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03/Out/2022

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de preços sustentados para a soja no mercado interno, com demanda doméstica firme por farelo, cotações futuras ainda na faixa de US$ 13 a US$ 14 por bushel e dólar em níveis mais altos. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 13,40 a US$ 14,00 por bushel, abaixo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 13,50 a US$ 14,90 por bushel, mas ainda acima da média histórica dos últimos 10 anos de US$ 11,11 por bushel. Na Bolsa de Chicago, o contrato Outubro/2022 do óleo de soja recuou 2,8% nos últimos sete dias, para US$ 1.487,66 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja registra recuo de expressivos 8,3% nos últimos sete dias, caindo para US$ 450,95 por tonelada. De acordo com relatório trimestral de estoques divulgado na sexta-feira (30/09) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os estoques de soja dos Estados Unidos em 1º de setembro de 2022 somavam 7,45 milhões de toneladas, aumento de 6,5% ante o volume de 6,99 milhões de toneladas.

Os preços futuros da soja na Bolsa de Chicago fecharam a em queda expressiva na sexta-feira (30/09), após esses dados de estoques nos Estados Unidos. O vencimento novembro/2022 caiu 46,00 cents (3,26%), e fechou a US$ 13,64 por bushel. A queda dos preços do petróleo para o patamar próximo de US$ 85 o barril do tipo Brent impacta em recuo da competitividade do biodiesel, que tem o óleo de soja como principal matéria prima nos EUA. No longo prazo, o viés é baixista para os preços globais da soja, já que a perspectiva é de forte avanço da área plantada e da produção na América do Sul na temporada 2022/2023. No Brasil, a estimativa da nossa Consultoria é de expansão de 3,3% na área da safra 2022/2023, com colheita total estimada em 153,8 milhões de toneladas em 2022/2023. Caso não ocorram quebras decorrentes do terceiro fenômeno La Niña consecutivo na safra sul-americana da temporada 2022/2023, a oferta global deverá crescer. Os preços internos do farelo de soja estão em alta, mesmo diante das desvalorizações do grão no Brasil e do derivado nos Estados Unidos.

A sustentação vem da firme demanda doméstica pelo farelo e das expectativas de exportação do derivado para Ásia a partir de outubro. A China, visando recompor e expandir o rebanho de suínos, abriu, em julho, o mercado para recebimento do farelo de soja brasileiro, e tradings indicam possibilidade de embarques já a partir do próximo mês. Além disso, a oferta da Argentina pode ser menor a partir de outubro, tendo em vista que a aplicação de uma taxa de câmbio preferencial para estimular as vendas externas (realizada no início de setembro) se encerrou na sexta-feira (30/09), na Argentina, e esse contexto pode desestimular as exportações. Os valores regionais do farelo de soja seguem acima da paridade de exportação. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o preço FOB do derivado é de R$ 2.563,63 por tonelada, para embarque em outubro/2022, enquanto as negociações no mercado spot nacional superam os R$ 2.600,00 por tonelada em São Paulo e R$ 2.700,00 por tonelada no Paraná. Nos últimos sete dias, os preços do farelo de soja apresentam alta de 2,6%. De agosto e para setembro, a elevação na média foi de 1,4%.

O preço médio mensal do farelo de soja vem registrando consecutivos recordes nominais desde abril deste ano em Campinas (SP), Mogiana (SP), Norte do Paraná e Chapecó (SC). Nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, Ponta Grossa (PR), Rio Verde (GO), Rondonópolis (MT) e Triângulo Mineiro (MG), as médias de setembro são as maiores desde março deste ano. Vale lembrar que, no final do primeiro trimestre de 2022, a quebra da safra de soja na América do Sul estava sendo confirmada, e as exportações argentinas estavam interrompidas. Considerando-se os preços da soja em grão, do farelo e do óleo negociados no estado de São Paulo, a participação do farelo na margem de lucro das indústrias passou de 65% nos últimos dias, sendo o maior percentual desde março de 2021. Ainda assim, a crush margin recuou 18,8% nos últimos sete dias, influenciada pela forte queda no preço do óleo de soja. Com a menor participação na margem da indústria nos últimos 18 meses, as negociações de óleo de soja seguem baixas no Brasil.

Algumas fábricas, inclusive, anteciparam as manutenções, no intuito de reduzir a oferta do derivado e limitar o movimento de queda nos preços, que, por sua vez, é influenciado pelas menores demanda externa e doméstica (sobretudo para biodiesel). O prêmio de exportação do óleo de soja no Brasil é o menor da série iniciada em junho de 2004, quando considerado o contrato de primeiro vencimento. No mercado interno, o preço do óleo (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra expressiva queda de 9,4% nos últimos sete dias, indo para R$ 6.702,34 por tonelada. Entre agosto e setembro, a retração da média foi de 5%, a R$ 7.381,01 por tonelada em setembro, a menor desde julho/2021. A colheita da soja avança nos Estados Unidos, e as chuvas na América do Sul geram otimismo para a safra 2022/2023. Esse cenário vem afastando os compradores do mercado, o que deixa as negociações da oleaginosa fracas. Do lado vendedor, muitos evitam negociar grandes volumes, o que, atrelado à valorização do dólar frente a Real (de 5,6% em sete dias), limita o movimento de baixa no Brasil.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 1,1%, cotado a R$ 188,83 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 181,70 por saca de 60 Kg. No campo, as chuvas impediram o avanço nos trabalhos em muitas regiões, mas a expectativa é de que a semeadura se intensifique nos próximos dias. A semeadura foi iniciada no Paraná (6%), em Santa Catarina (6%), em Mato Grosso do Sul (3%), em São Paulo (2%) e em Mato Grosso (1%). Com expectativa de maior intensidade na colheita norte-americana, os preços da soja e seus derivados seguem em queda nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), já foram colhidos 8% da área de soja, avanço de 5% em uma semana; mas 13% abaixo da média dos últimos cinco anos. O movimento de desvalorização externo é reforçado pela alta do dólar e pela menor demanda internacional. As exportações norte-americanas caíram 50,4% entre as duas últimas semanas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.