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21/Fev/2022

Tendência é altista para os preços da soja no Brasil

A tendência A tendência é altista para a soja nos mercados externo e interno, com a consolidação das quebras de safras na América do Sul, incluindo perdas no Brasil, Argentina e Paraguai, em decorrência da estiagem provocada pelo fenômeno La Niña. As quebras da safra da América do Sul somam, até o momento, 36,5 milhões de toneladas, o que resultará em um déficit de 42 milhões de toneladas ante à demanda global projetada em 369 milhões de toneladas e uma oferta reduzida para 327 milhões de toneladas em 2021/2022. Em Chicago, os futuros da soja com vencimentos entre março e julho de 2022 já ultrapassaram o patamar de US$ 16 por bushel. Os vencimentos referentes ao segundo semestre de 2022 oscilam entre US$ 14,60 a US$ 15,60/bushel. No mercado interno, o dólar em baixa e mais próximo dos R$ 5,10 atenua a pressão altista vinda das altas dos futuros e dos prêmios nos portos brasileiros.

No médio e longo prazo, a tendência é altista para os preços internos, com disputa antecipada entre exportadores e esmagadores pela oferta de grão – reduzida em 20,5 milhões de toneladas em 2022. As chuvas menos volumosas nas regiões produtoras de soja favoreceram a intensificação da colheita. Apesar disso, o ritmo de comercialização está menor, tendo em vista que vendedores se afastaram do spot e parte dos compradores se mostra abastecida e atenta ao cenário externo. Neste caso, a China, principal destino da soja brasileira, deu sinais de que a margem de esmagamento está menor, o que, por sua vez, pode resultar em cancelamentos de contratos e diminuição das novas compras da oleaginosa no Brasil. A demanda chinesa pode se deslocar aos Estados Unidos. Nesse contexto, houve aumento na disparidade entre os valores pedidos por compradores e ofertados pelos vendedores, limitando a liquidez no spot. Inclusive, o ritmo de negociação da safra 2021/2022 está inferior ao das duas últimas safras, o que, ressalta-se, é comum diante de preço elevado.

Em Mato Grosso, até 7 de fevereiro, 55% da safra 2021/2022 havia sido comercializada, abaixo dos 72% no mesmo período da temporada anterior e dos 60% da média dos últimos cinco anos. A colheita, por outro lado, está mais acelerada, com 60% das lavouras de soja já colhidas em Mato Grosso, acima dos 22% em igual período da safra anterior e dos 48% na média dos últimos cinco anos. Os produtores de São Paulo, Paraná e Minas Gerais relatam que a quantidade comercializada da atual safra não chega nem aos 40% da produção esperada. Isso se deve ao elevado volume de contratos realizados na temporada passada a preços abaixo dos praticados posteriormente no spot nacional. Quanto ao ritmo de colheita, está se intensificando nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e em parte da Região Sul do Brasil. No MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia), os produtores também iniciaram os trabalhos de campo.

25% da área cultivada com soja no Brasil havia sido colhida até o dia 12 de fevereiro. Dentre os Estados, 60% da área de Mato Grosso havia sido colhida, 15% de Goiás, 19% de Mato Grosso do Sul, 16% de Minas Gerais e de São Paulo, 15% de Paraná, 13% de Santa Catarina, 20% do Tocantins, 10% do Maranhão e 6% da Bahia. Em relação aos preços, a desvalorização cambial reforçou a pressão sobre os valores da oleaginosa no Brasil. O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, está cotado a R$ 195,90 por saca de 60 Kg. Nos portos brasileiros, há valorização dos prêmios de exportação, que, por sua vez, foram impulsionados por notícias de um incêndio em uma importante fábrica de esmagamento de soja localizada no estado de Indiana, nos Estados Unidos.

O fato gerou especulações de que parte da demanda global por derivados pudesse se voltar ao mercado brasileiro. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio da soja em grão para embarque em março/2022 está cotado a +US$ 1,45 por bushel. Considerando-se embarques em meses de março, negociados no primeiro bimestre de cada ano, este é o maior valor nominal da série histórica, iniciada em junho/2004. Quanto ao farelo e ao óleo, os prêmios também estão em alta. A demanda por farelo de soja segue aquecida no Brasil, enquanto os compradores de óleo estão mais cautelosos. Com isso, os preços do farelo de soja registram alta de 1,1% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta desvalorização de 1,4% no mesmo comparativo, caindo para R$ 8.565,45 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.