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14/Mar/2022

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com as cotações futuras sustentadas em patamares elevados em Chicago, diante da forte quebra de safra na América do Sul, prêmios elevados nos portos brasileiros e disputa entre exportadores e processadores pelo grão no Brasil. Em Chicago, os futuros para o primeiro semestre de 2022 estão flutuando entre US$ 16,70 e US$ 17,00 por bushel. Vale destacar que há um largo spread entre os vencimentos mais distantes e os mais próximos. Para os vencimentos entre julho e dezembro de 2022, as cotações futuras oscilam em uma faixa entre US$ 14,90 e US$ 16,50 por bushel. Os preços do complexo soja seguem em alta no mercado brasileiro, impulsionados pela firme demanda doméstica e pelo expressivo aumento na procura externa. Esse cenário acirrou a disputa pelo grão entre as indústrias brasileiras e os consumidores internacionais, resultando em novos recordes de preços no spot nacional.

As valorizações também estão atreladas ao contexto de menor oferta da safra na América do Sul e, consequentemente, à diminuição na relação estoque/consumo final global, que, ressalta-se, é a menor desde 2013/2014. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 2,1% nos últimos sete dias, cotado a R$ 207,14 por saca de 60 Kg. Este é o maior valor nominal da série histórica, iniciada em março de 2006. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra valorização de 1,4% nos últimos sete dias, a R$ 202,56 por saca de 60 Kg. No dia 8 de março, especificamente, este Indicador atingiu R$ 203,22 por saca de 60 Kg, máxima nominal da série iniciada, neste caso, em julho/1997. Nos últimos sete dias, as cotações registram alta de 1,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 1,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O lado bom para as indústrias é que a demanda por derivados também está elevada, o que possibilita o repasse da valorização do grão.

Com base nos preços FOB de soja, de farelo e de óleo de soja negociados no Porto de Paranaguá (PR), o crush margin foi calculado em US$ 114,59 por tonelada para embarque em abril/2022 e a US$ 93,14 por tonelada para embarque em maio/2022, enquanto, no mesmo período do ano passado, o crush margin estava abaixo dos US$ 50,00 por tonelada. Quanto ao farelo de soja, os valores apresentam alta de 1,9% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra valorização de expressivos 6,4% nos últimos sete dias, com preço médio a R$ 9.710,84 por tonelada, máxima nominal da série iniciada em julho/1998. Na Bolsa de Chicago, o contrato de do óleo de soja tem valorização está cotado a US$ 1.782,42 por tonelada, o maior valor da história. O contrato Março/2022 do farelo de soja, por sua vez, registra significativo avanço de 9,8%, a US$ 558,65 por tonelada, o maior patamar nominal desde 12 de julho de 2013. Quanto às exportações, o Brasil embarcou em fevereiro 6,270 milhões de toneladas de soja em grão, o maior volume desde agosto de 2021 e um recorde para o mês. A China segue como o principal destino do grão brasileiro. Os portos de Santos (SP), Belém (PA) e Paranaguá (PR) foram os principais canais de escoamento da oleaginosa em fevereiro.

Também foi escoado volume recorde de farelo de soja no mês passado, totalizando 1,58 milhão de toneladas, 7,1% acima da quantidade de janeiro e expressivos 52,79% superior à de fevereiro/2021, sendo a Indonésia, a Tailândia e o Vietnã os principais destinos. Já os embarques de óleo de soja diminuíram 36,7% entre janeiro e fevereiro, somando 89,46 mil toneladas. Considerando-se os meses de fevereiro, contudo, este foi o maior volume embarcado desde 2018. O principal destino do óleo brasileiro foi a Índia. Em relatório divulgado no dia 9 de março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu a projeção para a safra mundial 2021/2022 de soja em 2,77% em relação ao relatório anterior, estimada agora em 353,79 milhões de toneladas. Essa diminuição está atrelada à quebra de safra na América do Sul, devido às condições climáticas adversas no principal período de desenvolvimento do grão. O que ameniza a preocupação global é que a demanda pode ser menor nesta temporada. De acordo com o USDA, as importações da China podem chegar a 94 milhões de toneladas e as da União Europeia, em 14,5 milhões de toneladas, ambos os volumes são os menores desde a temporada 2018/2019. Os Estados Unidos podem fornecer maior parcela da demanda internacional. Com isso, os estoques de passagem devem ser menores nesta temporada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.