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13/Abr/2022

China: demanda de soja dá sinais de arrefecimento

A demanda chinesa por soja começa a se enfraquecer em resposta aos preços altos da matéria-prima e à piora nas margens de produção de carne suína na China. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu pelo terceiro mês consecutivo a perspectiva de importação do país. Desde fevereiro, a projeção caiu 9 milhões de toneladas, para 91 milhões, bem abaixo dos 99,76 milhões de toneladas de 2020/2021 e dos 98,53 milhões de toneladas de 2019/2020. Mesmos os leilões das reservas estatais chinesas, anunciados em fevereiro e iniciados em março e que vêm sendo realizados semanalmente em abril, não têm atraído demanda expressiva. Menos da metade do volume ofertado foi arrematado nos dois realizados neste mês. As margens de esmagamento de soja vêm piorando na China, acompanhando a deterioração da atividade de produção suína, prejudicada por excesso de oferta, preços baixos da carne e custos de produção elevados.

Os recentes temores sobre o efeito de novo surto de Covid-19 e dos lockdowns restritivos em Xangai pioram a perspectiva. A demanda ainda não voltou ao nível pré-peste suína africana (PSA), e a China recuperou o plantel muito rápido. Tem um cenário de excesso de oferta de carne suína com uma procura ainda não totalmente restabelecida. A falta de apetite chinês tem relação com a cotação da soja. Com os preços que vinham sendo praticados no mercado internacional, dificilmente a China continuaria comprando no mesmo ímpeto. Os leilões das reservas estatais vêm tendo baixa atratividade e isso alimenta a visão de que a China pode estar precisando de menos de soja. Ressalta-se os baixos estoques nos portos chineses de soja recém-importada, mas ainda não desembaraçada. Isso desestimula uma corrida às compras. Com estoques baixos, se houvesse um apetite grande, os volumes ofertados nesses leilões iriam ser absorvidos. Mas, os volumes não estão sendo adquiridos na sua totalidade.

O mercado não está comprando essas reservas. É um sinal baixista no médio prazo. A expectativa do mercado é de que o governo venda pelo menos 5 milhões de toneladas. É um volume relativamente significativo em um momento de pico da exportação brasileira. Pode esfriar uma demanda que já não é muito grande. Mas, tal situação não deve reduzir a perspectiva de venda externa do País ao longo de 2022, mas pode deixar os embarques dos próximos meses menos concentrados. Normalmente, o Brasil tem picos de exportação em abril e maio. Pode ser que o pico não seja tão evidente. A China tem comprado soja lentamente e está pouco coberta em suas necessidades para este e o próximo mês. A China pode usar estoques regulatórios e adotar programa de leilões para tentar aliviar o aperto do mercado até a chegada da nova safra da América do Sul, no começo do ano que vem, buscando evitar a dependência excessiva dos Estados Unidos para obter suprimento.

Existe uma guerra comercial, e a China usa estrategicamente outros parceiros mais competitivos, até para pressionar os Estados Unidos para evoluir a segunda e a terceira fases do programa de retomada comercial. Se a performance dos leilões for positiva, a China consegue estabelecer um mercado um pouco mais confortável à espera de uma nova safra sul-americana. Dependendo do quanto a China liberar de estoques, vai precisar recompor as suas reservas a exemplo do que ocorreu depois da fase mais crítica da guerra comercial. O país tem uma demanda muito grande, a maior população do mundo e preocupação com segurança alimentar. Se consumir parte importante dos estoques, vai voltar a recompor no futuro. Após a tarifação de 25% da soja norte-americana na guerra comercial, a China reduziu estoques. Depois da ‘Fase 1’ do acordo comercial, recompôs volumes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.