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23/Mai/2022

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

No mercado global, a tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados. A desvalorização do dólar, o atraso na semeadura de soja nos Estados Unidos e a maior demanda externa, sobretudo da China, estão elevando os contratos da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago. A maior demanda pelo farelo de soja norte-americano também reforça o movimento de alta nos preços do grão. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 15 e US$ 17 por bushel e para 2023 de US$ 14 a US$ 15 por bushel. A projeção de forte expansão (+4,4%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é baixista para os preços futuros no longo prazo, mas a produção dependerá de condições climáticas favoráveis. Além disso, ainda poderá haver mais migrações de áreas de milho para soja, já que o plantio do cereal segue bastante atrasado ante a média histórica para esse período do ano. As cotações do preço do petróleo seguem em níveis elevados, estimulando a produção de biodiesel nos EUA (à base de óleo de soja) e a redução de oferta de óleo de girassol por parte da Ucrânia também impulsiona os preços futuros do óleo de soja.

No Brasil, a tendência é altista para os preços da soja em grãos, com os futuros subindo em Chicago, a alta do dólar no País, prêmios em alta nos portos brasileiros e a demanda mais aquecida no spot. A projeção da nossa Consultoria é de uma expansão de 2,4% na área de soja na safra 2022/2023, com produção estimada em um recorde de 150,6 milhões de toneladas. As negociações do complexo soja estão lentas no mercado brasileiro. Esse cenário está atrelado à desvalorização do dólar frente ao Real, que torna as commodities norte-americanas mais atrativas aos importadores em detrimento das brasileiras. O dólar recuou significativos 4,5% entre os dias 12 e 19 de maio. A baixa nos valores domésticos é limitada pelas valorizações externas e dos prêmios de exportação. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 0,2%, cotado a R$ 195,46 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,3% nos últimos sete dias, a R$ 191,07 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações registram alta de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas alta de 0,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Os consumidores domésticos têm expectativas de maior oferta nas próximas semanas, fundamentados no baixo volume de soja comercializado da safra 2021/2022 e na proximidade da colheita da 2ª safra de milho, que, por sua vez, pode incentivar os produtores a escoar parte do remanescente da safra 2021/2022 da oleaginosa, para liberar espaço nos armazéns. As indústrias brasileiras também estão retraídas das aquisições envolvendo grandes lotes, devido à menor demanda por derivados. Esse contexto resulta em queda no “crush margin”. Com base nos preços da soja, do farelo e do óleo negociados no estado de São Paulo, o “crush margin” foi calculado em R$ 472,10 por tonelada, 17,5% abaixo do registrado há uma semana.

Vale ressaltar que a participação do farelo de soja na margem da indústria foi de apenas 53% no dia 17 de maio, a menor desde a primeira quinzena de maio de 2008. A oferta de farelo de soja é superior à demanda, visto que boa parte dos suinocultores e avicultores não tem necessidade de compras no spot, já que fechou contratos para recebimento de médio a longo prazo. Os valores do farelo de soja apresentam baixa de 1,8% nos últimos sete dias. Os preços do óleo de soja também estão recuando, pressionados pela menor demanda para a produção de biodiesel no Brasil. O óleo de soja bruto degomado (posto em São Paulo com 12% de ICMS) é negociado a R$ 9.716,37 por tonelada, queda de 3,2% nos últimos sete dias. O contrato Julho/2022 da soja apresenta valorização de 4,8% nos últimos sete dias, a US$ 17,05 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do farelo de soja tem aumento significativo de 7,4% no mesmo período, a US$ 468,81 por tonelada. O contrato Maio/2022 do óleo de soja registra recuo de 3,6%, a US$ 1.753,32 por tonelada. Segundo o relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os embarques norte-americanos de soja em grão registraram aumento de 55,46% entre as duas últimas semanas. Em um ano, as exportações duplicaram.

Vale ressaltar, entretanto, que os embarques neste ano-safra (de setembro/2021 a maio/2022) ainda são 13,7% inferiores ao escoado em igual período da temporada passada. No Brasil, a colheita de soja da safra 2021/2022 segue para a reta final. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 96,8% da área havia sido colhida até o dia 14 de maio. As regiões que faltam finalizar os trabalhos de campos são: Bahia (99,5%), Maranhão (85%), Santa Catarina (97,8%) e Rio Grande do Sul (83%). Ressalta-se que as recentes chuvas e o excesso de umidade impediram o avanço da colheita nessas regiões. Na Argentina, o clima seco favoreceu os trabalhos da safra 2021/2022. Segundo o relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 77,6% da área de soja havia sido colhida até o dia 17 de maio, avanço de 12% em relação à semana anterior. Nos Estados Unidos, segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, a semeadura de soja da temporada 2022/2023 havia alcançado apenas 30% da área até o dia 15 de maio, abaixo dos 58% semeados no mesmo período do ano passado e dos 39% na média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.