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17/Fev/2022

Safra 2021/2022: Conab mostra projeção realista

O ano mal começou e muita coisa já aconteceu. As projeções para 2022 estavam todas pautadas em safra de soja recorde no Brasil, cenário mais que óbvio para uma safra cuja área crescente foi programada com um combo da melhor tecnologia dos últimos anos. Sementes, insumos, correção de solo, maquinário, serviços. Toda a inovação nos últimos anos aplicada em massa nos campos brasileiros. E eis que, de repente, preocupações cada vez mais intensas com os primeiros sinais de La Niña iniciaram um ciclo especulativo. Inicialmente foram reportes de plantio atrasado, depois, com episódios de replantio, chuvas torrenciais, granizo em outubro nas áreas já replantadas, para novamente a construção de um quadro de seca intensa reconstruído entre meses de novembro e dezembro. A Região Sul do Brasil foi altamente impactada pelo estresse hídrico.

As regiões sudoeste e oeste do Paraná registraram bolsões de extrema seca e um quadro instantâneo de quebra se configurou. A seca ampliou para a região norte do Estado e avançou para Mato Grosso do Sul e São Paulo, o que resultou em quebras acentuadas. Situação idêntica registrada no Rio Grande do Sul. Lavouras inteiras impactadas pela estiagem em múltiplas pontos do Estado. Santa Catarina, embora com menor intensidade que os estados vizinhos, também sofre com o estresse hídrico. Embora o mercado já especulasse antecipadamente sobre possíveis adversidades climáticas em decorrência de uma janela de La Niña, a chave altista virou à medida que Brasil, Paraguai e Argentina ampliavam estiagem e a China registrava participação quase que diária no comércio mundial. O equilíbrio da oferta mundial tornou o mercado vulnerável à ação dos fundos que presenciaram China restabelecendo plantel suínos e encerrando 2021 com crescimento de 8,1% frente a 2020.

Some-se a isso a entrada de dinheiro novo no mercado e petróleo com preços impulsionados. Rapidamente, janeiro evoluiu para novas altas, encerrando acima de importante resistência: US$ 15,00 por bushel. E da mesma maneira altista que janeiro encerrou, fevereiro iniciou com gráficos e fundamentos apontando para novas máximas. Em apenas 7 pregões de fevereiro, as cotações da oleaginosa romperam os 16,00 por bushel e alcançaram máximas de 16,36 por bushel no contrato de vencimento maio/2022. Isso tudo em uma janela de início de safra, quando, sazonalmente, os preços costumam a sentir o peso da competitividade sul-americana iniciando. Com quebras tão acentuadas como as que presenciamos, o mercado mostrou-se não apenas inseguro e perdido com projeções tão divergentes sobre as quebras. Era preciso unanimidade, consenso nas projeções.

E isso aconteceu após o quinto levantamento mensal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dia 10 de fevereiro entrará para a história do agro. Um dia após a divulgação de números extremamente conservadores (altos) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que acompanha safras nos principais países produtores mundo afora, foi a Conab quem pôs fim às dúvidas e especulações ao revisar em 15 milhões a produção de soja do Brasil. O mercado precisava deste balizador e a Conab foi assertiva ao prover ao mercado o que ele precisava. Olhando para frente, a safra argentina ainda não está definida. Segue vulnerável às condições climáticas seca e possivelmente direcionará novos movimentos especulativos na Bolsa de Chicago. Dia após dia, os mapas ou retiram chuvas ou empurram as previsões adiante e, com temperaturas elevadas, motivarão novos cortes de produção.

Quanto ao Paraguai, que tinha um potencial de produção de até 11 milhões de toneladas, as perdas apontam para uma safra não superior a 4,3 milhões de toneladas, o que não permitirá que o país exporte parte do excedente ao Brasil. Estrategicamente, tradings paraguaias inovaram e largaram na frente das tradings brasileiras ao comprar soja da Argentina. E, para complementar, embora tenhamos ainda vários fundamentos sul-americanos a processar, é fato que o radar do mercado se voltará mais cedo ao que acontece no Hemisfério Norte. Questionamentos sobre área do próximo plantio norte-americano, plantio no Canadá, condições de solo, comparativos entre fluxo de embarques entre portos dos Estados Unidos e do Brasil e ritmo de demanda chinesa e dados de reposição de plantel suíno virão mais cedo para os holofotes. Estejamos todos preparados. Fonte: Andrea Cordeiro. Fonte: Broadcast Agro.