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12/Set/2022

Tendência de viés baixista para soja no curto prazo

A tendência é pressão baixista no curto prazo sobre os preços internos da soja, com os recuos das cotações futuras na Bolsa de Chicago, após a decisão do governo argentino em estimular as vendas do grão, com uso de um câmbio diferenciado para o setor. No dia 5 de setembro, o governo argentino anunciou incentivos aos produtores, por meio de maior taxa de câmbio oficial, para que estes escoem parte da safra que está em estoque. Esse cenário pressiona, sobretudo, os prêmios de exportação dos derivados da soja no Brasil. Porém, vale destacar que os futuros seguem sustentados em patamares elevados, bem acima da média histórica. Em Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam entre US$ 13,50 a US$ 14,20 por bushel, ante média histórica dos últimos 10 anos de US$ 11,11 por bushel. A confirmação do 3º La Niña consecutivo implicará em riscos de estiagem para a América do Sul e poderá ser um fator de sustentação dos futuros em Chicago.

No Brasil, a estimativa da nossa Consultoria é de expansão de 3,3% na área da safra 2022/2023, com colheita total estimada em 153,8 milhões de toneladas em 2022/2023. Os preços da soja estão em baixa no Brasil e nos Estados Unidos, pressionados pelo maior interesse vendedor na Argentina, pela menor demanda externa e pela proximidade da colheita da safra 2022/2023 nos Estados Unidos. As previsões de chuvas para as principais regiões produtoras do Brasil a partir da segunda quinzena de setembro também contribui para um ambiente de certo otimismo, derrubando os valores futuros. No campo brasileiro, diante do encerramento do período de vazio sanitário no sábado (10/09), a partir do dia 11 de setembro, o cultivo da nova temporada no Paraná e em parte de Rondônia foi liberado. O vazio sanitário também se encerrará em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas e nas demais regiões de Rondônia a partir de 15 de setembro, conforme o calendário da Embrapa.

Atentos ao clima relativamente favorável, apesar das previsões de novas frentes frias em setembro, e às desvalorizações externa e cambial, os compradores reduzem os valores indicados. Com isso, alguns vendedores, de olho em uma possível maior pressão com a entrada da safra norte-americana, aceitaram liquidar uma parcela do remanescente da safra 2021/2022 a preços menores. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,4%, cotado a R$ 185,09 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 179,13 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram baixa de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2022 do farelo de soja apresenta recuo de 5,4% em sete dias, para US$ 471,56 por tonelada. O contrato Setembro/2022 do óleo de soja registra leve avanço de 0,5% nos últimos sete dias, indo para US$ 1.518,09 por tonelada. A queda das cotações é acentuada pela maior oferta do complexo soja da Argentina, principal exportadora global de farelo e óleo de soja. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) registra baixa de 1,6% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.621,78 por tonelada. O preço do farelo de soja tem queda de 0,7% no mesmo comparativo. Embora as exportações do farelo de soja tenham diminuído 6,5% entre julho e agosto, saíram dos portos brasileiros 1,840 milhão de toneladas de farelo de soja no último mês, o maior volume para agosto. Na parcial do ano, de janeiro a agosto, os embarques de farelo de soja somaram 14,110 milhões de toneladas, 21,8% acima do registrado nos oito primeiros meses de 2021 e um recorde para o período.

As exportações de óleo de soja seguem firmes, impedindo quedas mais acentuadas nos preços internos. O Brasil escoou 207,7 mil toneladas em agosto, 3,1% a mais que o embarcado em julho e 48,3% superior ao volume de agosto/2021. Na parcial deste ano, de janeiro a agosto, as exportações do óleo de soja somaram 1,58 milhão de toneladas, 72,9% acima do escoado nos oito primeiros meses de 2021 e o segundo maior volume já exportado neste período, atrás apenas do de 2004 (1,610 milhão de toneladas). O Brasil enviou para a Índia, na parcial deste ano, volume recorde de 1,025 milhão de toneladas de óleo soja, correspondendo por 64,9% dos embarques brasileiros do derivado. Em relação à soja em grão, o Brasil enviou para a China, na parcial deste ano, 44,840 milhões de toneladas, 25,8% a menos que no mesmo período de 2021. Na parcial do ano, as exportações brasileiras a todos os destinos somam 66,6 milhões de toneladas, a menor quantidade desde 2019. Além da China, outros países também reduziram as compras do Brasil, como a Espanha (-20%), a Tailândia (-30%), a Turquia (-20%), o Paquistão (-34%) e Holanda (-36%). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.