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01/Fev/2022

Forte influência da China sobre o mercado de soja

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa de soja na safra 2020/2021 foi de 19,6 milhões de toneladas, a quarta maior produtora mundial, atrás do Brasil, Estados Unidos e Argentina. A China, entretanto, é a maior consumidora mundial do grão. A demanda doméstica em 2022 está estimada em 116,7 milhões de toneladas, o que torna necessária a importação da maior parte da soja consumida pelo país. O Brasil e os Estados Unidos são seus maiores fornecedores. Com isso, o mercado chinês tem forte influência na precificação da oleaginosa no mercado internacional e brasileiro. Na atual temporada (2021/2022), a expectativa é que os chineses comprem 100 milhões de toneladas no mercado internacional, equivalente a 85,7% do consumo do país.

As compras chinesas da oleaginosa na safra 2018/2019 caíram em função da forte redução do rebanho de suínos no país após o surto de peste suína africana (PSA). A soja comprada é esmagada e utilizada em duas principais formas: óleo e farelo. Com a retomada do plantel de suínos em níveis similares aos observados anteriormente ao surto ao longo dos últimos dois anos, a necessidade por farelo tem aumentado, e consequentemente as compras. Em função da dependência das importações e visando diminuir os riscos de desabastecimento e pressão sobre os preços no mercado local, os chineses trabalham com certo estoque do produto. A relação entre os estoques finais e o consumo total tem ficado em média próxima de 20% desde 2010 até 2020, mas ultrapassou os 30% na safra 2020/2021 e deve ficar em patamar mais alto na safra atual.

Em 2021, o Brasil exportou 86,1 milhões de toneladas. Desse montante, a China participou em 70,2% das compras, totalizando 60,5 milhões de toneladas. Em 2021, o Brasil quebrou recorde de volume exportado com 86,1 milhões de toneladas embarcadas. Com a expectativa de aumento dos estoques chineses, o Brasil deverá seguir embarcando bons volumes de soja na atual temporada. Nos primeiros 15 dias úteis de janeiro, foram importadas 1,7 milhão de toneladas, com faturamento de US$ 871,9 milhões. Os preços estiveram firmes em janeiro. Em Paranaguá (PR), a saca de soja (60 Kg) iniciou o mês negociada a R$ 172,00 (no dia 3/01), e no dia 26 de janeiro, estava sendo comercializada por R$ 182,50, alta de R$ 10,50 por saca de 60 Kg no período.

A alta foi puxada pela expectativa de quebra da safra 2021/2022 na América do Sul, o câmbio elevado ao longo de janeiro e a expectativa de aumento nos volumes importados pela China. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe em seu relatório de janeiro uma revisão para baixo de 9,5 milhões de toneladas na produção, frente ao relatório anterior, para Brasil, Argentina e Paraguai. A quebra de safra na América do Sul está prevista devido ao fenômeno climático La Niña, que resultou em uma estiagem longa no Sul do continente, prejudicando o desenvolvimento das lavouras. As exportações em bom ritmo, a quebra de safra esperada e o câmbio (dólar) sustentado devem manter as cotações firmes em curto prazo. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.