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18/Abr/2022

Tendência é altista para os preços externos da soja

No mercado global, a tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados. A alta do petróleo – que estimula a demanda para biodiesel nos EUA, à base de óleo de soja – e as quebras na safra da América do Sul limitam a pressão de baixa sobre os futuros. Entretanto, as expressivas quebras na América do Sul, os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia e a forte alta da cotação do petróleo já estão precificados nos futuros da Bolsa de Chicago. Há pouco fôlego para novas altas expressivas dos futuros nos curto e médio prazos. A previsão de forte expansão (+4,4%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é baixista para os preços futuros no longo prazo. No Brasil, a tendência é baixista para os preços da soja no curto prazo, puxada pela forte queda do dólar ante o Real. O mercado passará a focar no clima nos EUA e no suprimento de fertilizantes na América do Sul. Na Bolsa de Chicago, há um largo spread entre os contratos mais próximos e os mais distantes, com os futuros com vencimentos em 2022 oscilando entre US$ 15,00 a US$ 16,80 por bushel, enquanto os vencimentos para 2023 operam em um intervalo entre US$ 14,00 a US$ 15,00 por bushel.

O preço do óleo de soja registra alta significativa nos mercados externo e doméstico, refletindo preocupações quanto ao escoamento do derivado na Argentina, devido à greve dos caminhoneiros no país. A demanda internacional pelo produto também está firme, o que ajuda a impulsionar os valores. Além disso, a recente valorização do petróleo, que incentiva a mistura de biodiesel ao óleo diesel, também influencia a valorização do óleo de soja. Na Bolsa de Chicago, o contrato de embarque Maio/2022 do óleo de soja apresenta valorização de expressivos 7% nos últimos sete dias, indo para US$ 1.722,01 por tonelada. No Brasil, os prêmios de exportação subiram de forma intensa nos últimos dias, inclusive para negócios efetivados até meados deste ano. Com isso, os valores FOB exportação, base Porto de Paranaguá (PR), para embarque no próximo trimestre chegaram a superar os US$ 1.800,00 por tonelada em alguns dias da semana passada.

No mercado spot, as cotações do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registram avanço de 4,4% nos últimos sete dias, para a média de R$ 9.074,10 por tonelada. No front externo, o aumento dos preços do óleo também está atrelado às estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgadas no dia 8 de abril, indicando consumo mundial recorde nesta temporada (2021/2022), previsto em 60,2 milhões de toneladas. A Índia (principal importadora do derivado) deve consumir volume recorde em 2021/2022, de 5,4 milhões de toneladas; desse total, 3,65 milhões de toneladas devem ser importadas, 12,4% a mais que na temporada passada e ainda o maior volume desde a safra 2015/2016. A Argentina deve exportar 5,9 milhões de toneladas em 2021/2022, 3,8% abaixo do embarcado na safra passada. Para os Estados Unidos, a estimativa de exportação é de apenas 782 mil toneladas, visto que o consumo do país está previsto em 11,37 milhões de toneladas, um recorde. Já as negociações de farelo de soja estão menos intensas.

Isso porque a firme demanda por óleo de soja tende a elevar a oferta de farelo, desencorajando os consumidores a adquirir grandes volumes neste momento. Os valores do farelo de soja apresentam tendências distintas dentre as regiões, mas, na média, o cenário é de estabilidade. O consumo global de farelo de soja também deve ser recorde nesta temporada, estimado pelo USDA em 247,5 milhões de toneladas. A União Europeia (principal importadora do derivado) deve adquirir 16,5 milhões de toneladas, o maior volume desde a safra 2018/2019. Para a soja em grão, com a presença mais ativa de indústrias brasileiras e de importadores, a liquidez está maior nos últimos dias. No entanto, a desvalorização cambial e a retração vendedora limitam as negociações. Parte dos produtores tem demonstrado interesse na comercialização do milho em detrimento da soja. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, tem avanço de 0,8%, cotado a R$ 183,65 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 178,99 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações apresentam alta de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O volume de soja comercializado no mercado interno nesta safra está em 40%, bem menor que nos últimos anos. Isso porque, com a forte quebra da safra de soja na Região Sul do País, os produtores das demais regiões têm expectativa de maior procura nos próximos meses. Segundo o USDA, a produção brasileira de soja deve somar 125 milhões de toneladas na temporada atual, a menor desde a safra 2018/2019. Na Argentina, a produção deve ser a menor em cinco safras, estimada pelo USDA em 43,5 milhões de toneladas. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica produção ainda menor, de 42 milhões de toneladas. Na Argentina, 14,4% da área cultivada com soja havia sido colhida até o dia 12 abril. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.