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10/Out/2022

Pressão baixista sobre os preços da soja no Brasil

A pressão baixista se acentua sobre os preços da soja no mercado interno, com a baixa do dólar nos últimos dias, queda das exportações brasileiras, menor demanda por parte da China e o clima favorável para o plantio da safra 2022/2023 no Brasil e nos demais países da América do Sul. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 13,50 a US$ 14,00 por bushel, muito próximo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 13,40 a US$ 14,00 por bushel, e ainda bem acima da média histórica dos últimos 10 anos de US$ 11,11 por bushel. No longo prazo, o viés é baixista para os preços globais da soja, já que a perspectiva é de forte avanço da área plantada e da produção na América do Sul na temporada 2022/2023. No Brasil, a estimativa da nossa Consultoria é de expansão de 3,8% na área da safra 2022/2023, com colheita total estimada em 154,0 milhões de toneladas em 2022/2023. Caso não ocorram quebras decorrentes do terceiro fenômeno La Niña consecutivo na safra sul-americana da temporada 2022/2023, a oferta global deverá crescer.

Os preços da soja vêm caindo de forma intensa no Brasil neste começo de outubro, influenciados sobretudo pela menor demanda externa. As exportações nacionais de 2022 são as menores em três anos. Além disso, a desvalorização do dólar frente ao Real, estimativas indicando produção recorde no Brasil e o avanço da colheita nos Estados Unidos reforçam o movimento de baixa das cotações. Ainda, muitos vendedores buscam liquidar parte do remanescente da safra 2021/2022, no intuito de fazer caixa. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta forte queda de 4,5%, cotado a R$ 178,40 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de significativos 4,4% nos últimos sete dias, a R$ 173,57 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações registram recuo de 3,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 4,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

A moeda norte-americana se desvalorizou entre os dias 29 de setembro a 6 de outubro. A queda cambial impediu desvalorizações mais intensas nos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2022 da soja tem recuo de 3,7% nos últimos sete dias, a US$ 13,58 por bushel, a menor média desde 14 de janeiro deste ano. Do lado das exportações, dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, em setembro, foram escoadas 4,29 milhões de toneladas de soja em grão, 28% a menos que em agosto e 11% abaixo do volume de setembro/2021. Na parcial de 2022 (janeiro a setembro), saíram dos portos brasileiros 70,760 milhões de toneladas do grão, a menor quantidade desde 2019, quando considerados os nove primeiros meses do ano. A queda nas exportações brasileiras se deve, sobretudo, à menor demanda da China, que reduziu as importações do Brasil em 37% entre os últimos dois meses. As exportações brasileiras só não foram ainda menores porque a Espanha, a Tailândia e os Países Baixos (Holanda) aumentaram as compras da soja brasileira em setembro.

Enquanto isso, a semeadura da nova safra segue avançando nas principais regiões. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), dos 42,9 milhões de hectares a serem cultivados no Brasil, 4,6% foram semeados até o dia 1º de outubro, sendo 9% no Paraná, 9% em Mato Grosso, 6% em Santa Catarina e em Mato Grosso do Sul, 5% em São Paulo e 1% em Goiás. Embora as recentes chuvas tenham limitado os trabalhos, a maior umidade segue gerando otimismo entre agentes. A produção nacional em 2022/2023 deve alcançar 152,35 milhões de toneladas, 21,3% superior à safra passada. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), foram colhidos 22% da área norte-americana de soja até o dia 2 de outubro, avanço de 14% em uma semana; mas abaixo dos 25% colhidos na média dos últimos cinco anos.

Os preços do farelo de soja registram oscilações dentre as regiões brasileiras. A baixa é de 0,6% nos últimos sete dias, o que se deve à queda externa e à desvalorização do grão no Brasil. Na Bolsa de Chicago, o contrato Outubro/2022 do farelo de soja tem recuou de 2,9% nos últimos sete dias, caindo para US$ 438,05 por tonelada. A alta no prêmio de exportação no Brasil e a maior demanda internacional, entretanto, limitam a queda dos preços domésticos. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 1,917 milhão de toneladas de farelo de soja em setembro, volume 5,8% superior ao escoado no mês anterior e 47,6% maior que o de setembro/2021. O principal destino foi a Indonésia, somando 386,6 mil toneladas. Na parcial deste ano, o Brasil escoou volume recorde de farelo de soja, de 15,980 milhões de toneladas.

Os preços do óleo de soja estão em alta no Brasil e nos Estados Unidos, impulsionados pela maior demanda global. Esse cenário impulsiona os prêmios internos de exportação. Vale lembrar que estes operavam nos menores patamares históricos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Outubro/2022 do óleo registra alta de 3,2% nos últimos sete dias, a US$ 1.535,94 por tonelada. Com isso, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta avanço de 2% no mesmo período, indo para R$ 6.835,30 por tonelada. Conforme dados da Secex, o Brasil exportou 225,2 mil toneladas de óleo de soja em setembro, a maior quantidade para o período desde 2002, sendo 15,1% maior que a de agosto/2022 e expressivos 94,1% acima da de setembro/2021. A Índia foi destino de 70% dos embarques do Brasil no último mês. Na parcial do ano (de janeiro a setembro), saíram dos portos brasileiros volume recorde de óleo, de 1,79 milhão de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.