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12/Dez/2022

Tendência de preços sustentados para soja no Brasil

A tendência é de preços sustentados para soja no mercado interno, com as cotações futuras em alta na Bolsa de Chicago, em decorrência das adversidades climáticas que assolam a Argentina e áreas produtoras do grão no Centro-Sul do Brasil. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 14,00 a US$ 15,00 por bushel, acima da faixa da semana anterior, que foi de US$ 13,80 a US$ 14,60 por bushel, e ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel. O prêmio de exportação de farelo de soja no Brasil registra significativa alta nos últimos sete dias, reflexo da firme demanda internacional e sobretudo de preocupações relacionadas à oferta desse derivado na safra 2022/2023 da Argentina. O clima quente e seco tem dificultado a semeadura da oleaginosa no país vizinho, o maior exportador mundial de derivados de soja. Assim como verificado em anos recentes, diante da restrição de matéria-prima, a Argentina chega a importar o grão, enquanto a demanda externa por derivados se desloca ao Brasil e aos Estados Unidos. Ressalta-se que a China vem aumentando as importações de farelo.

No campo, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, dos 16,7 milhões de hectares estimados para serem cultivados na Argentina, apenas 37,1% haviam sido semeados até o dia 7 de dezembro, atraso de 19% em relação ao mesmo período da temporada passada. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2022 do farelo de soja tem alta de expressivos 11,5% nos últimos sete dias, a US$ US$ 517,31 por tonelada, voltando ao patamar verificado em meados de setembro. A participação do farelo de soja na “crush margin” das indústrias foi de 60,3% no dia 8 de dezembro, a maior desde 4 de agosto deste ano. Além da alta externa, os valores do farelo no Brasil também são impulsionados pelos prêmios de exportação. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação do farelo de soja com embarque em janeiro/2023 tem comprador a US$ 27,00 por tonelada. Diante disso, as cotações do farelo de soja registram avanço de 3,1% nos últimos sete dias.

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), embora os embarques de farelo de soja do Brasil tenham diminuído 11,4% de outubro para novembro, o Brasil ainda escoou 1,55 milhão de toneladas no último mês, sendo o maior volume para um mês de novembro. Na parcial deste ano (de janeiro a novembro), o Brasil exportou volume recorde de 19,25 milhões de toneladas de farelo de soja, 24,4% acima do embarcado em igual período do ano passado. O principal destino do farelo de soja brasileiro em 2022 foi a Indonésia. Os preços do óleo de soja estão em baixa nos mercados externo e doméstico. Com maior processamento para atendimento da demanda por farelo, há leve excedente de óleo, resultando em pressão sobre as cotações. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2022 do derivado tem desvalorização de expressivos 7,2% nos últimos sete dias, a US$ 1.399,92 por tonelada. No Brasil, a desvalorização do óleo é limitada pelo aumento nos prêmios de exportação, que, por sua vez, são sustentados pela firme demanda externa.

Segundo a Secex, o Brasil enviou ao exterior 198,7 mil toneladas de óleo de soja em novembro, aumentos de 18% em relação a outubro e de 27,1% frente à quantidade embarcada há um ano. Na parcial de 2022 (de janeiro a novembro), o Brasil exportou volume recorde, de 2,16 milhões de toneladas de óleo de soja, 62,91% a mais que o escoado em igual período de 2021. No mercado físico, porém, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de 2,9% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.571,16 por tonelada. Os preços da soja em grão são sustentados pela valorização do farelo de soja e pela firme demanda externa. Na Bolsa de Chicago, o contrato Janeiro/2023 acumula alta de 4% nos últimos sete dias. No Brasil, o movimento de alta é limitado pelas expectativas de safra recorde na temporada 2022/2023, que começa a ser colhida em Mato Grosso em poucas semanas. A produção nacional de soja é prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 153,5 milhões de toneladas, 22,2% acima do volume produzido na safra 2021/2022.

De acordo com a Conab, dos 43,4 milhões de hectares a serem cultivados com soja no Brasil, 90,7% já foram semeados. Dentre as regiões, a semeadura está praticamente finalizada em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e em São Paulo. No Paraná, 96% da área foi cultivada; em Minas Gerais, 94%; em Goiás, 93%; em Tocantins, 95%; na Bahia, 89%; no Piauí, 88%; em Santa Catarina, 75%; no Rio Grande do Sul, 68%; e no Maranhão, 56% da área havia sido cultivada até o dia 3 de dezembro. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,2%, cotado a R$ 182,84 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,3% nos últimos sete dias, a R$179,39 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram valorização de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas recuo de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto às vendas externas da soja em grão, a Secretaria de Comércio Exterior aponta que, em novembro, o Brasil escoou 2,64 milhões de toneladas. De janeiro a novembro, as exportações somaram 77,03 milhões de toneladas, 7,63% inferiores às do mesmo período de 2021. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.