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03/Fev/2022

Rentabilidade dos grãos deve ser recorde em 2022

A rentabilidade dos produtores de grãos deve ser recorde neste ano, segundo projeção do Bradesco. Com custos refletindo as condições ainda de 2021 e preços da safra atual em patamares mais elevados, os produtores de grãos devem apresentar margem recordes. Com insumos adquiridos ainda no 1º semestre de 2021, os produtores vêm se beneficiando desse quadro de preços sustentados no mercado internacional, segundo relatório do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco. Na avaliação do Bradesco, até o início da colheita da segunda safra de milho (entre maio e junho), que pode se refletir na estimativa total da safra de grãos brasileira, o monitoramento do clima seguirá determinante não apenas para o volume da safra, mas também para a formação de preços. Esse monitoramento também importa para o desenvolvimento da safra do Hemisfério Norte, que se encaminha para números também positivos, mas que naturalmente também estão sujeitos às questões climáticas.

Contudo, uma produção mundial possivelmente maior pode ser compensada pelo balanço apertado entre oferta e demanda, com queda na relação entre estoques e uso. Nesse quadro de estoques de passagem ainda apertados, os preços se tornam ainda mais sensíveis aos desenvolvimentos climáticos e aos custos de produção, a segunda variável chave para as perspectivas de grãos em 2022. Em relação ao custo de produção, o Bradesco destaca que os preços dos fertilizantes subiram em média 180% desde o início de 2021, refletindo restrição na oferta e questões geopolíticas do setor. A alta de preços de insumos agrícolas se encaixa em um debate global de um choque de inflação mais duradouro do que se imaginava há alguns meses. Por outro lado, a safra de grãos deste ano não reflete a alta total dos custos neste período, já que foram adquiridos principalmente no início de 2021. Em contrapartida, para 2023, as condições para margens recordes e elevadas podem não se repetir, segundo o Bradesco.

Ao longo deste ano, a tendência é um movimento inverso ao do ano anterior, com a compra de insumos agrícolas sendo postergada na expectativa de menores custos e preservação de margem. Conforme a análise do Bradesco, a safra do Hemisfério Norte – plantada neste primeiro semestre – pode ser um prenúncio do que os produtores brasileiros podem enfrentar em meados deste ano quando forem tomar as decisões de plantio para a temporada 2022/2023. Embora ainda possa se tratar de uma discussão precoce, a permanência dos custos nesses níveis deve implicar uma redução das margens dos produtores, potencialmente afetando a produtividade ou mesmo a área plantada da safra 2022/2023. Esse cenário de permanência dos custos elevados de produção e de impacto na produtividade é frágil para os preços. Com menos investimentos em fertilizantes e estoques ainda baixos, os preços tendem a permanecer voláteis frente a notícias de quebras de safra (mesmo que pontuais) ou mesmo aos usuais ruídos climáticos.

Em relação às culturas perenes, o alto custo de insumos agrícolas pode exercer pressão adicional sobre os preços finais, especialmente dos alimentos in natura, ainda neste ano. O Bradesco destacou também que há implicações para o setor pecuário, em virtude da atual conjuntura de produção de grãos. Sem alívio dos preços de grãos no curto prazo, as margens da cadeia de proteínas seguirão pressionadas por mais tempo. Segundo o Bradesco, os preços da carne bovina no Brasil seguem em patamares elevados. Os últimos meses reforçam a percepção de que o nível de preços seguirá sendo determinado pelo cenário internacional, inclusive pela abertura ou fechamento de mercados, como observado no último trimestre de 2021. Em relação às demais proteínas, a demanda enfrenta em cenário de renda contida e inflação elevada. Em alguns casos, entretanto, especialmente na produção de suínos, há margens negativas nos patamares atuais de preços de grãos. A entrada da segunda safra de milho poderá amenizar este quadro, sobretudo a partir de junho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.