é prevista em volume recorde de 153 milhões de toneladas no Brasil. As exportações brasileiras do grão são estimadas em 92 milhões de toneladas; embora este volume seja 16,3% superior ao da safra anterior, ainda ficaria abaixo da quantidade recorde escoada na safra 2019/2020 (92,1 milhões de toneladas).

O consumo doméstico, entretanto, é projetado em volume recorde, de 56,35 milhões de toneladas. O Brasil deve produzir 40,87 milhões de toneladas de farelo de soja e 10,16 milhões de toneladas de óleo. As demandas doméstica e externa pelo farelo de soja no Brasil devem ser recordes nesta safra, previstas em 19,8 milhões de toneladas e 21 milhões de toneladas, respectivamente. Quanto ao óleo de soja, o USDA indica que a demanda doméstica deve crescer 6% entre as duas últimas safras, com aumentos de 10,5% no consumo industrial (3,92 milhões de toneladas) e de 1,9% no alimentício (3,97 milhões de toneladas), este último seria um recorde. A exportação de óleo de soja, entretanto, é estimada em 2,25 milhões de toneladas, 6,6% abaixo do embarcado na safra passada. O estoque de passagem nos Estados Unidos (em agosto/2023) foi revisado para 6,12 milhões de toneladas de soja, sendo 17,9% inferior ao da safra anterior e o mais baixo desde 2015/2016. Esse cenário tem sustentado os preços futuros na Bolsa de Chicago, que operam acima dos US$ 15,00 por bushel.

Do lado da demanda, a importação mundial de soja em grão é prevista em 164 milhões de toneladas, 4,4% superior à safra passada. A China deve importar 96 milhões de toneladas de soja na temporada 2022/2023, 4,8% a mais que na safra passada. Os países que devem importar quantidade recorde de soja nesta temporada são: México, Taiwan, Indonésia, Bangladesh e Vietnã. De farelo de soja, o USDA estima importação mundial em 65,44 milhões de toneladas, abaixo apenas da safra passada, de 65,87 milhões de toneladas. Embora a importação da União Europeia seja estimada em 16,7 milhões de toneladas, 0,8% inferior à safra passada, outros países devem importar volume recorde de farelo de soja, tais como: México, Indonésia, Japão, Egito, Vietnã, Reino Unido, Filipinas, Coreia do Sul, Irã, Peru e Malásia. A importação global do óleo de soja é prevista em 11,23 milhões de toneladas, 1,92% abaixo da safra passada e a menor quantidade desde 2018/2019. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.