27/Jun/2022
No mercado interno de soja, a pressão é baixista sobre o grão. Na Bolsa de Chicago, o contrato com vencimento julho/2022 recuou de US$ 17,65 por bushel no dia 9 de junho para US$ 16,10 por bushel na sexta-feira passada (24/06), uma expressiva queda de 8,8%. Por outro lado, a alta do dólar vem contendo quedas mais acentuadas no mercado interno. Entre o primeiro dia de abril e a última sexta-feira (24/06), o dólar subiu de R$ 4,65, para R$ 5,25, acumulando um avanço de 12,9% neste período. As cotações da soja em grão caíram de forma expressiva nos últimos dias, tanto no mercado interno quanto no internacional. A pressão veio, sobretudo, da desvalorização do óleo de soja, que, por sua vez, esteve atrelada às quedas nos preços do óleo de palma e do petróleo.
Expectativas de que a safra 2022/2023 dos Estados Unidos seja elevada – favorecida pelo clima –, de recessão global e de novo lockdown na China intensificaram a pressão sobre as cotações externas e domésticas. Esses fatores também influenciaram a saída de fundos de investimentos de contratos futuros, reduzindo ainda mais os preços internacionais. Na Bolsa de Chicago), o contrato Julho/2022 do óleo de soja recuou significativos 11,3% entre 16 e 24 de junho, para US$ 1.492,73/tonelada. Para o farelo de soja, o vencimento Julho/2022 cedeu 0,7%, a US$ 470,35/tonelada. Os prêmios de exportação também recuaram na semana. O embarque julho/2022 da soja em grão tem prêmio do comprador a +US$ 0,70 por bushel, ante +US$ 0,98 por bushel na semana anterior. Em termos de valores FOB, base porto de Paranaguá (PR), as negociações da soja em grão para embarque em julho/2022 tiveram média de US$ 38,74 por saca de 60 kg na semana, 6,4% menor que a da semana anterior.
Para o óleo de soja, a média da semana para embarque em agosto/2022 foi de US$ 1.527,85/tonelada, expressivo recuo de 13% no comparativo semanal. No caso do farelo de soja para embarque em Julho/2022, a média foi de US$ 476,26/tonelada na semana, alta de 1,3%. No Brasil, as desvalorizações limitaram a realização de negócios, apesar da alta do dólar. Nos últimos sete dias, as cotações domésticas da oleaginosa caíram de forma significativa. O Indicador ESALQ/BM&F – Paranaguá (PR) recuou 4,5% no período, para R$ 189,63 por saca de 60 kg. O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná caiu 4,4%, fechando a semana em R$ 185,46 por saca de 60 kg. Com os valores do grão pressionados, os vendedores estiveram mais retraídos para novos negócios nos últimos dias. Esses agentes apostam na recuperação das cotações, fundamentados na necessidade das indústrias de recompor estoques.
Além disso, diante do aumento das negociações de milho, em decorrência da colheita no Brasil, os vendedores costumam “segurar” as vendas neste período, já que não têm necessidade de “fazer caixa”. As atenções agora se voltam ao desenvolvimento da safra norte-americana, assim como à finalização dos planejamentos para a nova safra brasileira. Quanto aos derivados, o óleo foi o que sofreu as desvalorizações mais intensas, influenciado pelas quedas nos preços do óleo de palma e do petróleo no mercado externo. Na média das regiões, o preço do óleo de soja (com 12% de ICMS incluso), na cidade de São Paulo, caiu 4,5% nos últimos sete dias, para R$ 8.944,41/tonelada. Já os preços internos do farelo avançaram 1,0% nos últimos sete dias, apesar da possibilidade de redução na demanda mundial. Isso porque a China pode diminuir o consumo do derivado, devido ao aumento dos estoques no país.
De acordo com informações do USDA, até o dia 19 de junho, a semeadura de soja nos Estados Unidos havia atingido 94% da área, abaixo dos 97% observados no mesmo período da temporada anterior, porém, acima da média dos últimos cinco anos (93%). Destes, 83% já emergiram, e 68% estão em condições excelentes/boas. Ainda conforme o USDA, os Estados Unidos embarcaram 50,9 milhões de toneladas de soja na parcial desta temporada (setembro/2021 a junho/2022), volume 11,1% inferior ao escoado em igual período de 2021. Na Argentina, a Bolsa de Cereales informou que a colheita da soja da safra 2021/2022 foi finalizada, somando 43,3 milhões de toneladas, 0,5% superior à temporada passada, porém, 8,5% inferior à média das últimas cinco safras do país. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.