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21/Mar/2022

Tendência é altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é de sustentação para os preços nos mercados externo e interno, refletindo as quebras de safras na América do Sul, alta do petróleo – que impulsiona a demanda de óleo de soja para biodiesel nos EUA – e os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Entretanto, as expressivas quebras na América do Sul, os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia e a forte alta da cotação do petróleo já estão precificados nos futuros da Bolsa de Chicago. Em Chicago, há um largo spread entre os vencimentos mais curtos e os mais longos, com os futuros com vencimentos em 2022 oscilando entre US$ 14,70 a US$ 17,00 por bushel, enquanto os contratos para 2023 operam entre US$ 13,00 a US$ 14,50/bushel. A partir do 2º semestre de 2022, a tendência é de descolamento das cotações internas da paridade de exportação, com viés altista para os preços domésticos, em função da disputa acirrada entre exportadores e esmagadores pela oferta de grão – reduzida em 20 milhões de toneladas em 2022. O mercado passará a focar no clima nos EUA e no suprimento de fertilizantes na América do Sul.

Os preços do farelo de soja seguem em alta no mercado brasileiro, impulsionados pela firme demanda e por perspectivas de aumento também na procura externa pelo derivado nacional. Neste caso, os agentes estão fundamentados em notícias indicando possível aumento na tarifa de exportação de farelo e de óleo por parte da Argentina, principal abastecedora global desses produtos. Se isso de fato ocorrer, os importadores podem redirecionar a demanda ao Brasil. Por enquanto, já se observa restrição nas negociações argentinas dos produtos para exportação. Ressalta-se que, no primeiro bimestre deste ano, o Brasil já exportou 3,073 milhões de toneladas de farelo de soja, um recorde para este período. Os valores do farelo de soja registram alta de 1,5% nos últimos sete dias. De fevereiro para a parcial de março, as médias de 20 das 31 regiões acompanhadas atingiram patamares recordes, em termos nominais. Já em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/2022), os preços do farelo de soja são os maiores desde fevereiro/2021 em Campinas (SP), Mogiana (SP), Dourados (MS), Rio Verde (GO), Triângulo Mineiro (MG), Ponta Grossa (PR), Norte e Oeste do Paraná.

Os preços de óleo de soja, por sua vez, estão praticamente estáveis, devido à menor liquidez. Parte dos consumidores até evita adquirir grandes lotes, mas já sinaliza necessidade de comprar novos volumes nos próximos dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de 0,2% nos últimos sete dias, com preço médio a R$ 9.689,74 por tonelada. A firme demanda por farelo de soja e a retração vendedora limitam a queda nos preços do grão, que seguem pressionados pela proximidade da finalização da colheita nas principais regiões do Brasil e pela desvalorização externa. Além disso, o aumento do frete rodoviário também reduz o valor recebido pelos produtores no interior do País. Nos últimos sete dias, as cotações registram baixa de 1,0% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,6%, cotado a R$ 203,85 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 199,80 por saca de 60 Kg. No geral, os produtores estão resistentes em negociar grandes lotes. O volume de soja da safra 2021/2022 comercializado em Mato Grosso está em 61%, contra 67% na média dos últimos cinco anos. No Paraná, os produtores também estão afastados das negociações, devido à quebra de safra na região. No extremo oeste do Estado, onde houve uma expressiva perda de produção, alguns municípios praticamente finalizaram a colheita. No Rio Grande do Sul, as recentes chuvas beneficiaram as lavouras semeadas por último. Porém, as precipitações interromperam a colheita das primeiras áreas semeadas. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 63,1% da área cultivada com soja no Brasil havia sido colhida até o dia 12 de março, acima dos 48,6% colhidos em igual período da temporada passada.

Dentre os Estados, 95,4% da área de Mato Grosso havia sido colhida, 90% de Mato Grosso do Sul, 84% de Goiás, 72% do Tocantins, 65% de São Paulo e de Minas Gerais, 54% do Paraná, 44% do Maranhão, 41% de Santa Catarina, 30% da Bahia, 20% do Piauí e apenas 6% do Rio Grande do Sul. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, as recentes chuvas favoreceram as lavouras, gerando expectativas de recuperação em parte das áreas que apresentavam condições ruins. Os contratos futuros do complexo soja estão recuando na Bolsa de Chicago. Além de realizações de lucros após as significativas altas nas semanas anteriores, a pressão vem da queda na exportação norte-americana e de expectativas de que a demanda internacional se volte ao Brasil, diante da entrada da nova safra. Relatório de inspeção e exportação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), mostra que o país embarcou 42,1 milhões de toneladas de soja na parcial desta temporada (de setembro/2021 a 10 de março/2022), 21% abaixo do escoado no mesmo período da temporada anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.