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06/Jun/2022

Tendência altista para a soja é sustentada pelo óleo

No mercado global, as cotações futuras seguem sustentadas em patamares elevados. A projeção de forte expansão (+4,4%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é baixista para os preços futuros no longo prazo, mas a safra dependerá de condições climáticas favoráveis. Os preços dos óleos vegetais estão em níveis recordes, sustentados pela alta do petróleo, pela redução da oferta de óleo de palma na Ásia e de girassol na Ucrânia, além do estímulo à produção de biodiesel à base de óleo de soja nos EUA. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 15 e US$ 17 por bushel e para 2023 de US$ 14 a US$ 15 por bushel. A confirmação do 3º La Niña consecutivo ameaçará novamente a safra da América do Sul em 2022/2023. As preocupações com a possível menor oferta de óleo de palma na Ásia, a valorização do petróleo e a firme demanda mundial por óleo de soja são fatores combinados, que estão impulsionando as cotações do derivado no Brasil e nos Estados Unidos, que, agora, operam em patamares recordes.

O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) teve média de R$ 9.693,25 por tonelada em maio, 5,3% superior à de abril e um recorde real (valores deflacionados pelo IGP-DI, considerando-se a série iniciada em julho de 1998. As altas mais intensas foram registradas entre a segunda quinzena de abril e a primeira quinzena de maio. Em um ano, o aumento no preço médio foi de 20,6%, em termos reais. Nos últimos sete dias, especificamente, a valorização do derivado é de 0,5%, cotado a R$ 9.356,34 por tonelada. Ressalta-se que o avanço doméstico é limitado pela menor demanda do setor de biodiesel. Além disso, as indústrias alimentícias relatam dificuldades em repassar as novas valorizações do óleo de soja. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2022 do óleo de soja subiu 5,5% de abril para maio, com preço recorde de US$ 1.758,72 por tonelada no último mês. Em um ano, os preços futuros apresentam alta de 24,8%. Nos últimos sete dias, a alta é de 1,1%, a US$ 1.795,43 por tonelada. A valorização do óleo de soja, por sua vez, segue desafiando as indústrias brasileiras na comercialização de farelo de soja.

Embora a demanda global por farelo de soja também esteja maior, grande parte dos consumidores está cautelosa nas aquisições, na expectativa de maior oferta. Vale lembrar que, para cada tonelada de soja processada, 78% produzem farelo e apenas 19%, óleo. Diante disso, o farelo de soja se desvalorizou significativos 6,9% entre abril e maio. Em um ano, a queda é de 2,0%. Nos últimos sete dias, especificamente, o recuo é de 0,7%. Na Bolsa de Chicago, a queda nos preços futuros de farelo de soja foi mais intensa, de 8,2% entre abril e maio. No comparativo de um ano, observa-se alta de 1,2%. Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2022 do farelo de soja registra desvalorização de 3,1%, a US$ 457,34 por tonelada. As cotações da soja em grão também subiram entre abril e maio, influenciadas pela maior demanda, sobretudo de indústrias esmagadoras brasileiras. O atraso de navios e a falta de cota nos portos brasileiros limitaram a exportação do grão. Além disso, os preços da oleaginosa foram influenciados pela valorização do dólar frente ao Real, de 4,1% de abril para maio.

A média de maio/2022 do dólar, contudo, ainda foi 9,4% inferior à média de maio/2021. De abril para maio, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, teve avanço de 3,8% e, em um ano, a alta foi de 4,2%. Nos últimos sete dias, especificamente, a avanço é de 0,6%, a R$ 192,10 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ avançou 3,7% na comparação mensal e 4,8% na comparação anual. Nos últimos sete dias, a alta é de 0,5%, cotado a R$ 186,96 por tonelada. De abril para maio, os preços da soja subiram 3,0% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 3,6% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Em um ano, as altas foram de 10% e de 9%, respectivamente. Os produtores estão sendo influenciados a liquidarem parte do remanescente da safra 2021/2022, devido à falta de espaço nos armazéns. No intuito de conseguir preços maiores nas vendas, algumas negociações estão acontecendo com prazos de pagamento alongados.

Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento da soja cedeu 0,3% entre as médias de abril e maio, mas registrou valorização de 6,7% na comparação anual. O avanço no cultivo da safra 2022/2023 de soja nos Estados Unidos limita a alta nos preços externos. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a semeadura da oleaginosa avançou 11% em uma semana, alcançando 66% da área destinada à soja até o dia 29 de maio, em linha com os 67% na média dos últimos cinco anos, mas ainda inferior aos 83% cultivados em igual período do ano passado. Na Argentina, as expectativas são de produção acima da esperada há alguns meses, devido às condições climáticas favoráveis ao avanço na colheita e à melhora do rendimento das lavouras recém-colhidas. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a Argentina colheu 94,3% da área de soja, com produção estimada em 43,3 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.