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20/Jun/2022

Tendência de alta para os preços da soja no Brasil

No mercado global, a tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 15,30 e US$ 17,00 por bushel e para vencimentos em 2023 de US$ 14,00 a US$ 15,40 por bushel. A forte expansão (+4,4%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é baixista para os preços futuros no longo prazo, mas a safra ainda dependerá de condições climáticas favoráveis. O clima ainda segue como foco de preocupação para a safra de soja dos EUA em 2022/2023. Os preços dos óleos vegetais estão em níveis recordes, sustentados pela alta do petróleo – cotado ao redor dos US$ 120 o barril –, pela redução da oferta de óleo de palma na Ásia e de girassol na Ucrânia, além do estímulo à produção de biodiesel à base de óleo de soja nos EUA e outros países. A projeção de um 3º La Niña consecutivo ameaçará novamente a safra da América do Sul em 2022/2023, com riscos para o Sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O La Niña, caso confirmado, implicará em um prêmio de risco climático no 2º semestre de 2022.

A projeção da nossa Consultoria é de uma expansão de 3,6% na área de soja na safra 2022/2023, com produção estimada em um recorde de 151,8 milhões de toneladas. Os preços da soja estão avançando no Brasil, impulsionados sobretudo pelo maior interesse de compradores. Esses agentes aproveitam o elevado patamar do dólar, que voltou a operar acima de R$ 5,00, para realizar negociações de curto prazo para o mercado interno e completar navios. Os vendedores, que também estão mais ativos, buscam “fazer caixa” para pagamento de custeio. A sustentação também vem da recuperação dos preços do farelo. Inclusive, os valores no Brasil se descolaram dos observados no mercado externo, que caíram, pressionados pelo bom ritmo da semeadura e pela demanda enfraquecida. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 1,1%, cotado a R$ 198,66 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 0,4% nos últimos sete dias, a R$ 194,00 por saca de 60 Kg. Quanto aos derivados, a demanda de avicultores e suinocultores por farelo de soja está mais aquecida, cenário que eleva os preços do produto no Brasil. Nos últimos sete dias, o farelo apresenta valorização de 2,0%. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), registra recuo de 1,7% no mesmo período, a R$ 9.369,61 por tonelada. A pressão vem da menor demanda para a produção de biodiesel no Brasil. Em termos de valores FOB, base Porto de Paranaguá (PR), as negociações da soja em grão para embarque em julho/2022 têm média de US$ 39,94 por saca de 60 Kg, com queda de 3,3% nos últimos sete dias. No caso do farelo de soja, para embarque em Julho/2022, a média é de US$ 475,09 por tonelada, baixa de 2,0% no mesmo comparativo. Para o óleo de soja, a média para embarque em agosto/2022 é de US$ 1.666,64 por tonelada, recuo de 5% nos últimos sete dias.

Em relatório divulgado no dia 10 de junho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou crescimento na produção no Brasil e na Argentina na safra 2021/2022 frente aos dados de maio, para 126 milhões de toneladas (+0,8%) e 43,4 milhões de toneladas (+3,3%), respectivamente. Mesmo assim, a oferta mundial ficou 4,4% menor que a da temporada anterior, em 352 milhões de toneladas. Também foram revisadas positivamente as estimativas de esmagamento de soja no Brasil e na Argentina, para 48,5 milhões de toneladas (2,1%) e 40,3 milhões de toneladas (0,6%), em relação ao relatório anterior. No que se refere à temporada 2022/2023, os dados não apontaram alterações nas estimativas dos principais players mundiais. A produção mundial está estimada em 395,4 milhões de toneladas (12,3% maior que em 2021/2022), o esmagamento, em 327,2 milhões de toneladas (+3,7%), o consumo para alimentos, em 22,6 milhões de toneladas (+3,3%), o consumo para ração animal, em 28,1 milhões de toneladas (+2,5%), e as importações globais, em 167,1 milhões de toneladas (+7,9%). No agregado, espera-se que o estoque final seja equivalente a 26,6% da demanda agregada mundial, superior aos 23,6% da temporada passada.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2022 da soja registra desvalorização de 3,4% nos últimos sete dias, a US$ 17,02 por bushel. O contrato Julho/2022 do óleo de soja tem recuo de significativos 7,6%, a US$ 1.682,99 por tonelada. O vencimento Julho/2022 do farelo de soja apresenta leve alta de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 473,66 por tonelada. O bom ritmo da semeadura da nova safra norte-americana, a demanda relativamente menor e expectativas de menor crescimento mundial foram os fatores que pressionaram os valores externos. Dados do USDA divulgados no dia 13 de junho indicaram que 88% da área destinada à soja, de 36,46 milhões de hectares, foi cultivada, em linha com média dos últimos cinco anos, mas abaixo dos 93% semeados há um ano. Os Estados Unidos embarcaram 50,47 milhões de toneladas de soja na parcial desta temporada (de setembro/2021 a 09 de junho deste ano), volume 11,5% inferior ao escoado em igual período de 2021. O USDA estima que as exportações norte-americana cheguem a 59,058 milhões de toneladas nesta temporada, que se encerra em agosto/2022. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.