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05/Set/2022

Tendência de pressão baixista sobre preços da soja

Em Chicago, os futuros da soja seguem sustentados em patamares elevados, bem acima da média histórica. A expedição Pro Farmer Crop Tour estimou a safra 2022/2023 dos EUA em 123,4 milhões de toneladas, número alinhado com a atual estimativa do USDA e abaixo da projeção inicial para a atual temporada. Em Chicago, os futuros para 2023 oscilam entre US$ 13,50 a US$ 14,30 por bushel, ante média histórica dos últimos 10 anos de US$ 11,11 por bushel. As estiagens severas na Europa e China também dão sustentação aos futuros da soja. A confirmação do 3º La Niña consecutivo implica em riscos de estiagem para a América do Sul e será outro fator de sustentação dos futuros em Chicago. Além disso, há estiagens severas na China e em países da Europa. No Brasil, a área deverá crescer 4%, com colheita estimada em 152,6 milhões de toneladas em 2022/2023.

A proximidade da entrada da safra 2022/2023 nos Estados Unidos, que deve ser recorde, e a valorização do dólar frente a uma cesta de moedas, o que torna o produto norte-americano menos atrativo aos importadores, estão pressionando os contratos futuros da soja e dos derivados na Bolsa de Chicago. As exportações dos Estados Unidos, inclusive, recuaram na última semana. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques norte-americanos registraram queda de 36,4% entre as duas últimas semanas. Na parcial do ano-safra (setembro/2021 a agosto/2022), o volume é de 56,4 milhões de toneladas, 5% abaixo do exportado em igual período da temporada passada e 3,9% inferior ao total estimado pelo USDA para toda a temporada, que se encerrou em 31 de agosto. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Setembro/2022 da soja registra desvalorização de expressivos 5,1% nos últimos sete dias, a US$ 14,72 por bushel. O mesmo embarque do óleo de soja tem baixa de 0,8% no mesmo período, indo para US$ 1.510,59 por tonelada.

O contrato Setembro/2022 do farelo de soja apresenta recuo de 1,3% nos últimos sete dias, a US$ 498,24 por tonelada. Vale ressaltar, entretanto, que os preços externos ainda registraram altas na média do mês de agosto, influenciados pelas incertezas quanto ao rendimento da safra, devido ao clima desfavorável em boa parte do desenvolvimento do grão. O primeiro vencimento da soja registrou alta de 1,3% entre as médias de julho e agosto. Quanto ao farelo e ao óleo de soja, as elevações foram de 3,2% e de 11,1%, respectivamente. Influenciados pela desvalorização externa, os preços do complexo soja também estão em baixa no mercado brasileiro. A alta do dólar, porém, limita o movimento baixista e eleva a liquidez nos portos nacionais. Ainda assim, em agosto, o Brasil exportou o menor volume de soja desde janeiro deste ano. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), saíram dos portos brasileiros 6,1 milhões de toneladas de soja em agosto, esta quantidade é 18% abaixo da escoada em julho e 4,9% inferior a embarcada em agosto/2021.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 0,2%, cotado a R$ 189,03 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ também registra queda de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 183,96 por saca de 60 Kg. Entre as médias de julho e agosto, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, registrou baixa de 1,9%, a R$ 187,18 por saca de 60 Kg, o menor valor mensal desde abril desde ano. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ cedeu 1,5% no mesmo período, a R$ 181,86 por saca de 60 Kg, o valor mais baixo desde janeiro/2022. Nos últimos sete dias, os preços têm baixa de 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

No comparativo mensal, as quedas foram de 1,9% no mercado de balcão e de 1,3% no de lotes. Diante das baixas, parte dos produtores está retraída das vendas de grandes lotes, o que eleva a disparidade entre os valores indicados por vendedores e os ofertados por compradores. Os produtores da Região Sul do Brasil sinalizam que já não têm muitos volumes da oleaginosa para comercializar, devido à quebra da safra 2021/2022. Com isso, estão segurando o remanescente da safra para negociar no período de cultivo de soja no Brasil. Os consumidores, entretanto, estão comprando pontualmente, diante da expectativa de safra recorde na próxima temporada. As negociações para a safra 2022/2023, por sua vez, estão em ritmo mais lento neste ano. Vale ressaltar, porém, que o preço FOB para o contrato Março/2023, com base no Porto de Paranaguá (PR), é o maior desde 2012, em termos nominais, considerando-se este mesmo período para os contratos com embarque em março.

Diante da desvalorização da matéria-prima e da baixa demanda doméstica por derivados, os preços de farelo e óleo de soja também estão recuando no mercado brasileiro. No entanto, a queda doméstica é limitada pela firme demanda externa. Os valores do farelo de soja apresentam baixa de 0,8% nos últimos sete dias. Entre as médias de julho e agosto, porém, as cotações do derivado subiram 0,6%. Quanto ao óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), o recuo é de 0,3% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.745,34 por tonelada. Entre as médias de julho e agosto, o preço do óleo de soja registrou forte queda de 4,8%, com média de R$ 7.770,52 por tonelada, o menor valor em um ano. Com a baixa mais acentuada da matéria-prima frente à desvalorização dos derivados, quando analisados os valores do complexo soja na região de São Paulo, o “crush margin” das indústrias tem aumento de 3,19% nos últimos sete dias, indo para R$ 479,48 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.