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17/Out/2022

Preços globais dos grãos seguem acima da média

A sexta-feira, 14 de outubro, foi mais um dia marcado por uma baixa generalizada das commodities nos mercados internacionais. Entre as agrícolas, quem liderou as perdas foi o trigo, com baixas de quase 30 pontos nos principais vencimentos e com as cotações voltando a operar abaixo dos US$ 9,00 por bushel na Bolsa de Chicago. Ainda na Bolsa de Chicago, perdas de mais de 10 pontos na soja e de 7 pontos no milho, com perdas observadas também entre os derivados da oleaginosa e o óleo recuando mais de 1% somente nesta sessão, acompanha as novas baixas do petróleo. Os futuros do WTI negociados na Bolsa de Nova York perderam até 4%, levando o petróleo a pouco mais de US$ 85,00 por barril, enquanto o brent, em Londres, perdia 3,3% para voltar à casa dos US$ 91,00 por barril.

Na Bolsa de Nova York, houve perdas de mais de 2% para os futuros do café arábica e do algodão, não deixando nem mesmo o ouro de fora tamanha a aversão ao risco. O metal perdia mais de 1,5%, acompanhando o cobre e a prata, que cedia mais de 4%. Ainda assim, como explica o sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, o "grupo" soja, milho e trigo ainda apresentarem preços, em dólares, entre 30% e 35% acima da média histórica. "Ou seja, as agrícolas estão sentindo, saíram das máximas, houve exagero nas baixas, e agora tenta se encontrar um ponto de equilíbrio. Abaixo destes níveis também se compromete a formação de novas safras. Então, muita pressão de baixa, parece muito claro que não há espaço para que isso ocorra", diz. Os futuros dos grãos, portanto, buscam garantir estes pisos porque sabem, como explica Cogo, "que entre os fundamentos há problemas que estão longe de serem resolvidos".

Para o produtor brasileiro, as margens de rentabilidade serão menores em relação à últimas duas safras, porém, ainda positivas, tanto na soja, quanto no milho. "Não são margens baixas, mas muito baixo do que os dois pontos bem altos que o produtor viu nas últimas duas temporadas", detalha Carlos Cogo. Segundo analistas e consultores internacionais, as baixas conjuntas, que levam as commodities a mais uma semana de saldo negativo, refletem a combinação de temores com a recessão, os índices inflacionários muito elevados no mundo do todo, com destaque para a inflação mais alta em 40 anos nos Estados Unidos, com os números vindo bem acima do esperado pelo mercado, e todos os impactos que isso possa ter sobre a demanda pesam direta e severamente sobre os mercados. No dia 12 de outubro, a OPEP+ (Organização dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo) trouxe um corte em suas estimativas de demanda por petróleo não só para 2022, mas também para 2023, dando início a um movimento mais intenso de queda dos preços.

A pressão veio mesmo diante de, no começo da semana passada, a Organização já ter acordado entre seus membros sobre um corte na produção de até 2 milhões de barris por dia. Todas as principais histórias de demanda por petróleo estão se tornando muito baixistas. Até agora, a temporada de lucros e as expectativas de inflação apoiam a ideia de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) terá que continuar apertando até que envie a economia para uma recessão, segundo a agência internacional de notícias Bloomberg. Do lado da demanda, quem mais preocupa é a China. A nação asiática é a maior importadora global do óleo e tem seu consumo muito afetado pela política de tolerância zero contra o Covid-19. Depois do feriado da Semana Dourada, de 10 dias, o número de novos casos subiu muito, promovendo um incremento grande também no número de províncias que voltaram a entrar em lockdown.

Neste final de semana, o Congresso do Partido Comunista se iniciou e tudo tem que estar sob controle, ao menos até onde seja possível. Na outra ponta, a Agência Internacional de Energia (IEA) alertou sobre os cortes de produção sinalizados pela OPEP podendo, inclusive, acelerar o processo de recessão global, já que a oferta já não está em seu momento mais confortável e destacando a esgotada capacidade mundial de refino do petróleo bruto, o que deixa, por exemplo, o mercado de diesel ainda mais estrangulado. "As preocupações com a recessão e o impacto relacionado à demanda permanecerão em foco agora que há um pouco mais de clareza sobre a oferta após a reunião da Opep+", afirmou o chefe de pesquisa de energia da Alerian Vettafi, Stacey Morris. Ainda no radar, e no centro dele, do mercado de energias, continuam as tensões e desdobramentos que se agravam na guerra entre Rússia e Ucrânia, com os impactos sobre o mercado de gás natural. Fonte: Notícias Agrícolas.