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23/Jan/2023

Pressão baixista sobre os preços da soja no Brasil

A tendência é de pressão baixista sobre os preços da soja no mercado interno. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 13,60 a US$ 15,10 por bushel, abaixo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 14,00 a US$ 15,35 por bushel, ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel. Os contratos futuros da soja estão sustentados na Bolsa de Chicago, impulsionados pela firme demanda externa e pelas condições climáticas desfavoráveis às lavouras na Argentina. O baixo excedente da safra 2021/2022 no Brasil também redirecionou os importadores de soja para os Estados Unidos. A alta externa, entretanto, foi limitada pela valorização do dólar no mercado internacional e pelas expectativas de safra recorde no Brasil (o maior produtor e exportador global da oleaginosa). Ainda assim, na semana passada, o contrato Março/2023 da soja foi negociado acima dos US$ 15,00 por bushel, patamar nominal recorde quando comparado ao do mesmo período dos anos anteriores. O contrato Março/2023 do óleo de soja apresenta avanço de 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 1.392,20 por tonelada.

O contrato de mesmo embarque do farelo de soja tem leve recuo de 0,7%, indo para US$ 519,40 por tonelada. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as vendas externas de soja nos Estados Unidos cresceram 42,5% entre as duas últimas semanas. Na parcial do ano-safra (de setembro/2022 a 12 de janeiro/2023), foram embarcadas 32,17 milhões de toneladas de soja pelos portos dos Estados Unidos, 4,4% abaixo do registrado no mesmo período da safra passada. No Brasil, os preços não encontraram força para subir, mas as valorizações externa e cambial impedem quedas mais acentuadas. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram recuo de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,3%, cotado a R$ 176,93 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 171,10 por saca de 60 Kg. A liquidez nos mercados de farelo e óleo de soja está baixa. O valor do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) se mantém a R$ 6.848,91 por tonelada. Apesar de a oferta estar baixa, os consumidores estão utilizando os estoques para abastecimento. A colheita da soja segue em ritmo lento em Mato Grosso (principal produtor nacional da oleaginosa), visto que a umidade elevada tem dificultado os trabalhos de campo. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que a colheita atingiu 2,4% do total da área de soja no Estado, inferior aos 4,2% em igual período do ano passado e dos 3,6% na média dos últimos cinco anos. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), há grande probabilidade de o índice pluviométrico seguir elevado até o final de janeiro em Mato Grosso. A colheita de soja também foi iniciada no Paraná, na região de Pato Branco (sudoeste do Estado), o que é incomum para este período do ano; porém, as atividades ainda são pontuais.

A expectativa dos produtores é de que a colheita se intensifique nas próximas semanas, com avanço dos trabalhos também na região oeste do Paraná. Muitas áreas do oeste do Paraná registraram chuvas escassas e irregulares até, pelo menos, o final de 2022, o que deve resultar em menor produtividade. Muitas lavouras estão entrando em fase de maturação, e produtores já estão aplicando dessecantes para iniciar a colheita. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a maioria das lavouras de soja nas regiões norte e centro-oeste do Estado estão em fase de floração e frutificação. No noroeste do Estado, a maior parte das lavouras está em período de enchimento de grãos, e há expectativa de boa produção. Na região sul do Paraná, por sua vez, grande parte das lavouras está em fase reprodutiva. No entanto, há áreas pontuais que estão sendo replantadas devido ao clima desfavorável. Além disso, focos de mofo branco, oídio e ferrugem asiática foram detectados, resultando em aumento no controle dessas doenças. No Rio Grande do Sul, embora as recentes chuvas tenham beneficiado a maior parte das lavouras de soja, áreas no oeste e na faixa central do Estado ainda apresentam insuficiência de umidade.

Assim, os produtores precisaram fazer replantio, o que atrasou o desenvolvimento das lavouras. De acordo com a Emater-RS, 98% da área destinada à soja foi semeada até o dia 19 de janeiro, sendo que 78% ainda está em desenvolvimento vegetativo, contra 49% na média das últimas cinco safras. Em fase de floração e enchimento de grãos estão 18% e 4% das lavouras, respectivamente, abaixo dos 37% e 13% no mesmo período das últimas cinco safras. Ainda não há lavouras em fase de maturação no Rio Grande do Sul. Na Argentina, a semeadura da soja está na reta final, somando 95,5% dos 16,12 milhões de hectares projetados pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires. O lado preocupante é que significativos 60% das lavouras estão em condições entre regulares e ruins. As áreas onde as lavouras foram mais prejudicadas pelas altas temperaturas e pelo déficit hídrico foram: a província de Santa Fé, o norte de Buenos Aires e o centro-leste de Entre Rios. Chuvas nos próximos dias podem ser decisivas para a produção argentina, mas a previsão é de precipitações ainda heterogêneas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.