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17/Out/2022

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de preços sustentados para os preços da soja no mercado interno, com a confirmação das quebras na safra 2022/2023 dos Estados Unidos e a necessidade de que a safra sul-americana seja grande o suficiente para compensar essas perdas. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 13,55 a US$ 14,10 por bushel, muito próximo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 13,50 a US$ 14,00 por bushel, e ainda bem acima da média histórica dos últimos 10 anos de US$ 11,11 por bushel. No longo prazo, o viés é baixista para os preços globais da soja, já que a perspectiva é de forte avanço da área plantada e da produção na América do Sul na temporada 2022/2023. No Brasil, a estimativa da nossa Consultoria é de expansão de 3,8% na área da safra 2022/2023, com colheita total estimada em 154,0 milhões de toneladas em 2022/2023. Caso não ocorram quebras decorrentes do terceiro fenômeno La Niña consecutivo na safra sul-americana da temporada 2022/2023, a oferta global deverá crescer.

O relatório mensal de oferta e demanda de outubro/2022, divulgado na quarta-feira (12/10), pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu a safra de soja 2022/2023 dos Estados Unidos de 119,2 milhões de toneladas para 117,4 milhões de toneladas. O USDA manteve a estimativa de área plantada em 35,41 milhões de hectares em 2022/2023, leve aumento de 0,3% em relação à temporada anterior (2021/2022). A produtividade média da safra 2022/2023 foi reduzida de 56,6 sacas de 60 Kg por hectare para 55,8 sacas de 60 Kg por hectare. Em relação à estimativa inicial da safra 2022/2023, que era de 126,3 milhões de toneladas, a quebra é de 7% ou 8,9 milhões de toneladas. A projeção de estoques finais dos Estados Unidos na safra 2022/2023 foi mantida em 5,44 milhões de toneladas. Os preços da soja estão subindo no mercado interno. A alta se deve às frequentes chuvas nas principais áreas de cultivo da oleaginosa no Brasil, que têm interrompido os trabalhos de campo, e às valorizações externas, diante de estimativa indicando menor oferta norte-americana.

De acordo com o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgado no dia 12 de outubro, a produção mundial da safra 2022/2023 está estimada em volume recorde, de 390,99 milhões de toneladas, 0,3% acima do estimado no mês passado. Do lado da demanda mundial, o USDA estima esmagamento em 329,44 milhões de toneladas (+4,7%), 28,3 milhões de toneladas para consumo animal (+4,2%) e 22,5 milhões para consumo humano (+3,5%). A demanda total deve crescer, portanto, 4,6%. A China deve importar 98 milhões de toneladas de soja em grão na temporada 2022/2023, 1% a mais que o estimado no relatório passado e 8,9% superior às 90 milhões de toneladas da temporada 2021/2022. A União Europeia deve importar 14,8 milhões de toneladas da oleaginosa, estável em relação ao relatório passado, porém, 8,8% acima da quantidade da safra anterior. No agregado, há recuperação dos estoques finais de passagem. Porém, a relação estoque final/consumo deve ficar em 26,4%, considerada baixa, o que deve limitar quedas de preços.

No Brasil, o alto índice pluviométrico retarda a semeadura da soja. Agentes já indicam necessidade de replantio em algumas áreas do oeste e sudoeste do Paraná. No Paraná, 26% da área destinada à soja foi semeada. Dentre as regiões, 82% foram semeadas em Toledo; 69%, em Cascavel; 49%, em Umuarama; 38%, em Campo Mourão; 33%, em Pato Branco; 25%, em Maringá; 14%, em Francisco Beltrão; 11%, em Laranjeiras do Sul; e 10%, em Apucarana e em Ivaiporã. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a semeadura da soja havia alcançado 11% da área no Brasil até o dia 8 de outubro, sendo 22,3% em Mato Grosso, 17% em Mato Grosso do Sul, 16,7% em Santa Catarina, 2,5% em Minas Gerais, 2% na Bahia e 5% em São Paulo e Goiás. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta significativa de 5,1%, cotado a R$ 187,56 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra forte avanço de 5,3% nos últimos sete dias, a R$ 182,72 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, as cotações apresentam alta de 3,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 4,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços dos derivados também estão em alta, influenciados pelas maiores demandas externa e doméstica. Os valores do farelo de soja têm valorização de 1,2% nos últimos sete doas. Na região de Campinas (SP), especificamente, as cotações registram significativa alta de 3,2% no período, a R$ 2.770,42 por tonelada. Referente ao óleo de soja, além do repasse da valorização da matéria-prima, os preços estão sendo impulsionados pelo reaquecimento da demanda doméstica, sobretudo das indústrias de biodiesel. Além disso, a maior procura externa pelo derivado brasileiro também dá sustentação às cotações. O valor do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de expressivos 4,4% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.137,71 por tonelada. Na Bolsa de Chicago, o contrato Outubro/2022 do óleo de soja tem avanço de 0,5% nos últimos sete dias, para US$ 1.543,44 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja apresenta expressiva valorização de 5,3% nos últimos sete dias, indo para US$ 461,31 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.