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05/Dez/2022

Pressão baixista sobre os preços da soja no Brasil

Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 13,80 a US$ 14,60 por bushel, ligeiramente acima da faixa da semana anterior, que foi de US$ 13,80 a US$ 14,50 por bushel, e ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel. No mercado interno, há uma pressão baixista sobre os preços da soja em grãos. Os valores da soja estão em baixa no mercado brasileiro, pressionados pelo menor prêmio de exportação, que, por sua vez, foi influenciado pelo enfraquecimento nas demandas externa e doméstica. A pressão também vem da desvalorização do dólar frente ao Real, que deixa a commodity brasileira menos atrativa aos importadores. Além disso, devido a um deslizamento de terra na semana passada, houve um bloqueio na principal via de acesso rodoviário ao Porto de Paranaguá (PR), um dos mais importantes portos de escoamento de grãos do Brasil.

Esse cenário limita novas comercializações sobre rodas, mas aquece as negociações de soja na modalidade transferida no Porto de Paranaguá, ou seja, de lotes em estoques no porto. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,9%, cotado a R$ 180,65 por saca de 60 Kg. Entre as médias de outubro e novembro, no entanto, houve aumento de 1,3%. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,1% nos últimos sete dias, a R$ 177,11 por saca de 60 Kg. A média mensal avançou 1,5% sobre a de outubro, sendo a maior nominal desde julho deste ano. Nos últimos sete dias, os valores registram queda de 1,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Considerando-se as médias mensais, de outubro para novembro, os preços domésticos subiram 0,9% tanto no mercado de balcão quanto no de lotes.

Este aumento esteve atrelado ao baixo volume de chuva em importantes áreas de cultivo de soja da América do Sul e à valorização cambial. A média de novembro do dólar foi a maior desde julho deste ano. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil escoou 2,640 milhões de toneladas de soja grãos em novembro, uma queda de 35% em relação ao volume de outubro. De janeiro a novembro, os embarques nacionais somam 77,250 milhões de toneladas, 7,4% inferiores aos do mesmo período de 2021 e os menores para os 11 primeiros meses do ano desde 2019. Com a desvalorização da soja em grão, os preços dos derivados também apresentam baixa. Além disso, grande parte dos consumidores domésticos sinaliza estar abastecida para o restante do ano, enquanto uma parcela menor adquire pequenos lotes, apenas para completar estoques. Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta recuo de 0,6% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.796,49 por tonelada.

Entre as médias de outubro e novembro, no entanto, há avanço de fortes 9,2%. Para o farelo de soja, as cotações têm queda de 1,8% nos últimos sete dias, mas avanço de 0,4% de outubro para novembro. Na Argentina, medida adotada pelo governo desde o dia 28 de novembro e que deve se estender até o final deste ano, estabelece um sistema especial do dólar para a soja, chamado de “dólar soja”. Assim, nas transações externas da oleaginosa, um dólar passa a valer 230 pesos argentinos, acima do registrado em setembro, de 200 pesos por dólar. Vale ressaltar que a Argentina é a principal exportadora mundial de farelo e óleo de soja e essa medida tende a estimular as vendas externas do país e implicar, consequentemente, em menor demanda pelos derivados dos Estados Unidos e do Brasil. Na Argentina, a baixa umidade do solo segue inibindo o avanço da semeadura da soja.

Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, dos 16,7 milhões de hectares a serem cultivados no país vizinho, apenas 29,1% haviam sido semeados até o dia 1º de dezembro, progresso de 9,6% em relação à semana anterior. Os preços da soja estão enfraquecidos nos Estados Unidos, pressionados pelos elevados estoques norte-americanos e pela maior oferta na Argentina. De outubro para novembro, especificamente, os preços da soja subiram, influenciados pela valorização do óleo de soja, que, por sua vez, esteve atrelada ao aumento do petróleo. Na Bolsa de Chicago, o contrato Janeiro/2023 da soja em grãos subiu 4,4% em 30 dias. O contrato Dezembro/2022 do óleo de soja apresenta recuo significativo de 8,7% no mesmo comparativo, a US$ 1.507,95 por tonelada. De outubro para novembro, o contrato se valorizou expressivos 7,1%. O contrato Dezembro/2022 do farelo de soja tem alta de 2,7% nos últimos sete dias, a US$ 463,96 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.