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15/Ago/2022

Tendência é de preços firmes para a soja no Brasil

No mercado global, a tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 14,50 e US$ 15,30 por bushel e para 2023 de US$ 13,60 a US$ 14,70 por bushel. A queda do dólar é que está impedindo uma alta mais expressiva das cotações no mercado interno. Os futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam em leve alta na sexta-feira (12/08). Os ganhos foram sustentados pelo enfraquecimento do dólar ante o Real, que tende a desestimular as exportações brasileiras. O Brasil é o principal concorrente dos Estados Unidos no mercado de exportação de soja. O vencimento novembro/2022 da oleaginosa ganhou 5,75 cents (0,40%), e fechou a US$ 14,54 por bushel. De acordo com relatório de oferta e demanda de agosto/2022 divulgado na sexta-feira (12/08) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), foi elevada a previsão de produção do país em 2022/2023 de 122,6 milhões de toneladas para 123,3 milhões de toneladas.

O dólar terminou em forte queda o pregão de sexta-feira (12/08), no menor patamar em dois meses e emendando a terceira semana consecutiva de perdas, com operadores espelhando a fraqueza da moeda ante divisas emergentes e correlacionadas às commodities em um cenário de perspectivas de menor aperto monetário nos Estados Unidos. O dólar caiu 1,66% e fechou a R$ 5,07, mínima desde o dia 15 de junho (R$ 5,02). No acumulado da semana passada, o dólar recuou 1,83%. Na parcial de agosto, cai 1,90%, aprofundando a queda em 2022 para 8,96%, boa parte dela construída nos primeiros meses do ano. A forte desvalorização da moeda norte-americana no começo de 2022 aproximou a taxa real de câmbio efetiva do patamar sugerido pelos fundamentos. A maior demanda externa por soja em grão dos Estados Unidos e expectativas de aumento na procura global pelos derivados norte-americanos e do Brasil impulsionam os preços externos do complexo soja. Esse cenário, por sua vez, está relacionado a incertezas quanto ao volume de derivados de soja a ser ofertado pela Argentina (principal abastecedora global de farelo e de óleo de soja).

Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 8 de agosto, as exportações de soja em grão dos Estados Unidos cresceram 45,8% entre as duas últimas semanas e estiveram mais de sete vezes acima do volume escoado há um ano. Na parcial deste ano-safra 2021/2022 (que se encerra ao final deste mês), entretanto, as exportações norte-americanas da oleaginosa estão 6,7% menores. Além disso, o baixo volume de chuvas em importantes regiões produtoras do Hemisfério Norte também impulsiona os valores externos, já que isso pode reduzir a produtividade da safra 2022/2023. Ressalta-se que o estoque final desta temporada pode ser o menor desde 2015/2016. Ainda confirme dados do USDA, 11% das lavouras norte-americanas estão em condições entre ruins e muito ruins, 2% abaixo da safra passada, 30% estão em condições mediadas, 3% acima da temporada passada, e 59% estão entre condições boas e excelentes, 1% inferior ao registrado há um ano.

Assim, na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2022 da soja voltou a operar nos patamares observados na primeira quinzena de junho, com expressiva alta de 5,9% nos últimos sete dias, indo para US$ 16,91 por bushel. O contrato de mesmo embarque do óleo de soja tem avanço de significativos 9,0%, indo para US$ 1.586,65 por tonelada, este é o maior valor nominal desde o dia 29 de junho. Essa alta se deve também à valorização do petróleo. O contrato Agosto/2022 do farelo de soja apresenta alta de 1,3% nos últimos sete dias, a US$ 573,42 por tonelada, a maior média nominal desde 14 de março deste ano. A desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas também dá suporte aos preços externos, visto que torna o produto norte-americano mais atrativo a importadores. No Brasil, mesmo com a valorização externa, os prêmios de exportação seguem praticamente estáveis, refletindo a menor oferta para exportação, visto que parte dos produtores tem negociado o grão em sua região em detrimento de exportar, diante da alta do frete rodoviário. Além disso, as indústrias nacionais estão mais agressivas nas aquisições da oleaginosa, com expectativa de maior demanda externa por farelo e óleo de soja nas próximas semanas.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,5%, cotado a R$ 189,31 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 184,05 por saca de 60 Kg. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) recuperou parte das perdas registradas na semana passada, com alta de 1,3% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.798,07 por tonelada. Os preços do farelo de soja apresentam recuo de 0,3% no mesmo período. Diante do maior avanço nos preços do grão em relação aos derivados, quando analisados os valores do complexo soja na região de São Paulo, o “crush margin” das indústrias recuou 16,5% nos últimos sete dias. Se analisado o preço FOB no Porto de Paranaguá (PR) do dia 11 de agosto, especificamente, as margens das indústrias passaram a ficar negativas. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica queda de 14% na produtividade da safra 2021/2022 no Brasil, com produção de 124 milhões de toneladas.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) calcula a safra de soja no Brasil um pouco maior, a 126,6 milhões de toneladas. A Abiove estima que o processamento do grão deve ser recorde nesta temporada, estimado em 48,6 milhões de toneladas, o que se deve a perspectivas de maior exportação de derivados. Os embarques de óleo de soja são previstos em 2,150 milhões de toneladas até o final deste ano, 30,2% acima do volume escoado em 2021 e o maior desde 2008. As exportações de farelo de soja são estimadas em 18,6 milhões de toneladas, o que seria um recorde. No entanto, o consumo doméstico dos coprodutos pode ser o menor desde a safra 2019. Segundo a Abiove, as vendas de farelo de soja no Brasil podem recuar 5,7% em relação à safra 2020/2021, estimadas em 18,1 milhões de toneladas. Isso porque, diante dos elevados preços dos insumos nesta safra, parte dos consumidores tem procurado novas alternativas para a dieta animal, como DDG (Dried Distillers Grains - Grãos Secos de Destilaria). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.