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07/Fev/2022

Tendência é altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja nos mercados externo e interno. Com as quebras na América do Sul se ampliando, os futuros em Chicago estão em tendência de alta, já ultrapassando o patamar de US$ 15,50 por bushel. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras para os vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 14,00 e US$ 15,60 por bushel. A alta dos preços do petróleo, que segue próximo dos US$ 90 por barril do tipo Brent, impulsiona as cotações externas do óleo de soja. Com as quebras no Brasil, os prêmios estão positivos e em alta nos portos brasileiros. O dólar em patamares baixos é a única limitação para altas mais expressivas de preços no mercado interno. Por outro lado, a desvalorização do dólar frente ao Real dá suporte aos preços externos, uma vez que torna as commodities norte-americanas mais atrativas. O dólar voltou aos menores patamares desde setembro/2021. A quebra na safra brasileira de soja 2021/2022 está estimada preliminarmente pela nossa Consultoria em 20,7 milhões de toneladas (-14,2%), para 125,0 milhões de toneladas, ante 145,7 milhões de toneladas na comparação com a projeção inicial. A atual projeção contabiliza as quebras consolidadas até 31/01/2022.

A estimativa é bem inferior do que as 140,5 milhões de toneladas estimadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que indica uma safra brasileira de 139,0 milhões de toneladas, ambas divulgadas em janeiro/2022. O excesso de chuva interrompeu a colheita de soja no Brasil e aumentou a dificuldade de abastecimento de indústrias esmagadoras. Como a demanda externa segue aquecida, houve acirramento na disputa entre agentes que precisam cumprir contratos de exportação e indústrias domésticas. Esse cenário levou os prêmios de exportação e os preços domésticos a patamares recordes, em termos nominais. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 5,8%, cotado a R$ 191,98 por saca de 60 Kg. Especificamente no dia 2 de fevereiro, esse Indicador atingiu R$ 192,71 por saca de 60 Kg, o maior valor nominal da série do Cepea, iniciada em março de 2006. No Porto de Santos (SP), as negociações também ocorrem a preços recordes, a R$ 191,55 por saca de 60 Kg, alta de 6,1% nos últimos sete dias.

No Rio Grande do Sul, o desabastecimento é maior, uma vez que a colheita deve ser iniciada somente no próximo mês. Diante disso, os valores no Estado operam acima dos demais portos. No Porto de Rio Grande, o preço médio é de R$ 200,14 por saca de 60 Kg, expressivo aumento de 5,9% nos últimos sete dias. O aumento nos preços portuários está atrelado à maior demanda externa. Em janeiro deste ano, o Brasil exportou 2,45 milhões de toneladas de soja, um recorde para o mês, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O principal porto de escoamento de soja em janeiro foi o de Paranaguá (PR), seguido por Santos (SP) e Rio Grande (RS). A China foi destino de 80,1% do volume total de soja escoado pelo Brasil. E os preços podem seguir em alta nos próximos meses. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio para embarque em março/2022 tem comprador a +US$ 1,23 por bushel. Considerando-se o embarque março, negociado no primeiro bimestre de cada ano, este é o maior valor nominal da série iniciada em junho/2004. Há um mês, os prêmios eram ofertados em +US$ 0,33 por bushel pelo comprador. Com isso, o preço FOB, para embarque em março/2022, registra alta expressiva de 8,9% nos últimos sete dias, indo para US$ 617,78 por tonelada, o maior valor deste contrato.

Isso resulta em paridade de exportação no Porto de Paranaguá (PR) a R$ 197,58 por saca de 60 Kg para o próximo mês. A paridade de exportação indica preços em maio/2022 em R$ 199,34 por saca de 60 Kg; em junho, a R$ 200,41 por saca de 60 Kg; e em julho, R$ 202,18 por saca de 60 Kg (para este cálculo foi utilizado o dólar futuro negociado na B3). Parte dos produtores prefere entregar lotes de contratos nos portos, o que eleva a dificuldade das indústrias em se abastecer. Com isso, a média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 5,4% nos últimos sete dias, a R$ 188,98 por saca de 60 Kg, o maior patamar nominal da série, iniciada em julho/1997. Nos últimos sete dias, as cotações apresentam avanço expressivo de 4,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 5,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Algumas fábricas de esmagamento de soja precisaram, inclusive, interromper as atividades, devido à falta da matéria-prima, resultando em significativa diminuição na oferta dos derivados. A demanda externa pelos derivados esteve aquecida em janeiro. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 1,490 milhão de toneladas de farelo de soja em janeiro, quantidade recorde para um mês de janeiro.

Quanto ao óleo de soja, os embarques somaram 159,5 mil toneladas em janeiro/2022, o maior volume mensal desde abril do ano passado. Em comparação aos meses de janeiro dos anos anteriores, o Brasil escoou em 2022 o maior volume desde 2008. Neste contexto, os preços dos derivados registram altas significativas. Avicultores e suinocultores apontam maior dificuldade nas compras de farelo. Os valores de farelo de soja acumulam valorização de 4,1% nos últimos sete dias. Para o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS), as cotações registram alta de 2,1% no mesmo comparativo, a R$ 8.531,67 por tonelada. A elevação nos preços internos se deve também à valorização externa. Na Bolsa de Chicago, os contratos operam acima dos US$ 15,50 por bushel, impulsionados por previsões indicando redução na produção da América do Sul na safra 2021/2022. Assim, o contrato Março/2022 da soja na Bolsa de Chicago apresenta valorização de expressivos 6,6% nos últimos sete dias, indo para US$ 15,56 por bushel. O contrato de mesmo vencimento do óleo registra avanço 2,2% no período, a US$ 1.449,52 por tonelada. Quanto ao farelo, o aumento é de significativos 8,1%, indo para US$ 481,82 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.