08/Ago/2022
No mercado global, as cotações futuras seguem sustentadas em patamares elevados. Em Chicago, as cotações de curto e longo prazo reagiram nos últimos dias, subindo para patamares superiores aos registrados no mês de julho. As condições climáticas adversas nos EUA abrem a possibilidade de redução das estimativas de produtividade e produção na safra 2022/2023. Em Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam entre US$ 13,20 e US$ 14,20 por bushel, ante a faixa de US$ 14,60 a US$ 16,20 por bushel para os vencimentos de 2022. Já na América do Sul, a confirmação do 3º La Niña consecutivo traz ameaças de estiagem para a parte sul da região e, também, deverá dar sustentação aos futuros após a colheita da safra norte-americana. Os futuros da soja subiram nos Estados Unidos, impulsionados por incertezas quanto à produtividade da safra 2022/2023 no Hemisfério Norte. As lavouras estão no principal período de desenvolvimento e ainda há déficit hídrico em parte da área de soja, visto que as chuvas têm ocorrido de forma pontual.
Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja (Agosto/2022) registra alta de 0,4% nos últimos sete dias, indo para US$ 16,16 por bushel. O contrato de mesmo embarque do óleo de soja tem avanço de 0,3% no mesmo comparativo, indo para US$ 1.455,92 por tonelada. No mercado do farelo de soja, a alta é mais intensa, impulsionada por incertezas quanto às exportações da Argentina, pela maior demanda pelo derivado dos Estados Unidos e por problemas logísticos nos portos norte-americanos. Com isso, o contrato Agosto/2022 do farelo de apresenta alta de significativos 4,9%, a US$ 566,25 por tonelada, a maior cotação nominal desde 14 de março deste ano. Entretanto, dólar em baixa e a alta dos fretes domésticos estão pressionando os preços da soja no Brasil. O dólar encerrou a sexta-feira (05/08) a R$ 5,16, em baixa de 1,03%. Assim, a divisa norte-americana terminou a primeira semana de agosto com leve queda (-0,14%), após ter recuado 5,90% na semana anterior e fechado julho com perda de 1,16%.
A menor demanda externa e a cautela dos compradores domésticos, devido ao elevado frete rodoviário, pressionam as cotações do complexo soja no Brasil. O frete da região de Cascavel (PR) para o Porto de Paranaguá (PR), por exemplo, chegou a passar de R$ 150,00 por tonelada. Há um mês, os valores estavam em cerca de R$ 110,00 por tonelada. Assim, grande parte dos agentes prefere aguardar para negociar nas próximas semanas. Isso porque a tendência é de redução no frete rodoviário, devido à finalização da colheita do milho e à retomada de frete de retorno, diante das importações de insumos para a safra 2022/2023. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 3,2%, cotado a R$ 188,03 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,7% nos últimos sete dias, a R$ 182,61 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os preços apresentam queda de 1,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto aos derivados, os preços do farelo de soja têm baixa de 1,1% nos últimos sete dias. Essa queda se deve à menor demanda externa e ao recuo dos prêmios de exportação, que apresentaram deságio sobre a alta internacional. Vale observar que parte dos consumidores domésticos retomou o interesse de compra, mas a disparidade entre os valores de compradores e vendedores limita a liquidez. O óleo de soja, por sua vez, voltou a ser negociado abaixo dos R$ 8.000,00 por tonelada, como esperado por agentes nas semanas anteriores. A baixa está atrelada à menor demanda do setor industrial. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra expressiva queda de 5,2% nos últimos sete dias, indo para R$ 7.698,59 por tonelada.
Ressalta-se, entretanto, que o recuo nos preços do complexo soja foi limitado pela valorização do dólar frente ao Real, que deixou parte dos produtores retraída das vendas, na expectativa de preços maiores nos curto e médio prazos. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou 7,510 milhões de toneladas de soja em grão em julho, 24,8% inferior ao escoado no mês anterior e 13,3% abaixo do exportado em julho/2021. A menor demanda internacional pode ser explicada pela diminuição nas importações da China, que adquiriu do Brasil 5,17 milhões de toneladas em julho, quedas de 20% sobre o mês passado e de 10% em um ano. Na parcial de janeiro a julho, as exportações para todos os destinos somaram 60,54 milhões de toneladas, o menor volume para o período desde 2019. Na parcial deste ano, o principal porto de exportação da oleaginosa foi o de Santos (SP), que escoou 22,9 milhões de toneladas, seguido pelo Porto de Pecém (CE), que embarcou 8,44 milhões de toneladas, depois o Porto de Belém (PA), com 8,11 milhões de toneladas, e o Porto de Paranaguá (PR), com 7,09 milhões de toneladas.
Vale observar, entretanto, que os três primeiros portos reduziram os embarques da oleaginosa entre junho e julho, enquanto o porto paranaense registrou aumento de 38,5% nas vendas internacionais do grão. Embora os embarques de farelo de soja tenham diminuído 9,9% entre junho e julho, o Brasil exportou 1,970 milhão de toneladas desse derivado no último mês, volume recorde quando comparados aos meses de julho dos anos anteriores. Isso se deve à maior demanda de países asiáticos e europeus. Vale ressaltar que a China, porém, ainda não é importadora desse subproduto brasileiro, mas as negociações entre o Brasil e esse país seguem avançando. O Brasil enviou ao mercado internacional 210,6 mil toneladas de óleo de soja em julho, volume 30% inferior ao escoado em junho, mas mais que o dobro do exportado no mesmo período do ano passado. Na parcial de 2022, o Brasil embarcou volume recorde de óleo de soja, de 1,380 milhão de toneladas. A Índia adquiriu quantidade recorde do derivado brasileiro no período, de 902,5 mil toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.