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14/Fev/2022

Tendência de alta da soja com quebras nas safras

A tendência é altista para os preços da soja nos mercados externo e interno. Com as quebras na América do Sul se ampliando, os futuros em Chicago estão em tendência de alta, já se aproximando do patamar de US$ 16 por bushel. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras para os vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 14,40 e US$ 15,85 por bushel. Além das quebras na safra da América do Sul, a ameaça de um conflito entre Ucrânia e Rússia e a alta dos preços do petróleo impulsiona as cotações futuras. Com as quebras no Brasil, os prêmios estão positivos e em alta nos portos brasileiros. O dólar em patamares baixos é a única limitação para altas mais expressivas de preços no mercado interno. A quebra na safra brasileira de soja 2021/2022 está estimada preliminarmente pela nossa Consultoria em 20,7 milhões de toneladas (-14%), para 125,2 milhões de toneladas, ante 145,7 milhões de toneladas na comparação com a projeção inicial. A atual projeção contabiliza as quebras consolidadas até 10/02/2022. A estimativa é bem inferior do que a do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que indica uma safra brasileira de 134 milhões de toneladas.

A Bolsa de Comércio de Rosário projetou uma colheita de soja de 40,5 milhões de toneladas na Argentina, em sua primeira estimativa para a safra 2021/2022 da oleaginosa. O volume é menor do que a previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de 45 milhões de toneladas. No Paraguai, o USDA indica produção de 6,3 milhões de toneladas, 25,9% abaixo do projetado em janeiro e a mais baixa desde 2011/2012. No Paraguai, a projeção local é de uma safra de apenas 4,5 milhões de toneladas. Diante das adversidades climáticas na América do Sul, a quebra na produção de soja vem se confirmando, gerando preocupações em diferentes elos da cadeia produtiva. De um lado, sem produção para comercialização, os produtores, sobretudo os da Região Sul do Brasil, tendem a passar por dificuldades, amenizadas em alguns casos por apoios de seguros. Do lado da demanda, com preços do grão em alta, os valores dos derivados também são impulsionados, encarecendo ainda mais os custos de produção de setores como o da pecuária.

Nesse cenário, os prêmios de exportação de farelo de soja operam nos maiores patamares em 12 anos e os de óleo voltaram a ficar positivos. Nos últimos sete dias, o farelo de soja registra expressiva valorização de 4,6%. Este avanço dificulta as aquisições por parte dos setores de suínos e aves. Ressalta-se que o valor médio do suíno vivo negociado em São Paulo está no menor patamar desde junho/2020 e o do frango, desde setembro/2020. E os preços do milho (outro importante insumo da alimentação pecuária) também estão elevados. Diante disso, tem sido verificado incremento no fechamento de contratos a termo. Quanto ao óleo de soja, a disputa entre indústrias de biodiesel e alimentícias segue acirrada, cenário que levou o preço deste subproduto ao maior patamar nominal da série iniciada em julho/1998. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta alta de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 8.687,29 por tonelada.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 3,3%, cotado a R$ 198,33 por saca de 60 Kg, este é o maior patamar nominal da série do Cepea, iniciada em março de 2006. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 2,3% nos últimos sete dias, a R$ 193,40 por saca de 60 Kg. No dia 7 de fevereiro, especificamente, este Indicador atingiu R$ 194,42 por saca de 60 Kg, máxima nominal da série histórica, iniciada em julho/1997. Nos últimos sete dias, as cotações apresentam valorização de 4,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 3,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). As valorizações dos subprodutos e da soja também estão atreladas às expectativas de maior demanda externa, em um ambiente de menor disponibilidade. Na Argentina, principal abastecedora mundial de derivados de soja, a oferta em 2021/2022 deve ser a menor desde 2017/2018.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 17% da área cultivada com soja no Brasil havia sido colhida até o dia 5 de fevereiro. Dentre os Estados, 42% da área de Mato Grosso havia sido colhida; 9% em Goiás, 7% em Mato Grosso do Sul, 12% em Minas Gerais, 11% em São Paulo e Paraná; 6% em Santa Catarina, 15% em Tocantins, 4% no Maranhão e 5% na Bahia. As primeiras lavouras de soja que estão sendo colhidas no estado de São Paulo apresentam baixa produtividade. Em Goiás e em Minas Gerais, o excesso de chuva está impedindo o avanço dos trabalhos de campo, o que pode resultar em grãos ardidos. Os Estados Unidos podem absorver parte da demanda global, uma vez que produziram quantidade recorde da oleaginosa na temporada 2021/2022. Com isso, o USDA reduziu os estoques norte-americanos de soja ao fim desta temporada, estimados em 8,85 milhões de toneladas, queda de 7,1% em comparação aos dados de janeiro. Esse cenário, somado à desvalorização cambial, torna as commodities dos Estados Unidos mais atrativas aos importadores, o que já elevou os contratos futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.