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02/Mar/2022

Tendência de alta para soja com demanda aquecida

A tendência é altista para os preços da soja no mercado brasileiro, com a forte quebra da safra sul-americana 2021/2022, baixa expansão da área nos Estados Unidos na safra 2022/2023 – estimada em apenas 0,9% pelo USDA –, demanda global aquecida e tensões geopolíticas relacionadas ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros com vencimentos no primeiro semestre de 2022 oscilam entre US$ 16,00 e US$ 17,00 por bushel. No Porto de Paranaguá, o preço para embarque imediato da soja em grãos já ultrapassou o patamar de R$ 200 por saca de 60 Kg. Com as demandas interna e externa aquecidas, a disputa entre agentes domésticos e internacionais segue acirrada. Esse cenário somado às expectativas de quebra de safra na América do Sul levaram os prêmios de exportação e os preços domésticos a patamares recordes, em termos nominais. O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F superou a casa dos R$ 200,00 por saca de 60 Kg pela primeira vez na história. O aumento nos valores internos se deve também à valorização externa.

Na Bolsa de Chicago, o contrato com vencimento em março/2022 ultrapassou os US$ 17 por bushel, impulsionados por expectativas de maior demanda pelos grãos norte-americanos. Essa é a maior cotação desde setembro/2012. Além disso, as cotações foram influenciadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que prejudica as exportações da região do Mar Negro. A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo, cenário que valorizou essa commodity nos Estados Unidos, resultando em aumento no preço futuro do óleo de soja. Esse cenário tende a incentivar a mistura de biodiesel ao óleo diesel, e o óleo de soja é a principal matéria-prima para a produção de biodiesel. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2022 do óleo registra avanço expressivo de 7,8% nos últimos sete dias, indo para US$ 1.587,31 por tonelada, a maior cotação desde 8 de junho de 2021. Quanto ao farelo de soja, o aumento é de 3,5% no mesmo período, indo para US$ 512,46 por tonelada.

Vale ressaltar que a alta nos preços externos é influenciada também pela desvalorização do dólar frente a uma cesta de moedas, o que torna as commodities norte-americanas mais atrativas no mercado internacional. Os prêmios de exportação no Brasil também estão em alta e voltaram a patamares recordes. Esse cenário resultou em aumento nos preços FOB e, consequentemente, na paridade de exportação. Para embarque em abril/2022, a paridade é de R$ 204,74 por saca de 60 Kg; para maio/2022, a R$ 206,33 por saca de 60 Kg; para junho/2022, a R$ 206,91 por saca de 60 Kg; para julho/2022, a R$ 208,84 por saca de 60 Kg; e para agosto/2022, a R$ 211,81 por saca de 60 Kg (para este cálculo, foi utilizado o dólar futuro negociado na B3). Com isso, no spot nacional, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 3,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 201,35 por saca de 60 Kg, máxima nominal da série histórica, iniciada em março de 2006.

No Porto de Rio Grande (RS), o preço médio da soja é de R$ 206,84 por saca de 60 Kg, e no Porto de Santos (SP), de R$ 201,64 por saca de 60 Kg, ambos recordes. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 2,9% nos últimos sete dias, a R$ 197,50 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as cotações registram alta de 2,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Este aumento está fazendo com que os produtores se afastem das vendas envolvendo grandes contratos, especialmente da safra 2022/2023. A alta nos preços, por outro lado, é limitada pelas recentes chuvas no Rio Grande do Sul e na Argentina, gerando expectativas de recuperação na produção de parte da área de semeadura mais tardia. Nas Regiões Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil, o clima quente e seco prevaleceu e favoreceu o avanço da colheita. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 33% da safra brasileira havia sido colhida até o dia 19 de fevereiro, acima dos 15,5% em igual período do ano passado.

Dentre as regiões, 70,5% da área de soja foi colhida em Mato Grosso, 40% em Tocantins, 35% em Mato Grosso do Sul, 30% em Goiás, 22% em Minas Gerais, 21% no Paraná, 20% em São Paulo, 14% em Santa Catarina, 15% no Maranhão, 9% no Piauí e 7% na Bahia. Em Mato Grosso, as recentes chuvas reduziram a intensidade dos trabalhos de campo, ainda assim, agentes relatam que cerca de 80% da área com soja havia sido colhida até o dia 24 de fevereiro. Porém, há casos de grãos avariados e ardidos. O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) reduziu suas estimativas para a safra de soja 2021/2022 do Paraná. Agora, a previsão aponta colheita de 11,635 milhões de toneladas, contra 12,829 milhões de toneladas em janeiro, e ainda 41% inferior à da temporada anterior. As perdas se devem à forte estiagem durante a principal fase de desenvolvimento do grão. Os produtores das regiões oeste e sudoeste do Estado indicam que as perdas podem chegar a até 80% em determinadas áreas. No Rio Grande do Sul, as primeiras lavouras estão sendo colhidas. De acordo com os dados divulgados pela Emater-RS no dia 24 de fevereiro, apenas 1% da área havia sido colhida. As lavouras que estão em estágios reprodutivos são as mais críticas, representando 83% do total semeado. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.