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24/Jan/2022

Tendência altista da soja com as quebras de safras

A tendência é altista para os preços da soja no mercado interno, diante das quebras de safras na América do Sul, incluindo perdas no Brasil, Argentina e Paraguai, em decorrência da estiagem provocada pelo fenômeno La Niña. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros da soja em grãos com vencimentos ao longo de 2022 oscilam entre US$ 13,15 a US$ 14,30/bushel, enquanto aqueles com vencimentos em 2023 operam entre US$ 12,50 a US$ 13,20/bushel. As fortes altas dos insumos, especialmente fertilizantes e defensivos, poderão afetar a intenção de plantio global de soja em 2022/2023 e a oferta futura do grão. No mercado interno, o dólar deverá seguir sustentado em patamares elevados ao longo deste ano, com prêmios positivos nos portos do país e oferta interna reduzida pelas quebras na safra. Na América do Sul, as quebras da safra 2021/2022 vão se acentuando.

No Brasil, a projeção da nossa Consultoria é uma redução de produção de 145,7 milhões de toneladas, para 131,5 milhões de toneladas; na Argentina, a produção deve ser reduzida de 50,0 milhões de toneladas para 40,0 milhões de toneladas; e no Paraguai, as quebras se intensificaram e a produção deverá recuar de 10,5 milhões de toneladas, para apenas 4,5 milhões de toneladas. Somadas, em relação à estimativa inicial, as quebras na safra sul-americana já atingem 30,2 milhões de toneladas. Essas incertezas quanto à produção nacional de soja, as expectativas de maior demanda e a desvalorização cambial (US$/R$) aumentaram a disparidade entre os preços de compradores e vendedores, limitando a liquidez no mercado brasileiro. De um lado, os produtores, especialmente da Região Sul, relatam grandes perdas na produção de soja, diante da escassez hídrica no principal período de desenvolvimento das lavouras. De outro, os compradores e agentes de forma geral apontam que as produções nas demais regiões do Brasil serão volumosas, compensando boa parte das perdas no Sul.

Os agentes também indicam possibilidade de demandas doméstica e internacional maiores nesta temporada, deixando os produtores reticentes nas negociações do remanescente da safra 2020/2021 e de contratos a termo da safra 2021/2022. Os consumidores também estão cautelosos, diante da desvalorização do dólar nos últimos dias e da expectativa da entrada da nova safra. No Paraná, a colheita avançou apenas 2% entre as duas últimas semanas, indo para 4% do total da área até o dia 17 de janeiro. As lavouras em boas condições aumentaram 4%, indo para 33%, enquanto o percentual em condições medianas diminuiu de 37% para 33%, e o número de lavouras em situação ruim se manteve em 34%. Em Mato Grosso, os produtores têm expectativa de que as novas áreas a serem colhidas possam apresentar melhor rendimento que as anteriores, que já registraram produtividade satisfatória.

A colheita de soja atingiu 4,2% do total da área. Os trabalhos de campo estão 3,4% à frente do observado no mesmo período do ano passado, mas 0,9% atrás da média dos últimos cinco anos. O avanço na colheita foi interrompido pelas recentes chuvas nas principais áreas de produção e pelo atraso na entrega de dessecantes. Na Argentina, as precipitações dos últimos dias permitiram que produtores avançassem com a semeadura da safra 2021/2022. Porém, algumas regiões ainda precisam de chuvas mais volumosas. Segundo relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, publicado no dia 20 de janeiro, as atividades no país já atingiram 94,8% da área total, com avanço semanal de 2,3%. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,1%, cotado a R$ 180,15 por saca de 60 Kg.

A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 0,5% nos últimos sete dias, a R$ 177,33 por saca de 60 Kg. A paridade de exportação no Porto de Paranaguá (PR) está em R$ 178,00 por saca de 60 Kg para fevereiro/2022, mesmo com a alta nos prêmios de exportação. A partir de março, a paridade indica tendência altista. O contrato Março/2022 está estimado em R$ 179,49 por saca de 60 Kg; Abril/2022, a R$ 181,83 por saca de 60 Kg; Maio/2022, a R$ 183,22 por saca de 60 Kg; Junho/2022, a R$ 188,11 por saca de 60 Kg e Julho/2022, a R$ 189,81 por saca de 60 Kg (cálculos com base no dólar futuro negociado na B3). Dentre as regiões brasileiras, entretanto, os preços apresentam direções distintas. A desvalorização da moeda norte-americana tende a levar os importadores a comprarem dos Estados Unidos. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2022 da oleaginosa acumula valorização de 3,5% nos últimos sete dias, a US$ 14,14 por bushel, o maior valor nominal desde agosto/2021. Diante da menor oferta, os prêmios de exportação do farelo de soja estão em alta.

No Porto de Paranaguá (PR), em sete dias, o contrato Fevereiro/2022 passou de US$ 25,00 por tonelada para US$ 30,00 por tonelada. Este aumento se deve também à queda nos contratos futuros da Bolsa de Chicago. O vencimento Março/2022 está cotado a US$ 441,80 por tonelada. Esse cenário limita a alta dos preços do farelo de soja no Brasil. Com isso, as cotações registram avanço de apenas 0,1% nos últimos sete dias. Os preços do óleo de soja estão em alta no mercado brasileiro, influenciados pelas expectativas de maior demanda, especialmente para a produção de biodiesel. Além disso, a alta nacional está atrelada à valorização externa, que, por sua vez, se deve à valorização do petróleo. Na Bolsa de Chicago, o aumento no contrato Março/2022 do óleo de soja é de expressivos 7,6% nos últimos sete dias, para US$ 1.386,25 por tonelada, o maior valor desde outubro/2021. A elevação externa, no entanto, resulta em um deságio dos prêmios de exportação do Brasil, limitando a valorização doméstica. Com isso, o óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de 1,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 8.334,83 por tonelada. Fontes: Cogo Inteligência em Agronegócio e Cepea.