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04/Fev/2022

Preços da soja batem recorde no mercado interno

A soja chegou a R$ 200,00 por saca de 60 Kg no Brasil, um recorde impensável até o ano passado, e os prêmios nos portos do País estão seis vezes maiores, em média, para esta época do ano, como reflexo de uma disputa entre demanda doméstica e exportações. Com 15% de alta acumulada em 2022 na Bolsa de Chicago, a oleaginosa se aproxima do pico histórico alcançado em 2021, de US$ 16,42 por bushel. E a tensão poderá crescer nos próximos meses. A persistente seca que atinge a Região Sul do País, a Argentina e o Paraguai, causada pelo fenômeno climático La Niña, causará quebra de safra nos três países, que são exportadores importantes. O Brasil lidera os embarques globais. Como consequência, os importadores de soja, principalmente a China, estão intensificando as compras dos Estados Unidos, país que é o segundo maior exportador do mundo.

Há um grande volume que a China precisa comprar para abril e maio. Isso criou uma situação que não é muito comum no Brasil: alta de preços na Bolsa de Chicago e, ao mesmo tempo, dos prêmios de exportação. No Rio Grande do Sul (Estado mais afetado pela seca), na região de Passo Fundo, as indústrias já ofertam R$ 202,00 por saca de 60 Kg. O prêmio no Porto de Paranaguá (PR), referência nacional, está entre +US$ 1,10 e +US$ 1,20 por bushel, para entrega em março. Nesta época do ano, quando a colheita brasileira ganha força, os valores costumam ficar entre +US$ 0,20 e +US$ 0,30 por bushel. Com a escassez de outros fornecedores, os estoques finais de 2020/2021 dos Estados Unidos serão reduzidos. E, com a menor colheita no Brasil, a safra de 2021/2022 já está mais apertada.

Se não houver um aumento de área nos Estados Unidos, ou se algo der errado durante o ciclo 2022/2023, haverá um problema mundial. Nos últimos dias, uma nova rodada de revisões de estimativas apontou que a quebra no Brasil vai ficando cada vez maior. No plantio do ciclo 2021/2022, esperava-se 140 milhões de toneladas. Depois, com o início dos problemas com a seca, a expectativa foi para o intervalo entre 130 milhões e 135 milhões de toneladas. Agora, caiu para cerca de 125 milhões de toneladas. Na Argentina, a quebra da safra pode chegar até a 6 milhões de toneladas e, no Paraguai, deve ficar entre 4 milhões e 5 milhões de toneladas. O “sonho” do produtor brasileiro era a soja chegar a R$ 100,00 por saca de 60 Kg, o que aconteceu em agosto de 2020.

A média do ano passado ficou entre R$ 150,00 e R$ 170,00 por saca de 60 Kg e, agora, pode ficar em mais de R$ 200,00 por saca de 60 Kg. Além dos reais problemas físicos e dos preços na Bolsa de Chicago, o produtor brasileiro não afetado pela seca (como o de Mato Grosso, por exemplo) tem a seu favor o câmbio. O dólar a R$ 5,30 torna a soja brasileira bastante rentável. Hoje, há uma briga para manter o produto no mercado interno, uma vez que os principais esmagadores ficam no Paraná e Rio Grande do Sul, justamente os mais atingidos pela seca. No Paraná, a previsão inicial era de colheita de 22 milhões de toneladas, e hoje está em 15 milhões. No Rio Grande do Sul passou de 22 milhões para 12,5 milhões. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.