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30/Jan/2023

Tendência é baixista para preços da soja no Brasil

A tendência é de pressão baixista sobre os preços da soja no mercado interno, com avanço da colheita de uma safra recorde no Brasil, queda dos prêmios nos portos brasileiros e melhoria das condições climáticas na Argentina. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 13,50 a US$ 15,10 por bushel, abaixo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 13,80 a US$ 15,10 por bushel, mas ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel. Estimativas apontando safra abundante no Brasil, recentes chuvas na Argentina e comemorações do Ano Novo Chinês (que afastaram os asiáticos das negociações) estão pressionando com certa intensidade as cotações da soja. Diante disso, em algumas regiões, os valores de negociação são os menores desde dezembro de 2021. A queda nos preços do grão se deve também à desvalorização do dólar e à fraca demanda de indústrias brasileiras, que aguardam a evolução da colheita para realizar novas aquisições, à espera de valores mais atrativos.

Esses compradores estão atentos ao baixo volume comercializado da safra 2022/2023. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 3,7%, cotado a R$ 170,31 por saca de 60 Kg, o menor patamar diário desde 15 de dezembro de 2021. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de fortes 4,3% nos últimos sete dias, a R$ 163,78 por saca de 60 Kg, o mais baixo desde 14 de dezembro de 2021. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram recuo de 3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os prêmios de exportação também estão em queda no Brasil. Com base no contrato Março/2023, no Porto de Paranaguá (PR), o valor de compra da soja estava em +US$ 0,35 por bushel, com expressiva retração de 7,9% nos últimos sete dias.

Vale lembrar que, no mesmo período de 2022, o contrato Março/2022 estava sendo ofertado pelo comprador a +R$ 0,84 por bushel. Por outro lado, a maior cotação do dólar futuro na B3 e a valorização dos contratos na Bolsa de Chicago impedem uma baixa no preço FOB para os próximos meses. Isso, por sua vez, resulta em paridade de exportação acima do valor negociado no mercado spot. Com base no Porto de Paranaguá (PR), a paridade de exportação indica preços da soja a R$ 176,99 por saca de 60 Kg para embarque em fevereiro/2023; de R$ 175,58 por saca de 60 Kg para março/2023; de R$ 175,21 por saca de 60 Kg para abril/2023; e de R$ 177,60 por saca de 60 Kg para maio/2023. Mesmo assim, ainda há grande disparidade entre os valores de compradores e vendedores, deixando baixa a liquidez de negócios antecipados. As negociações da safra 2022/2023 no Brasil somam apenas 25%. Em Mato Grosso, 41% da produção de soja havia sido comercializada até a primeira quinzena de janeiro, abaixo dos 51% negociados no mesmo período da temporada passada e dos 54% da média das últimas cinco safras.

A colheita de soja atingiu 5,9% do total da área de Mato Grosso, inferior aos 13,3% de igual período de 2022 e dos 9,11% da média dos últimos cinco anos. No Paraná, apenas 7% foram comercializados antecipadamente. No Rio Grande do Sul, embora tenha ocorrido maior volume de chuvas, as precipitações seguem heterogêneas. De acordo com a Emater-RS, as regiões de Santa Maria e de Santa Rosa ainda apresentam déficit hídrico, o que pode resultar em forte queda na produtividade da oleaginosa. Lavouras do Rio Grande do Sul também enfrentam problemas com pragas e fungos. Houve aumento na incidência de tripes, especialmente em Ijuí, e pulgões também em Ijuí, em Soledade e em Pelotas. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apenas 2% da área de soja foi colhida no Brasil até o dia 21 de janeiro, abaixo dos 5,5% em igual período do ano passado.

Os produtores indicam que essas atividades também se iniciaram no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Porém, o volume colhido ainda é muito pequeno. Os preços do farelo de soja seguem em queda, devido à baixa demanda pelo subproduto brasileiro, em especial por parte de avicultores e suinocultores. Representantes de fábricas de ração relatam que têm estoques para cerca de 15 dias e mostram preferência por aguardar para efetivar novas aquisições. Os valores do farelo de soja registram baixa de 2,4% nos últimos sete dias. A queda nas cotações do óleo de soja, por sua vez, é limitada pela valorização dos prêmios de exportação no Brasil. Isso se deve às expectativas de que a demanda global por este derivado continue elevada nesta temporada. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), apresenta desvalorização de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 6.841,31 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.