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13/Jun/2022

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

No mercado global, a tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados. Na última semana, a soja grão atingiu um valor recorde na Bolsa de Chicago. O contrato julho/2022 atingiu US$ 17,71 por bushel. Um preço mais alto foi observado em apenas um outro dia de negociação na história: 4 de setembro de 2012, quando a cotação atingiu a máxima histórica de US$ 17,89 por bushel. A projeção de forte expansão (+4,4%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é baixista para os preços futuros no longo prazo, mas a safra dependerá de condições climáticas favoráveis. Os preços dos óleos vegetais estão em níveis recordes, sustentados pela alta do petróleo, pela redução da oferta de óleo de palma na Ásia e de girassol na Ucrânia, além do estímulo à produção de biodiesel à base de óleo de soja nos EUA. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 15,70 e US$ 17,50 por bushel e para 2023 de US$ 14 a US$ 15 por bushel.

A confirmação do 3º La Niña consecutivo ameaçará novamente a safra da América do Sul em 2022/2023, com riscos para o Sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A projeção da nossa Consultoria é de uma expansão de 3,6% na área de soja na safra 2022/2023, com produção estimada em um recorde de 151,8 milhões de toneladas. A firme demanda externa, sobretudo da China, pela soja dos Estados Unidos e o clima quente e seco no Meio Oeste dos Estados Unidos estão impulsionando os preços da oleaginosa. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2022 atingiu US$ 17,69 por bushel no dia 9 de junho, valorização de 2,3% frente ao valor do dia 8 de junho e o maior patamar desde 4 de setembro de 2012. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a semeadura da oleaginosa avançou 12% em uma semana, alcançando, até o dia 5 de junho, 78% da área destinada à soja, em linha com os 79% na média dos últimos cinco anos, mas ainda inferior aos 89% cultivados em igual período de 2021.

Os preços futuros do grão também foram influenciados pela maior demanda por farelo de soja. O contrato Julho/2022 do farelo tem avanço de 3,0% nos últimos sete dias, a US$ 471,23 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo de soja registra valorização de 1,5% no mesmo período, a US$ 1.821,66 por tonelada. A alta externa foi limitada pela valorização do dólar no mercado internacional, que torna menos atrativas as commodities norte-americanas. As valorizações externa e do dólar estão elevando os preços da soja no Brasil e aumentando a liquidez doméstica. A expectativa de maior consumo interno também influencia no avanço nos preços. De acordo com dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 8 de junho, embora a produção de soja seja prevista em 124,3 milhões de toneladas na safra 2021/2022, 10% menor que a da temporada passada, o consumo doméstico deve crescer 0,5%, para 51,24 milhões de toneladas. O consumo doméstico de farelo de soja deve somar 18,5 milhões de toneladas, e as exportações, 18,7 milhões de toneladas, respectivos aumentos de 3,3% e de 8,9%, sobre os da temporada passada.

O consumo doméstico do óleo de soja é previsto em 7,9 milhões de toneladas nesta temporada, 5,0% inferior ao da safra passada. Essa redução está atrelada às expectativas de menor demanda para biodiesel. Já as exportações deste subproduto são previstas em 1,8 milhão de toneladas, aumento de 9,0% sobre as da temporada passada. No acumulado deste mês de junho, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 4,5%, cotado a R$ 200,25 por saca de 60 Kg. No mesmo período, a média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 4,7%, a R$ 194,93 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram avanço de 2,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os preços do farelo de soja também estão em alta no mercado brasileiro.

Além do reflexo da alta internacional e da valorização da matéria-prima, a procura externa pelo derivado brasileiro está maior. Com isso, há aumento nos prêmios de exportação de soja. Nos últimos sete dias, os valores do farelo de soja apresentam alta de 1,0%. Os preços do óleo de soja também estão avançando no mercado brasileiro, devido à firme demanda do setor alimentício. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) tem valorização de 1,9% nos últimos sete dias, a R$ 9.532,63 por tonelada. Essa alta, no entanto, foi limitada pela queda nos prêmios de exportação do derivado, o que é comum neste período do ano, em que a Argentina está com a colheita de soja praticamente finalizada e, consequentemente, a oferta de derivados no mercado global deve crescer. Conforme dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o clima quente e seco na Argentina favoreceu a colheita de soja, que alcançou 97,4% da área até o dia 8 de junho. A produção é estimada em 43,3 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.