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01/Ago/2022

Farelo de Soja: desafios na exportação para China

As exportações de farelo de soja brasileiro à China dependerão da capacidade instalada de processamento do próprio País em atender à demanda crescente pelo produto para uso na alimentação animal. A China tem grande necessidade de consumo de insumos para ração, mas também possui grande capacidade interna de produção de farelo. O Brasil precisa arrumar nichos comerciais para inserir o produto. O desafio será encontrar na enorme capacidade de esmagamento instalada da China uma forma de agregar valor ao complexo de soja brasileiro, de forma geral. A autorização para a exportação do derivado brasileiro ao gigante asiático foi oficializada neste mês, mas o fluxo comercial ainda deve depender de ajustes entre os agentes privados e de drivers do mercado de esmagamento. É uma abertura relevante, porque o Brasil objetiva agregar valor às exportações agrícolas e esta negociação agrega valor à cadeia de soja, com a possibilidade de exportar também farelo ao país asiático.

Contudo, em produto de maior valor agregado, entre abrir mercado e gerar fluxo comercial há uma distância e exige cultivar este mercado do ponto de vista comercial. O fluxo comercial virá, mas precisa ser trabalhado. A pauta exportadora do Brasil à China é concentrada em soja em grão. Em contrapartida, a recuperação da suinocultura chinesa pode contribuir para efetivar as exportações do farelo nacional à China. Com a retomada do setor, após a epidemia de peste suína africana (PSA), o país necessita de maior volume de insumos para alimentação animal. O momento é muito favorável à abertura porque há preocupação na China de garantir a maior diversidade possível de fornecedores e de buscar outras formas de diversificar a alimentação animal. Porém, vai depender do patamar de preço que o derivado vai alcançar no mercado internacional para os produtores optarem entre soja em grão, milho ou farelo para ração.

Além disso, a meta do país em atingir 95% de autossuficiência na produção de carne suína colabora para o incremento da demanda por grãos para ração. O grande desafio interno da China para o cumprimento da meta é a disponibilidade de ração. Portanto, quanto maior o leque de opções para eles, melhor será, mas de fato sempre analisarão o uso entre o derivado ou os grãos para garantir que as carnes cheguem em preço adequado ao consumidor final. O fluxo estará sujeito também à capacidade das indústrias brasileiras em inserir o produto em novos nichos comerciais, já que são compradores diferentes dos atuais. Hoje, exportando soja em grão, o País comercializa especialmente para as tradings e processadoras chinesas. Já o farelo tende a ser vendido diretamente para granjas e fabricantes de ração. A relação, cultivada com a China, contribui muito para a entrada do farelo de soja. O histórico e o nome criado no setor vão contribuir, mas os players são diferentes.

Será necessário construir os fluxos comerciais e se mostrar como um fornecedor de qualidade também no derivado. Em relação à competitividade do derivado brasileiro ante seus concorrentes, a imagem construída pelo País como fornecedor de soja confiável à China pode ser vantajosa ante os concorrentes. O Brasil tem vantagem por ter cultivado a partir do agro a imagem de um parceiro de confiança que tem capacidade de cumprir com os contratos internacionais com o mínimo de interferências políticas e governamentais que impeçam o fluxo de ocorrer. Apesar de o preço afetar a decisão de compra, a origem de um fornecedor confiável tem peso importante na decisão chinesa. Hoje, para os chineses, o selo de origem é muito importante, em um momento em que se perguntam em quais fornecedores podem confiar. A confiança passou a ser um ativo muito importante na relação comercial com a China em meio à tônica da segurança alimentar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.