ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

07/Mar/2022

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja nos mercados externo e interno. Com as quebras na América do Sul se ampliando e os conflitos entre Rússia e Ucrânia, os futuros em Chicago estão em tendência de alta, ainda próximos do patamar de US$ 17 por bushel. Na Bolsa de Chicago, os futuros com vencimentos no primeiro semestre de 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 16,30 e US$ 16,70 por bushel. A alta dos preços do petróleo, que ultrapassou os US$ 100 o barril do tipo Brent, impulsiona a demanda para biodiesel nos Estados Unidos e as cotações externas do óleo de soja. Com as quebras no Brasil, os prêmios estão positivos e em alta nos portos brasileiros. O significativo aumento na demanda mundial por óleo de soja levou os preços do derivado a atingirem patamares recordes no Brasil e nos Estados Unidos. A redução nas exportações de óleo de girassol por parte da Ucrânia (devido ao conflito com a Rússia) e a escassez de óleo de palma da Indonésia aqueceram a procura por óleo de soja. Além disso, a valorização do petróleo também aumenta o interesse por biodiesel, no qual o óleo de soja é a principal matéria-prima.

Para agravar a situação e reforçar o movimento de alta nos preços, do lado da oferta, há incertezas quanto à disponibilidade de óleo de soja na Argentina (principal exportadora mundial de derivados da oleaginosa), devido à menor colheita de grão nesta temporada. Com isso, os importadores redirecionaram as aquisições ao Brasil e aos Estados Unidos. Na Bolsa de Chicago, o contrato de primeiro vencimento do óleo registra avanço de expressivos 13,9% nos últimos sete dias, subindo para US$ 1.726,20 por tonelada, atingindo o maior valor da história neste mês de março. Os prêmios do óleo de soja também subiram no Brasil, dando sustentação às cotações domésticas, que registraram patamares recordes, em termos nominais. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta alta de 5,1% nos últimos sete dias, com preço médio a R$ 9.124,17 por tonelada, o maior valor da série histórica, iniciada em julho/1998.

Os preços do farelo de soja também estão avançando, influenciados pelas expectativas de maior demanda externa. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2022 tem valorização de 2,9% nos últimos sete dias, a US$ 508,60 por tonelada. As valorizações externa e dos prêmios de exportação do farelo de soja no Brasil dão suporte às cotações domésticas. A alta, no entanto, é limitada pela retração dos consumidores nacionais, visto que uma parte mostra preferência em fazer contratos a termo em detrimento de adquirir grandes lotes no spot nacional, já tendo boa parte das aquisições do mês de março realizada. Além disso, a maior demanda por óleo de soja gera expectativa de aumento na oferta de farelo de soja (vale lembrar que, para cada tonelada processada, cerca de 78% produzem farelo e apenas 19%, óleo). Diante disso, os preços do farelo de soja registram avanço de 0,6% nos últimos sete dias. A firme demanda por derivados, a quebra da safra de soja na América do Sul e a retração dos vendedores estão elevando os prêmios de exportação e os preços domésticos da soja.

Além disso, os produtores brasileiros estão atentos à possível maior demanda global e não mostram interesse em negociar grandes lotes a curto prazo. Esses produtores estão fundamentados na maior demanda da China e nos baixos estoques das indústrias brasileiras. Com isso, nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 0,8%, cotado a R$ 203,62 por saca de 60 Kg, a máxima nominal da série iniciada em março de 2006. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra valorização de 1,2% nos últimos sete dias, a R$ 199,88 por saca de 60 Kg, também recorde nominal da série histórica, iniciada em julho/1997. Nos últimos sete dias, as cotações registram alta de 1,2% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociações entre empresas).

As cotações domésticas são influenciadas também pela valorização externa. A elevação externa está atrelada também à desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas, que torna a commodity norte-americana mais atrativa aos importadores. O dólar recuou 1,8% entre os dias 24 de fevereiro e 3 de março, a R$ 5,02. A colheita de soja se intensificou nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste do País. A produtividade está acima da esperada nessas regiões. As recentes chuvas no Rio Grande do Sul e na Argentina beneficiaram as áreas de cultivo mais tardio. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, 42,1% da safra brasileira havia sido colhida até o dia 26 de fevereiro, acima dos 23,4% em igual período do ano passado. Dentre as regiões, 80,5% da área de soja foi colhida em Mato Grosso, 60% em Tocantins, 47% em Mato Grosso do Sul, 55% em Goiás, 26% em Minas Gerais, 29% no Paraná, 31% em São Paulo, 17% em Santa Catarina, 19% no Maranhão, 13% no Piauí, 7% na Bahia e 1% no Rio Grande do Sul. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.