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02/Mai/2022

Tendência é altista para os preços da soja no Brasil

No mercado global, a tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados. No mercado interno, o dólar voltou a subir e a tendência é altista para os preços da soja em grãos. A projeção de forte expansão (+4,4%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é baixista para os preços futuros no longo prazo, mas a safra dependerá de condições climáticas favoráveis. O clima no Meio Oeste dos EUA tem sido um dos principais fatores de suporte aos preços dos grãos, uma vez que trazem preocupação aos produtores de algumas regiões, onde o excesso de chuvas e as baixas temperaturas impedem o avanço do plantio. O preço do petróleo em níveis elevados estimula a produção de biodiesel nos EUA (à base de óleo de soja) e a redução de oferta de óleo de girassol por parte da Ucrânia impulsiona o preço do óleo de soja. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 15,40 e US$ 17,20 por bushel e para 2023 de US$ 14,50 a US$ 15,40 por bushel. A quebra de safra no Brasil deverá impulsionar os preços internos no 2º semestre de 2022.

A demanda de indústrias domésticas e de importadores por soja no Brasil está mais aquecida, cenário que impulsiona os preços domésticos, mesmo diante da queda externa. A valorização do dólar frente ao Real é outro fator de sustentação às cotações domésticas. Os vendedores, no geral, também estão mais ativos, diante dos vencimentos de custeio, mas uma parcela segue retraída, à espera de novos avanços dos valores nos próximos meses. A paridade de exportação indica preços maiores nos próximos meses frente aos observados no spot nacional atualmente. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta forte avanço de 5,5%, cotado a R$ 196,38 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra significativa alta de 5,3% nos últimos sete dias, a R$ 192,44 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações registram avanço de 5,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 4,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas).

A paridade de exportação, com base no Porto de Paranaguá (PR), indica preços a R$ 201,03 por saca de 60 Kg para entrega em maio/2022; a R$ 201,16 por saca de 60 Kg para entrega em junho/2022; a R$ 203,82 por saca de 60 Kg em julho/2022 e a R$ 207,82 por saca de 60 Kg para embarque em agosto/2022. Para os contratos a serem entregues em 2023 no Porto de Paranaguá (PR), o cálculo de paridade indica preços a R$ 186,27 por saca de 60 Kg para março/2023; a R$ 186,25 por saca de 60 Kg para abril/2023 e a R$ 189,24 por saca de 60 Kg para maio/2023. Para este cálculo foi utilizado o dólar futuro negociado na B3. Apesar de esses valores estarem acima das médias de anos anteriores, estão inferiores aos registrados no spot em março e em abril de 2022, fato que limita o interesse vendedor em realizar novos contratos a termo. O maior interesse comprador está relacionado à expressiva melhora nas margens de esmagamento. Com base nos preços FOB de soja, farelo e óleo de soja, o crush margin é de US$ 80,18 por tonelada para o contrato junho/2022 e a US$ 76,48 por tonelada para julho/2022, respectivos aumentos de 20,8% e de 22,7%.

A aquecida demanda pela matéria-prima está relacionada à boa dinâmica registrada nas transações dos derivados. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta valorização de expressivos 9,7% nos últimos sete dias, com preço médio a R$ 10.221,54 por tonelada. No dia 27 de abril, especificamente, o valor deste derivado atingiu R$ 10.482,38 por tonelada, o maior patamar nominal da série histórica, iniciada em julho/1998. A demanda mundial por óleo está crescente, ao passo que a oferta, menor. Além da guerra da Rússia contra a Ucrânia e dos maiores preços de petróleo, alguns países restringem as vendas externas de óleo de palma, com o objetivo de conter o processo inflacionário, como é o caso da Indonésia, a maior produtora e exportadora mundial de óleo de palma. A Argentina, maior exportadora mundial de óleo de soja, também passa por restrição de produção, diante da menor disponibilidade de matéria-prima. Diante disso, a demanda global se volta ao Brasil e aos Estados Unidos.

Para o Brasil, especificamente, este é um ambiente positivo e que pode compensar a menor demanda para produção de biodiesel. Na Bolsa de Chicago, o preço futuro do óleo de soja registra significativa alta de 11,2% nos últimos sete dias, fechando no patamar recorde de US$ 1.997,37 por tonelada. A participação do óleo de soja na margem de lucro das indústrias norte-americanas cresceu e, pela primeira vez na história, superou a participação do farelo de soja. Considerando-se os contratos de primeiro vencimento de soja, farelo e óleo de soja negociados na Bolsa de Chicago, a participação do óleo de soja na margem da indústria foi de 50,1%, e a do farelo, de 49,9%. Diante da maior demanda por óleo de soja, as expectativas são de aumento na oferta de farelo de soja, cenário que está afastando os consumidores de aquisições envolvendo grandes lotes e que resulta em queda de preço. No Brasil, os valores do farelo de soja apresentam baixa de 0,5% nos últimos sete dias.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2022 do farelo de soja registra forte queda de 6,1% nos últimos sete dias, a US$ 485,23 por tonelada. No Brasil, 90,8% da área cultivada com soja havia sido colhida até o dia 23 de abril, abaixo dos 91,8% em igual período da temporada passada. Dentre os Estados, 96% da área do Paraná havia sido colhida, 96% do Piauí, 68% do Maranhão, 93% de Santa Catarina, 95% da Bahia e 55% do Rio Grande do Sul. Na Argentina, o clima favorece a colheita, e a Bolsa de Cereais de Buenos Aires relata que 46,4% da área cultivada com soja no país havia sido colhida até o dia 27 de abril. Nos Estados Unidos, a semeadura da temporada 2022/2023 foi limitada pelo clima úmido e frio. Relatório de acompanhamento de safras do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostrou que apenas 3% da área destinada ao grão foi semeada até o dia 24 de abril, contra 7% no mesmo período do ano passado. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.