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11/Fev/2022

Biodiesel: redução na mistura gera custo ao País

Estudo inédito da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) mostra que para cada 1% de redução da mistura do biodiesel ao diesel é gerado um custo de R$ 30 bilhões por ano para o País, levando em conta os impactos da queda da demanda por óleo de soja, no Produto Interno Bruto (PIB), na massa salarial, nos gases de efeito estufa (GEE), na saúde pública, entre outros. Atualmente, a mistura deveria estar no patamar de 13%, que subiria para 14% a partir de março deste ano, mas, por decisão do governo, para tentar aliviar um pouco a pressão sobre o preço do combustível fóssil, foi limitada a 10%. A redução da demanda por óleo de soja levaria à queda do esmagamento da oleaginosa, o que afeta a produção de farelo de soja usado em rações animais. Por causa disso, sobem os preços do farelo, movimento que se reflete no aumento dos preços das carnes (suína, bovina e aves). Isso significa inflação para o consumidor e aumento do custo de vida. Nesse quesito, a perda é de R$ 3,5 bilhões.

Já o PIB terá queda de R$ 4,95 bilhões, pois, com menos biodiesel, reduz a geração de valor adicionado no Brasil agregado à soja, óleos vegetais e gorduras animais. O desemprego que vem sendo causado pela queda de produção também entra na conta, com perda de R$ 1,2 bilhão na massa salarial por ano. O mesmo valor foi estimado para as perdas com a maior emissão de gases efeito estufa, que inclusive contraria acordos internacionais relacionados à mudança climática. Danos socioambientais bilionários serão multiplicados pela elevação das consequentes internações hospitalares; do total de pessoas afastadas do trabalho; das mortes; do desemprego em escala; e do prejuízo a milhares de agricultores familiares, bem como às usinas produtoras de biodiesel e demais integrantes da cadeia produtiva desse biocombustível. O PIB estimado dessa cadeia é de R$ 7,5 bilhões, ou 1,5% de toda a agroindústria brasileira.

Devem ainda ser somados a essas perdas socioambientais os aumentos da dependência energética decorrente da importação de diesel mineral e das despesas cambiais. Para cada 1% de mudança no teor do biodiesel, cerca de 620 milhões de litros de diesel A (diesel derivado de petróleo) são importados. A preços médios de 2021, US$ 288 milhões são despendidos, valor que pode ser bem maior com a escalada atual do preço do petróleo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) situam o Brasil com quase 30 mortes ao ano para cada 100 mil habitantes por efeito da poluição causada pelo diesel fóssil. Essa mortalidade se deve, principalmente, à exposição aos materiais particulados inaláveis, que estão relacionados à ocorrência de doenças cardiovasculares e respiratórias, bem como a diversos tipos de câncer. Tendo os dados da OMS como fonte, a FPBio e as entidades projetam cerca de 50 mil mortes anuais de brasileiros por causa da poluição causada diretamente pela queima do diesel derivado de petróleo.

A FPBio é um movimento suprapartidário, subscrito por cerca de 200 deputados federais e senadores, com apoio de três entidades do setor de biodiesel: Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove); Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio); União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio). Os dados foram entregues ao governo federal no dia 4 de fevereiro, para apoiar a tomada de decisão do Executivo. Além de alertar o governo, a FPBio tem se articulado com várias outras frentes parlamentares, entre as quais a mais expressiva do Congresso Nacional, a da Agropecuária, para estabelecer uma agenda em favor da bioenergia junto ao Executivo federal, que restabeleça o cronograma de adição crescente de biodiesel ao diesel fóssil. O Brasil está entre os três maiores produtores de biodiesel no mundo, tendo fechado 2021 com a produção de 6,7 bilhões de litros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.