ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Dez/2022

Brasil aprova soja não-transgênica resistente à seca

A GDM, empresa de origem argentina que tem sede institucional em Londrina (PR) e atua em melhoramento genético de soja, obteve neste ano a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para a primeira soja tolerante à seca do país obtida por meio de edição gênica. Há outra tecnologia que confere essa característica ao grão, a HB4 (desenvolvida pela argentina BioCeres), mas ela é transgênica. Outros estudos que buscam soja tolerante a ambiente seco também estão em curso no Brasil. A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), a brasileira Tropical Melhoramento Genético (TMG) e a Embrapa conduzem pesquisas. Esse tipo variedade é a “bola da vez” no universo das sementes, sobretudo depois das secas que castigaram pelo menos as últimas três safras na Região Sul do País.

A diferença entre os dois processos é que a edição gênica acelera mutações que já ocorreriam na planta na natureza. No organismo geneticamente modificado (OGM, ou transgênico), por sua vez, a alteração depende de engenharia genética, por meio da qual ocorre a inserção de gene de um outro organismo doador a uma determinada planta. A “soja editada” tolerante à seca da GDM foi aprovada pela CTNBio em maio e recebeu autorização do governo argentino em novembro. O plano da empresa, que lidera o segmento de melhoramento genético em soja no Brasil, é comercializar a variedade no mercado brasileiro na temporada 2027/2028. Por ter sido desenvolvida a partir de material de clima temperado, a soja deverá ser lançada antes nos Estados Unidos e na Argentina.

A previsão para lançamento nesses mercados é o ciclo 2025/2026. A chegada ao Brasil vai levar um pouco mais de tempo porque exigirá ajuste ao clima tropical. A nova soja é mais tolerante a ambiente seco, mas difere das plantas que são resistentes a esse clima, como o cacto. A soja editada da companhia, por ser tolerante, será mais produtiva do que a convencional, mas não vai render o mesmo que uma planta que estivesse na condição ideal de regime hídrico. Ainda não há métricas de produtividade. A partir de 2023, a GDM vai realizar ensaios de campo em localidades diferentes dos Estados Unidos para mensurar o rendimento. Será plantada soja editada ao lado da convencional para observar as diferenças. Nos estudos, que começaram em 2018, os pesquisadores da GDM isolaram um gene da planta que é responsável por detectar o estresse hídrico.

Quando esse gene funciona em potencial máximo, ele acaba influenciando a resposta de crescimento da planta em ambientes secos. Esse gene foi anulado para que deixe de influenciar os outros, fazendo com que a planta cresça normalmente. Segundo a Abrasem, as empresas que estudam soja tolerante à seca olham paralelamente para o desenvolvimento de tecnologia, para a produtividade e para a precificação. Se esse tipo de soja chegasse ao mercado hoje, os produtores do Rio Grande do Sul seriam os mais interessados. A precificação precisará ser bastante estudada, porque comprar esse tipo de semente será como contratar um seguro sem a certeza de que haverá seca, e as plantas produzem menos que as convencionais. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.