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30/Mai/2022

Pressão baixista na soja com forte queda do dólar

Mesmo com cotações futuras em alta e sustentadas em patamares elevados, tanto para soja grão, como farelo e óleo, no mercado interno, o dólar provoca recuos de preços no Brasil. Na segunda quinzena de maio, o preço médio da soja ao produtor no Brasil recuou R$ 4 por saca de 60 Kg. O dólar emendou na sexta-feira (27/05) o terceiro pregão consecutivo de queda, rompeu o piso de R$ 4,75 e encerrou a semana, marcada por retorno mais forte do apetite ao risco no exterior, com desvalorização de 2,79%. No fim da sessão, o dólar fechou com baixa de 0,49%, a R$ 4,73. Com isso, a moeda fecha a semana passada com baixa de 2,79%, após ter perdido 3,63% na anterior. Em maio, o dólar acumula desvalorização de 4,14%. No ano, a perda é de 15,02%. A colheita da safra 2021/2022 de soja está praticamente finalizada na América do Sul. Diante disso, a oferta de oleaginosa está acima da demanda, resultando em queda de preços no Brasil. A pressão é intensificada pela desvalorização do dólar frente ao Real, que encarece o produto brasileiro aos importadores.

No Brasil, a colheita da soja da temporada 2021/2022 segue para a reta final. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 98,1% da área havia sido colhida até o dia 21 de maio. As regiões que faltam finalizar os trabalhos de campos são: Maranhão (89%), Santa Catarina (98%) e Rio Grande do Sul (90%). Na Argentina, o clima seco continua favorecendo os trabalhos da safra 2021/2022. Relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires mostra que 89,9% da área de soja havia sido colhida até o dia 24 de maio, avanço de 12,2% frente à semana anterior, com produtividade média acima da esperada inicialmente. A estimativa de produção segue em 42 milhões de toneladas. Quanto às negociações internas, os consumidores brasileiros estão cautelosos nas aquisições do grão, atentos ao baixo volume de soja da safra 2021/2022 já comercializado e ao possível aumento na oferta no curto prazo. De fato, grande parte das cooperativas e cerealistas das Regiões Centro-Oeste e Sudeste indica ter necessidade de liberar espaço nos armazéns para o recebimento da nova safra de milho.

Em Mato Grosso, 73,4% da safra de soja foi negociada, contra 83,4% no mesmo período da temporada passada e 78,6% na média dos últimos cinco anos. Nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil, as comercializações não passam de 60%. Diante deste contexto, os preços estão cedendo no mercado doméstico. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,3%, cotado a R$ 192,98 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,3% nos últimos sete dias, a R$ 188,81 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores registram baixas de 1,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

Quanto aos derivados, com a maior oferta na Argentina (principal exportadora global de farelo e óleo de soja), a demanda internacional deve se voltar ao país vizinho, reduzindo, assim, a procura externa pelos derivados brasileiros. Esse cenário somado à menor demanda doméstica pressiona as cotações do farelo e do óleo de soja no Brasil. Os valores do farelo de soja apresentam baixa de 0,7% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) acumula desvalorização de significativos 4,2% nos últimos sete dias, com preço médio a R$ 9.308,16 por tonelada. As cotações estão avançando nos Estados Unidos, impulsionadas pela maior demanda externa, sobretudo da China. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), embora os embarques norte-americanos de soja em grão tenham registrado queda de 28,2% entre as duas últimas semanas, em um ano, as exportações duplicaram. As cotações futuras também são influenciadas pelo atraso no cultivo da soja da safra 2022/2023.

Relatório de acompanhamento de safras do USDA mostrou que a semeadura havia alcançado 50% da área até o dia 22 de maio, abaixo dos 73% semeados no mesmo período de 2021 e dos 55% na média dos últimos cinco anos. Na Bolsa de Chicago, o contrato Julho/2022 da soja registra alta de 2,1% nos últimos sete dias, a US$ 17,32 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja tem avanço de 0,7% no mesmo período, a US$ 472,00 por tonelada. O contrato Julho/2022 do óleo de soja apresenta alta de 1,2% nos últimos sete dias, a US$ 1.775,14 por tonelada. Diante da valorização externa, agentes brasileiros aproveitaram para negociar parte da safra 2022/2023, tanto de soja em grão quanto dos derivados. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o preço FOB da soja com embarque em março/2023 é calculado a US$ 586,00 por tonelada, o maior patamar desde maio/2011, quando considerados este mesmo período e mesmo contrato dos anos anteriores. Os valores FOB do farelo e do óleo de soja, para embarque em março/2023, são recordes, quando comparados com os dos mesmos períodos de anos anteriores, a US$ 457,00 por tonelada e a US$ 1.576,30 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.