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04/Jul/2022

Tendência baixista é contida pelo dólar e prêmios

No mercado global, as cotações futuras seguem sustentadas em patamares elevados. Porém, os recuos nas cotações do óleo de palma e demais outros óleos vegetais e as incertezas sobre a economia global estão pressionando os futuros. O USDA reduziu a projeção de expansão na área plantada nos EUA em 2022/2023 de +4,4% para +1,2%, o que deverá reduzir o potencial produtivo da safra. As condições climáticas são melhores nos EUA, mas ainda há incertezas para a safra 2022/2023. Já na América do Sul, a confirmação do 3º La Niña consecutivo traz ameaças de estiagem para a parte sul da região e deve dar sustentação aos futuros. Em Chicago, os contratos para 2023 oscilam entre US$ 13 e US$ 14/bushel, já abaixo da faixa de US$ 14 a US$ 16/bushel para 2022. As baixas se intensificaram no mercado futuro de soja na Bolsa de Chicago na sexta-feira (01/07), com o vencimento novembro/2022 caindo abaixo do patamar de US$ 14 por bushel. As margens de esmagamento apertadas na China e a possibilidade real de desaceleração econômica global, com altas de juros nos EUA, seguem influenciando a venda de posições compradas de soja por parte dos fundos investidores, pressionando as cotações para baixo.

A redução da estimativa de área plantada nos EUA na safra 2022/2023 não foi suficiente para conter as perdas. A forte queda recente dos preços do óleo de palma também ajudam na pressão sobre a soja neste momento. Apesar da redução de área com soja nos EUA, apontada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na quinta-feira passada, o mercado ainda sente o peso da demanda – principalmente por parte da China – os temores da recessão global, das baixas dos óleos vegetais e a melhoria das condições climática no cinturão de produção dos Estados Unidos. A alta do dólar atenua as quedas dos preços da soja em grãos no Brasil. Após encerrar junho com alta de 10,15%, o maior avanço mensal desde março de 2020, o dólar emendou o terceiro pregão seguido de valorização e fechou a sexta-feira (1º/07) acima da linha de R$ 5,30 pela primeira vez desde fevereiro, a R$ 5,32. Com isso, os preços internos da soja e do farelo recuperaram parte das perdas da semana passada e acumularam alta em junho. A sustentação veio das valorizações externas e dos maiores prêmios de exportação.

No mercado internacional, o movimento de alta esteve associado à piora das condições das lavouras dos Estados Unidos e a dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontando redução da área com soja naquele país em relação às estimativas iniciais (de março/2022). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 2,8% e, no acumulado de junho, de 2,6%, cotado a R$ 194,96 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 2,4% nos últimos sete dias e de 2,3% no mês de junho, a R$ 189,82 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os aumentos são de 2,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Para os derivados, as cotações do farelo acompanham a alta do grão, com elevação de 2,6% nos últimos sete dias. O óleo de soja segue em desvalorização, mesmo diante do incremento dos valores externos.

O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS incluso) apresenta recuo de 3,6% nos últimos sete dias, a R$ 8.618,48 por tonelada. Os prêmios de exportação também estão em alta. Em termos de valores FOB, base Porto de Paranaguá (PR), as negociações da soja em grão para embarque em julho/2022 têm média de US$ 39,23 por saca de 60 Kg, alta de 9,1% nos últimos sete dias. No caso do farelo de soja para embarque em agosto/2022, a média é de US$ 480,99 por tonelada, alta de 5,7% no mesmo comparativo. Para o óleo de soja, a média para embarque em agosto/2022 é de US$ 1.443,45 por tonelada, expressivo recuo de 1,3% nos últimos sete dias. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a área de soja nos Estados Unidos em 2022/2023 deve crescer apenas 1,2% frente à de 2021 e ser a maior desde 2018, somando 35,730 milhões de hectares. Apesar disso, a área ainda ficou 3% inferior ao apontado em março deste ano pelo USDA.

O ganho anual de área nos Estados Unidos tem sido menor em relação ao Brasil e à Argentina, devido à seca induzida pelo La Niña e ao menor entusiasmo de agentes para investimentos em biodiesel, que usa principalmente óleo de soja como matéria-prima. Até o final de junho, o cultivo da soja chegou a 98% da área estimada, acima dos 97% na média dos últimos cinco anos. Do total cultivado, 8% estão em condições ruins ou muito ruins, contra 6% da semana anterior, 27% estão em condições médias e 65%, em boa situação (contra 68% na semana anterior). Do total, 91% da safra já tinha emergido e 7%, florescido. De acordo com o USDA, os Estados Unidos embarcaram 51,3 milhões de toneladas de soja na parcial desta temporada (de setembro/2021 a 23 de junho/2022), volume 10,4% inferior ao escoado em igual período de 2021. Na semana do dia 23 de junho, especificamente, foram exportadas 468,30 mil toneladas, quantidade 9,3% superior à da semana anterior (428,32 mil toneladas) e muito acima da registrada em período equivalente de 2021 (de 111,25 mil toneladas). Os principais destinos da oleaginosa norte-americana na semana foram Alemanha (149,02 mil toneladas), China (68,80 mil toneladas) e Egito (67,14 mil toneladas). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.