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31/Jan/2022

Tendência altista para os preços da soja no Brasil

A tendência é altista para os preços da soja nos mercados externo e interno. Com as quebras na América do Sul se ampliando nas últimas semanas, as cotações futuras em Chicago estão em tendência de alta, já se aproximando do patamar de US$ 15 por bushel. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras para os vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 13,50 e US$ 14,75 por bushel. A alta dos preços do petróleo, que se aproxima dos US$ 90 por barril do tipo Brent, impulsiona as cotações externas do óleo de soja. Com as quebras da safra no Sul do Brasil, os prêmios estão positivos e em alta nos portos brasileiros. O dólar sustentado em patamares elevados também dá suporte à tendência altista no mercado interno. As indústrias domésticas e compradores internacionais estão mais ativos nas aquisições da soja brasileira. Porém, as negociações são limitadas pela baixa oferta. Isso porque a entrada vagarosa da safra e as incertezas quanto ao rendimento têm deixado os produtores reticentes nas comercializações de grandes volumes.

Inclusive, alguns produtores mostram preferência por negociar milho em detrimento da soja, a fim de liberar espaço nos armazéns para a nova safra da oleaginosa. Diante disso, os prêmios de exportação no Brasil e os preços internos da soja registram patamares recordes, em termos nominais. Com base no Porto de Paranaguá (PR), o prêmio para embarque em Março/2022 tem comprador a +US$ 0,85 por bushel. Quando considerado o contrato Março negociado em janeiro, este é o maior valor nominal da série iniciada em junho/2004. O preço FOB do grão, também com embarque em março/2022, registra alta de 3,6% nos últimos sete dias, a US$ 537,35 por tonelada. Esse valor resulta em paridade de exportação de R$ 186,25 por saca de 60 Kg, com base no dólar futuro negociado na B3. A paridade está acima do negociado no mercado spot. No dia 26 de janeiro, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, registrou recorde nominal da série do Cepea, a R$ 184,22 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta avanço de 1,2%, cotado a R$ 181,48 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 179,22 por saca de 60 Kg, o valor nominal mais alto da série do Cepea, iniciada em julho/1997. Nos últimos sete dias, os preços da soja apresentam avanço de 3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,1% no mercado de lotes (negociação entre as empresas). O movimento altista no Brasil se deve também à valorização externa. Os contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago estão sendo influenciados por expectativas de maior demanda pelo grão dos Estados Unidos, devido às especulações de menor oferta na América do Sul.

O primeiro vencimento da soja registra valorização de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 14,71 por bushel, esse é o maior valor nominal desde 16 de julho do ano passado. Diante da dificuldade na aquisição da matéria-prima e do aumento nos custos, a margem de lucro das indústrias está menor. O “crush margin” com embarque em março foi calculado a US$ 76,64 por tonelada. Este mesmo contrato estava acima dos US$ 90,00 por tonelada na semana anterior. Com base nos preços de soja e derivados negociados na região de São Paulo, a participação do farelo de soja na margem das indústrias está menor, enquanto a do óleo de soja registra alta. A valorização doméstica do óleo foi limitada pela queda nos prêmios de exportação. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta alta de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 8.353,51 por tonelada. A alta externa se deve à firme demanda por parte do setor de biodiesel nos Estados Unidos.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2022 do óleo de soja acumula valorização de 2,3% nos últimos sete dias, a US$ 1.418,44 por tonelada, o maior valor nominal desde 20 outubro de 2021. Quanto ao farelo, os consumidores estão com expectativa de maior oferta do derivado, fundamentados no aumento do processamento do grão para suprir a demanda por óleo. Para cada tonelada processada, 78% produzem farelo, e apenas 19%, óleo. Ressalta-se que parte dos consumidores de farelo se abasteceu apenas para o curto prazo e deve fazer novas compras nas próximas semanas. Com isso, embora os preços externos e os prêmios brasileiros tenham avançado, a baixa procura pressiona as cotações no Brasil e os preços do farelo de soja registram recuo de 1,1% nos últimos sete dias. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2022 apresenta alta de 1,1% no mesmo comparativo, a US$ 446,10 por tonelada. No campo, as recentes precipitações impediram o avanço da colheita nas principais regiões produtoras do Brasil.

Ainda assim, os trabalhos de campo estão mais avançados que o observado no mesmo período da safra passada. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 5,5% da safra brasileira havia sido colhida até o dia 22 de janeiro, acima dos 0,9% em igual período do ano passado. A colheita está mais avançada em Mato Grosso. Porém, os focos de ferrugem asiática têm deixado os produtores em alerta. Segundo o Consórcio Antiferrugem da Embrapa, foram registrados 11 focos do fungo em Goiás, 10 em Mato Grosso, 8 na Bahia, 6 no Paraná e 4 em São Paulo, no Piauí e em Tocantins. No mesmo período da safra passada, havia apenas 1 foco em Goiás, 4 em Mato Grosso e 33 no Paraná. Na Argentina, o atraso dos trabalhos de campo no noroeste do país tem gerado expectativa de redução de área com soja nesta temporada. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a área semeada com a oleaginosa para a safra 2021/2022 passa a ser estimada em 16,3 milhões de hectares, recuo de 100 mil hectares. A semeadura havia atingido 99,7% da área até o dia 27 de janeiro, avanço de 4,5% frente à semana anterior. Além disso, 38% das lavouras estão em boa condição; 43%, em situação mediana; e 19%, em condição ruim. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.