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25/Jul/2022

Tendência de pressão baixista sobre preço da soja

Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras seguem em tendência de baixa, se distanciando cada vez mais do pico registrado no início do ano, já acumulando baixa de 17% em 2022. O contrato com vencimento maio/2023, por exemplo, recuou de US$ 15,65 por bushel no início de junho/2022, para US$ 13,22 por bushel na sexta-feira (22/07) – queda acumulada de 15,5%. No Brasil, o dólar em alta atenua parcialmente a queda dos preços futuros, mas a cotação média da soja no interior do Paraná recuou de R$ 203,22 por saca 60 Kg em março/2022 para R$ 181,40, uma baixa de 10,7%. Em Chicago, os contratos para 2023 oscilam entre US$ 12,20 e US$ 13,20 por bushel, já abaixo da faixa de US$ 13,00 a US$ 14,30 por bushel para os vencimentos de 2022. O recuo do petróleo e das cotações dos óleos vegetais pressionam para baixo os preços do óleo de soja, refletindo os receios de uma recessão na economia global. A confirmação do 3º La Niña consecutivo trará riscos de estiagem para a parte sul da América do Sul e poderá dar maior sustentação aos contratos futuros de longo prazo.

Os preços da soja estão recuando no Brasil e nos Estados Unidos. A desvalorização doméstica está atrelada à menor demanda externa, sobretudo por parte da China, ao enfraquecimento da procura por parte de indústrias internas e à queda dos prêmios de exportação. No caso da demanda interna, as esmagadoras indicam que adquiriram maiores lotes do grão na primeira quinzena de julho, sem necessidade de realizar novas aquisições agora. Além disso, esses compradores estão atentos à menor demanda externa. Vale lembrar que, no primeiro semestre de 2022, o Brasil embarcou 53,1 milhões de toneladas de soja, a menor quantidade para o período desde 2019. O recuo na exportação brasileira, por sua vez, se deve à diminuição dos embarques à China e à Holanda, que registraram respectivas quedas de 11,5% e de 19,8% no comparativo entre os primeiros semestres de 2021 e de 2022. Do lado do vendedor, a maioria prefere comercializar milho em detrimento do remanescente da soja, na expectativa de vender lotes da oleaginosa a preços maiores nos próximos meses, fundamentados no clima adverso no Hemisfério Norte.

Esse cenário aumentou a disparidade entre os valores de compra e de venda, reduzindo a liquidez interna. Com base no Porto de Paranaguá (PR), a paridade de exportação da soja é de R$ 188,88 por saca de 60 Kg para embarque em agosto/2022, baixa de 3,6% nos últimos sete dias. Para embarque em março/2023, a paridade indica preços a R$ 173,98 por saca de 60 Kg, recuo de 2,0% no mesmo comparativo. Esse recuo se deve à desvalorização dos contratos na Bolsa de Chicago. O movimento baixista no preço FOB foi limitado pela valorização do dólar frente ao Real. No spot nacional, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 2,8%, cotado a R$ 186,13 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 2,3% nos últimos sete dias, a R$ 181,40 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 1,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e no mercado de lotes (negociações entre empresas).

A piora nas condições das lavouras norte-americanas, devido ao déficit hídrico, limitou a queda externa. Dados divulgados no dia 18 de julho pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que 61% das lavouras estavam entre condições boas e excelentes, queda de 1% em relação à semana anterior; em condições medianas permaneciam 29% das lavouras, e entre condições ruins e muito ruins estavam 10% da área de soja, aumento de 1% sobre a semana anterior. Relatório de inspeção e exportação do USDA indica que os Estados Unidos exportaram 52,5 milhões de toneladas de soja na parcial deste ano-safra (setembro/2021 a 14 de julho), 9,3% abaixo do embarcado em igual período da temporada passada. Os preços do farelo de soja estão oscilando. De um lado, há aumento na demanda externa, mas de outro, consumidores domésticos indicam ter lotes para consumir até meados de agosto. O Brasil exportou 10,4 milhões de toneladas de farelo de soja no primeiro semestre deste ano, 28,4% acima do escoado no mesmo período do ano passado e um recorde, considerando-se os primeiros seis meses do ano. Os principais destinos do derivado brasileiro foram: Indonésia (14,8%), Tailândia (15,48%) e Holanda, com participação de 10,2% no total.

Diante da desvalorização externa e da queda nos prêmios domésticos, as cotações do farelo de soja apresentam leve baixa de 0,2% nos últimos sete dias. O vencimento Agosto/2022 do farelo de soja na Bolsa de Chicago registra queda de 1% no mesmo comparativo, a US$ 478,84 por tonelada. No primeiro semestre de 2022, o Brasil escoou 1,170 milhão de toneladas de óleo de soja, expressivos 73,3% superior ao exportado em igual período de 2021 e um recorde quando considerando o primeiro semestre de anos anteriores. Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) tem valorização de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 8.080,03 por tonelada. Vale ressaltar que a demanda por óleo de soja para biodiesel está menor, visto que o governo mantém reduzida a mistura obrigatória de biodiesel ao óleo diesel, em 10%. Na Bolsa de Chicago, o contrato Agosto/2022 do óleo de soja apresenta avanço de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 1.291,90 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.