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16/Jan/2023

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de preços sustentados para soja no mercado interno nos médio e longo prazos, com as cotações futuras em alta na Bolsa de Chicago, em decorrência das adversidades climáticas que assolam a Argentina e áreas produtoras do grão no Centro-Sul do Brasil. As perdas são expressivas na safra da Argentina, que é o maior exportador global de farelo e óleo de soja. O USDA cortou em 4 milhões de toneladas sua previsão para a produção na Argentina, para 45,5 milhões de toneladas, enquanto a estimativa da Bolsa de Buenos Aires foi reduzida de 48 milhões para 41 milhões de toneladas. A Bolsa de Rosário cortou sua projeção de 49 milhões de toneladas para 37 milhões de toneladas, o que representaria a terceira pior colheita argentina dos últimos 15 anos. Segundo a Bolsa de Rosário, 1,1 milhão de hectares deixaram de ser semeados por causa da falta de chuvas. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 14,00 a US$ 15,35 por bushel, acima da faixa da semana anterior, que foi de US$ 14,10 a US$ 14,90 por bushel, e ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel.

O dólar fechou praticamente estável ante o Real na sexta-feira (13/01). O dólar subiu 0,14%, e fechou a R$ 5,10. A moeda acumulou sua segunda semana seguida de queda, de 2,46%. No curto prazo, entretanto, a queda do dólar e o início da colheita pressionam os preços internos. Os preços da soja estão em baixa no mercado brasileiro, pressionados pela desvalorização do dólar, pelo enfraquecimento do prêmio de exportação e por estimativas indicando safra recorde no Brasil, de 152,7 milhões de toneladas (Conab) e de 153,0 milhões de toneladas (USDA), respectivamente. Diante disso, a liquidez segue baixa no mercado brasileiro. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram recuo de 2,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,8%, cotado a R$ 177,43 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 3,5% nos últimos sete dias, a R$ 170,67 por saca de 60 Kg. As quedas, entretanto, são limitadas pela ausência de vendedores no mercado spot. Isso porque os produtores estão com a atenção voltada para as atividades de campo e não mostram interesse em negociar o remanescente da safra 2021/2022. Por enquanto, a colheita da safra 2022/2023 teve início pontual em Mato Grosso, sobretudo em áreas destinadas ao algodão na 2ª safra. O déficit hídrico nas regiões dos extremos leste e oeste de Mato Grosso pode resultar em menor produtividade da oleaginosa. Porém, essa queda pode ser compensada pela boa produtividade nas demais áreas do Estado. Os focos de ferrugem asiática estão significativamente menores em relação à temporada passada, sendo que apenas 6 focos foram identificados no Estado nesta temporada, abaixo dos 262 focos na safra 2021/2022. Em Goiás, a menor produtividade pode reduzir a produção em relação à safra passada.

Em Minas Gerais, as lavouras de soja foram prejudicadas pela estiagem no ano passado, o que pode resultar em menor produtividade; porém, diante da maior área cultivada, a produção ainda deve ser maior que a da safra anterior. A safra de soja em Mato Grosso do Sul pode crescer 49,4% em relação à passada, diante da maior produtividade. Porém, o surgimento de percevejo-marrom e barriga-verde nas lavouras de soja tem deixado produtores em alerta. De acordo com a Embrapa, também houve ocorrência de 8 focos de ferrugem asiática no Estado. As estimativas são de maior produtividade de soja em São Paulo, mas os focos de ferrugem asiática aumentaram nesta temporada: são 11 registros, acima dos 4 verificados na temporada passada, segundo a Embrapa. Na Região Sul do Brasil, é esperado crescimento na produção 2022/2023 da oleaginosa, mesmo diante das chuvas irregulares no período de semeadura. As recentes chuvas recuperaram grande parte das lavouras que estão em desenvolvimento, especialmente no sul do Paraná e no Rio Grande do Sul.

O que chama a atenção é que houve ocorrência de 31 focos de ferrugem asiática no Paraná, muito acima dos 5 registros na temporada passada. Para a região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a estimativa da Conab é de maior produtividade. Embora o Maranhão tenha sido prejudicado por estiagem no início da semeadura, as chuvas posteriores beneficiaram as lavouras. De acordo com Conab, 52,74 milhões de toneladas de soja devem ser destinadas ao processamento na temporada 2022/2023, 6,7% superior à temporada passada. Com isso, a produção de óleo de soja deve aumentar 7,45%, e a de farelo, 6,68% no mesmo comparativo. Diante disso, os preços do óleo de soja registram forte queda no mercado brasileiro. A pressão se deve também à desvalorização da matéria-prima e à baixa demanda doméstica. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de significativos 6,2% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.849,94 por tonelada, a menor cotação desde o dia 6 de outubro de 2022.

Os preços do farelo de soja se mantêm praticamente estáveis, mesmo com as expectativas de maior produção nacional. A sustentação está atrelada à valorização externa. Os valores registram leve avanço de 1% nos últimos sete dias. Já os contratos futuros do complexo soja estão em movimento altista. A alta está atrelada às estimativas de menor estoque de passagem nos Estados Unidos, previstos em 5,72 milhões de toneladas de soja em agosto deste ano, volume que é 4,5% inferior ao estimado no relatório passado do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e 23,4% abaixo do estoque final na temporada passada. Além disso, o USDA, reajustou a produção de soja da safra 2022/2023 nos Estados Unidos para 116,4 milhões de toneladas. Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, o contrato Janeiro/2023 do farelo de soja tem expressiva alta de 5,0%, para US$ 565,48 por tonelada. O contrato de mesmo embarque do óleo de soja registra leve alta de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 1.394,41 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.