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18/Jul/2022

Tendência de pressão baixista sobre preço da soja

Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras seguem acima da média histórica dos últimos 10 anos, mas se distanciam do pico registrado no início do ano, acumulando baixa de 28% em 2022. O contrato com vencimento maio/2023, por exemplo, recuou de US$ 15,65 por bushel no início de junho/2022, para US$ 13,44 por bushel na 1ª quinzena de julho – queda acumulada de 14%. No Brasil, o dólar em alta atenua a queda dos preços, mas a cotação média da soja no interior do PR recuou de R$ 203,22 por saca 60 Kg em março/2022 para R$ 184,65, uma baixa de 9%. Em Chicago, os contratos para 2023 oscilam entre US$ 12,50 e US$ 13,50 por bushel, já abaixo da faixa de US$ 13,40 a US$ 14,70 por bushel para os vencimentos de 2022. A forte queda do petróleo e das cotações do óleo de palma pressionam para baixo os preços do óleo de soja e dos demais óleos vegetais, refletindo os receios de uma recessão na economia global. O USDA revisou a projeção de área plantada nos EUA em 2022/2023 de um crescimento de +4,4% para +1,2% e também reduziu a projeção para a safra dos EUA 2022/2023, de 126,3 milhões de toneladas no relatório de junho/2022, para 122,6 milhões de toneladas no relatório de julho/2022.

Já na América do Sul, a confirmação do 3º La Niña consecutivo trará riscos de estiagem para a parte sul da região e poderá dar maior sustentação aos contratos futuros de longo prazo. O crescimento nas demandas doméstica e externa por farelo de soja incentivou indústrias nacionais a elevarem as aquisições de soja em grão nos últimos dias. Esse cenário está acirrando a competitividade entre esses demandantes e importadores, os quais, por sua vez, são atraídos pelo grão nacional, tendo em vista a valorização do dólar frente ao Real e a necessidade de completar cargas para embarque imediato. No entanto, a alta do frete rodoviário limitou as vendas do grão para exportação, uma vez que esse contexto tornou as comercializações no mercado regional mais remuneradoras aos vendedores. O frete da região de Cascavel (PR) para Paranaguá (PR) está em cerca de R$ 150,00 por tonelada, 15% acima do valor cotado há um mês. O frete de soja de Sorriso (MT) para o Porto de Miritituba (PA) está em R$ 333,29 por tonelada, 17,5% mais caro que o valor registrado há aproximadamente um mês.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, recuou de R$ 196,51 por saca de 60 Kg para R$ 191,53 por saca de 60 Kg. Em julho, a média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ recuou de R$ 189,76 por saca de 60 Kg para R$ 185,61 por saca de 60 Kg. Já os preços do farelo de soja registram avanço de 2,4% nos últimos sete dias. Os valores do óleo de soja estão pressionados pela baixa demanda para a produção de biodiesel no Brasil. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 8.039,62 por tonelada. O avanço nos preços domésticos é limitado por estimativas indicando maior estoque de passagem. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostrou aumento de 0,2% na produção global, projetada agora em 352,74 milhões de toneladas, devido ao crescimento na produção de soja na Argentina, prevista em 44 milhões de toneladas.

Além disso, reduziu as transações internacionais da oleaginosa em 1,1% sobre o relatório passado, estimadas em 154,1 milhões de toneladas, em âmbito global. Isso se deve às menores demandas da China (-2,2%) e da Tailândia (-7,7%) frente ao relatório de junho. Esse cenário deve refletir em quedas nas exportações do Brasil (-1,5%) e da Argentina (-18,2%), previstas em 81 milhões de toneladas e em 2,25 milhões de toneladas, respectivamente. O esmagamento mundial é indicado em 313,7 milhões de toneladas, queda de 0,5% em relação ao relatório passado. Essa queda se deve aos reajustes na China (-2,2%), nos Estados Unidos (-0,5%), no México (-1,5%), na Índia (-4,9%) e na Tailândia (-8,4%). Em contrapartida, o USDA estima aumento no esmagamento da soja no Brasil (+1,5%), na Argentina (+0,4%) e na Rússia (+2,1%). O aumento no esmagamento no Brasil e na Argentina se deve à maior demanda por farelo e óleo de soja.

O Brasil deve escoar volume recorde de farelo de soja nesta temporada (2021/2022), estimado em 18,5 milhões de toneladas (2,78% acima do relatório passado). O consumo doméstico também é previsto em volume recorde, de 19,6 milhões de toneladas (0,26% superior ao relatório de junho/2022). O Brasil deve embarcar o maior volume de óleo de soja desde a safra 2007/2008, estimado em 2,05 milhões de toneladas, 5,1% acima do relatório passado. O consumo doméstico do óleo de soja foi mantido em 7,5 milhões de toneladas, sendo que 3,65 milhões de toneladas devem ser destinados para uso industrial (o menor volume desde 2018/2019) e 3,85 milhões de toneladas, ao setor alimentício (a maior quantidade da história). Na Argentina, os embarques de farelo de soja são estimados em 28,3 milhões de toneladas, 0,35% acima do relatório passado. O consumo doméstico de farelo de soja na Argentina segue crescente, previsto em volume recorde de 3,31 milhões de toneladas.

Já as exportações de óleo de soja pelos portos argentinos foram revisadas em 5,35 milhões de toneladas, 3,25% inferiores às apontadas no relatório passado. O consumo doméstico, por sua vez, é estimado em 2,55 milhões de toneladas, 10,87% superior ao relatório de junho. Mais de 80% do consumo de óleo de soja na Argentina é para uso industrial. Ainda de acordo com os dados do USDA, a produção global da temporada 2022/2023 deve somar volume recorde de 391,39 milhões de toneladas, mas 1% abaixo do estimado no mês passado. Essa redução está atrelada às estimativas de menores produções nos Estados Unidos (-2,91%), prevista em 122,6 milhões de toneladas, e no Canadá (-4,76%), em 6 milhões de toneladas. A queda na produção norte-americana de 2022/2023, por sua vez, se deve à baixa umidade nas lavouras de soja. Apesar das previsões de chuvas para os próximos dias, as precipitações devem ser insuficientes. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.