ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

21/Nov/2022

Tendência é de preços firmes para a soja no Brasil

Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 13,70 a US$ 14,30 por bushel, próximos à faixa da semana anterior, que foi de US$ 13,60 a US$ 14,60 por bushel, e ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 11,11 por bushel. No mercado interno, a tendência é preços sustentados para a soja em grãos, com a demanda interna aquecida e o dólar em patamares mais elevados nesta segunda quinzena de novembro. O dólar caiu frente ao Real na sexta-feira (18/11), revertendo avanço registrado na véspera após tentativas do governo eleito de tranquilizar os mercados quanto ao risco de descontrole fiscal na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. O dólar fechou com recuo de 0,58%, para R$ 5,3750. A queda veio depois de, na véspera, o dólar ter disparado acima de R$ 5,50 nos picos da sessão em resposta à minuta da PEC da Transição. Na semana, sua segunda consecutiva de ganhos, o dólar avançou 0,85% frente ao Real.

A comercialização de soja em grão está aquecida no mercado brasileiro, resultado da boa demanda, sobretudo externa, e da maior necessidade de venda por parte dos produtores. O remanescente de soja em grãos da safra 2021/2022 é elevado e a expectativa é de produção recorde na temporada 2022/2023. Embora a liquidez esteja maior, os prêmios de exportação apresentam baixa, pressionando também os valores domésticos da soja. Além disso, os produtores prolongaram o prazo de pagamento, em alguns casos para o primeiro trimestre de 2023, reforçando o movimento de desvalorização do grão. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,0%, cotado a R$ 187,33 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 184,02 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram avanço de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas recuo de 0,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

A valorização do dólar frente ao Real limita o movimento de baixa nos preços domésticos. Os negócios para embarques em 2023 também estão mais aquecidos, mas a valores menores, diante do recuo do prêmio de exportação. Com base no Porto de Paranaguá (PR), a oferta do prêmio de exportação de soja em grão, com embarque em fevereiro/2023, é +US$ 0,80 por bushel. Assim, a paridade de exportação indica preços de soja em grão a R$ 183,07 por saca de 60 Kg, para entrega em fevereiro/2023; a R$ 179,98 por saca de 60 Kg em março/2023; a R$ 180,62 por saca de 60 Kg em abril/2023; e a R$ 181,82 por saca de 60 Kg em maio/2023. Entretanto, há relatos de negociação de lotes a preços ainda menores, entre R$ 178,00 e R$ 180,50 por saca de 60 Kg, para embarques de março a maio de 2023. A desvalorização da matéria-prima e a menor demanda por derivados pressionam as cotações do óleo e do farelo. O prêmio de exportação do farelo de soja para embarque em dezembro/2022 registra recuo nos últimos sete dias.

Para o óleo de soja, os prêmios com embarques em dezembro/2022 também apresentam baixa. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem desvalorização de 2,1% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.890,79 por tonelada. Para o farelo de soja, a queda é de 0,1% no preço no mesmo comparativo. As negociações de prêmios dos derivados ainda ocorrem para entregas em 2022. Para o óleo de soja, os prêmios com embarques em dezembro/2022 apresentam queda. Como a desvalorização dos derivados esteve acima da verificada para a matéria-prima, há queda na crush margin das indústrias. O contrato de embarque em fevereiro/2023 tem baixa de 7,2% nos últimos sete dias, a US$ 57,32 por tonelada. Para embarque em março/2023, a queda é de 15,5% no mesmo comparativo, a US$ 58,87 por tonelada. Os contratos de embarques em abril/2023 e maio/2023 indicam aumentos na margem de lucro das indústrias, de respectivos 57,5% e 63,8%, no mesmo período. Os futuros negociados na Bolsa de Chicago estão contidos pela finalização na colheita norte-americana, pelo otimismo com a safra brasileira e pela valorização do dólar no mercado internacional, que torna a commodity dos Estados Unidos menos atrativa aos importadores.

O preço externo do grão também é influenciado pela desvalorização do óleo de soja, que, por sua vez, recuou diante de expectativas de maior oferta de óleo de girassol da Ucrânia, visto que a Rússia renovou o acordo de exportação pelo Mar Negro. No Brasil, a semeadura da oleaginosa já foi concluída em algumas regiões do Brasil, como no norte e oeste de Mato Grosso e no oeste do Paraná. De acordo com a Conab, 66,0%, da área total foi cultivada com soja até o dia 12 de novembro, abaixo dos 77,5% em igual período da temporada anterior. Dentre os Estados, 97% da área foi semeada em Mato Grosso; 93%, em Mato Grosso do Sul; 79%, no Paraná; 61%, em Goiás; 80%, em São Paulo; 23%, em Santa Catarina; 52%, em Minas Gerais; 37%, na Bahia; 45%, no Tocantins; 31%, no Maranhão e 16%, no Piauí. Os Estados Unidos, segundo maior produtor global de soja em grão, atrás apenas do Brasil, estão na reta final da colheita da safra 2022/2023. De acordo com o relatório de acompanhamento de safras do USDA, os trabalhos naquele país somavam 96% da área até o dia 13 de novembro, acima dos 91% colhidos no mesmo período de 2021. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.