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01/Ago/2022

Tendência é de alta dos preços externos e internos

No mercado global, as cotações futuras seguem sustentadas em patamares elevados. Em Chicago, as cotações de curto e longo prazo reagiram nos últimos dias, subindo para patamares superiores aos registrados no início de julho passado. As condições climáticas nos EUA projetam a possibilidade de redução das estimativas de produtividade e produção na safra 2022/2023. Em Chicago, os contratos para 2023 oscilam entre US$ 13,50 e US$ 14,80 por bushel, ante a faixa de US$ 14,70 a US$ 16,40 por bushel para os vencimentos de 2022. Após quatro pregões consecutivos de baixa, em que acumulou desvalorização de 6,10%, o dólar encerrou a sessão de sexta-feira (29/07) em leve alta, na casa de R$ 5,17. A moeda avançava 0,21%, cotada a R$ 5,17. O dólar encerrou a semana com baixa de 5,90%. Trata-se da maior queda semanal desde a primeira semana de novembro de 2020, o que dá uma ideia da magnitude do movimento. Graças ao tombo nos últimos dias, a moeda termina julho com sinal negativo (-1,16%), após ter subido 10,15% em junho. No ano, a divisa apresenta perdas de 7,20%.

A crise na economia da Argentina vem gerando especulações de menor oferta de soja e derivados para exportação. Isso porque, para conter a inflação, o atual governo do país considera reduzir os embarques ou até mesmo elevar mais uma vez o imposto sobre as exportações do complexo soja, o qual já foi reajustado em março deste ano. Vale ressaltar que a Argentina é o principal exportador mundial de farelo e óleo de soja e o terceiro mais importante no abastecimento global do grão. Diante disso, agentes do Brasil e dos Estados Unidos esperam obter maior fatia nas comercializações mundiais de derivados de soja, resultando em alta nos preços em ambos os países. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja (Agosto/2022) registra alta de expressivos 13,5% nos últimos sete dias, subindo para US$ 16,41 por bushel. Os contratos de mesmo embarque do farelo e do óleo de soja têm alta de 12,7% e 12,4% no mesmo comparativo, com respectivos fechamentos de US$ 539,80 por tonelada e de US$ 1.451,51 por tonelada.

A alta externa foi intensificada pela desvalorização do dólar no mercado internacional, o que torna as commodities norte-americanas mais atrativas aos importadores. Os preços internacionais também estão sendo influenciados pelas chuvas irregulares nas principais áreas de produção de soja nos Estados Unidos. Neste mês, as lavouras norte-americanas da oleaginosa entram no principal estágio de desenvolvimento, e se o índice pluviométrico continuar baixo, pode reduzir a produtividade da safra 2022/2023. Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 25 de julho indicam que 59% das lavouras estão entre condições boas e excelentes, queda de 2% em relação à semana passada; em condições medianas estão 30% das lavouras, aumento de 1%, e entre condições ruins e muito ruins estão 11%, elevação de 1% sobre a semana passada. Diante do contexto externo, os preços também estão avançando no mercado doméstico, onde a disputa entre compradores brasileiros e internacionais aumenta.

Alguns vendedores, entretanto, optam por comercializar soja em suas próprias regiões em detrimento de negociar no porto, devido ao frete elevado. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta expressiva de 5,8%, cotado a R$ 195,73 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 5,1% nos últimos sete dias, a R$ 188,17 por saca de 60 Kg. Os valores internos também estão sendo impulsionados pela valorização dos prêmios de exportação da soja em grão no Brasil, os quais estão subindo mesmo diante da valorização externa, registrando patamar recorde quando considerado o contrato agosto neste mesmo período de anos anteriores. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio com embarque em Agosto/2022 tem comprador a +US$ 2,45 por bushel.

Por outro lado, para o farelo e o óleo de soja, os prêmios de exportação registram quedas, limitando o aumento no preço FOB exportação desses subprodutos. Enquanto o preço FOB da soja, no Porto de Paranaguá (PR), tem alta expressiva de 20,5% nos últimos sete dias, o valor FOB do farelo apresenta avanço de 12,2%, e o do óleo, 10%. Esse cenário resulta em forte queda na “crush margin”, que passou a ser negativa no encerramento de julho, a -US$ 6,40 por tonelada, contra US$ 40,95 por tonelada no dia 21 de julho. O fato é que as indústrias nacionais estão mais agressivas nas compras da matéria-prima, na expectativa de aumento na demanda externa por farelo e óleo de soja nas próximas semanas. No entanto, a demanda doméstica por derivados está enfraquecida nos últimos dias, limitando os negócios. Suinocultores e avicultores sinalizam ter estoques de farelo de soja para consumir até meados de agosto.

Ainda assim, as cotações do derivado registram alta de 3,1% nos últimos sete dias. Isso porque, além dos problemas econômicos na Argentina, há expectativa de aumento nas exportações de farelo de soja do Brasil para a China, o que, se acontecer, deve elevar a disputa chinesa com a União Europeia, que, atualmente é a principal consumidora do farelo de soja brasileiro. Atentas à menor demanda por óleo de soja para produção de biodiesel, as indústrias alimentícias estão ausentes das aquisições do óleo de soja nos últimos dias, na expectativa de adquirir lotes abaixo dos R$ 8.000,00 por tonelada. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) está cotado a R$ 8.119,74 por tonelada, avanço de 0,5% nos últimos sete dias. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.