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21/Jan/2022

Quebras na América do Sul podem favorecer EUA

Os fundamentos de oferta do mercado mundial de soja estão se modificando, em meio às quebras significativas esperadas na safra da América do Sul. Houve redução na previsão para a safra brasileira de soja de 145 milhões de toneladas para 134 milhões de toneladas, abaixo do alcançado no ano anterior, e novos cortes do potencial produtivo devem ocorrer nas próximas revisões. O contexto doméstico, aliado a perspectivas de perdas também nos países vizinhos, já coloca o consumo mundial de soja acima da produção, com maior aperto dos estoques finais. Contudo, é preciso lembrar do lado da demanda. Apesar de o consumo apresentar um comportamento mais previsível, não tendo o fator climático influenciando o resultado, também é necessário acompanhar o seu andamento nos próximos meses. Como a produção de soja é muito concentrada em Brasil, Estados Unidos e Argentina, as exportações também são dependentes da oferta da oleaginosa nesses países.

Quando as estimativas apontavam uma safra brasileira em 145 milhões de toneladas, as exportações tinham potencial de ultrapassar os 90 milhões de toneladas. Agora, com as quebras previstas, as exportações vão acabar sendo menores, uma vez que essa é a principal variável de ajuste da demanda em momentos de perdas de safra. A previsão para as exportações de soja em 2022 ficou em 84 milhões de toneladas, volume que também não seria um recorde, não superando as 86,1 milhões de toneladas embarcadas em 2021. Essa menor disponibilidade de soja no Brasil, na Argentina (apesar de o país não focar suas exportações no grão) e no Paraguai tende a provocar um rearranjo dos fluxos de soja ao redor do mundo, com a América do Sul não conseguindo atender os mercados importadores nos mesmos volumes que se esperava inicialmente, antes das perdas. Como existe uma sazonalidade inversa entre os Hemisférios Sul e Norte, no caso de menores embarques de soja brasileira, por exemplo, a procura pelo grão norte-americano tenderia a ser reforçada, mesmo num período em que usualmente o país não exporta grandes volumes da oleaginosa.

Se essa possibilidade acabar se efetivando, as exportações totais dos Estados Unidos no ciclo 2021/2022 poderiam alcançar o estimado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualmente, em 55,8 milhões de toneladas, ou mesmo ultrapassar esse volume, modificando as perspectivas atuais que o mercado enxerga para os embarques norte-americanos. Para o relatório mensal de oferta e demanda do USDA em janeiro, havia expectativa de que as exportações dos Estados Unidos pudessem ser cortadas novamente, o que não aconteceu. Desde o começo do ciclo de exportações 2021/2022 do país, o mercado acompanha o desempenho mais fraco que vem sendo registrado. Até o dia 6 de janeiro, foram negociadas 42,4 milhões de toneladas de soja norte-americana, volume 13 milhões abaixo do registrado nesta mesma época no ano passado. Desse atraso observado, a China responde por 9,4 milhões de toneladas.

Assim, há dúvidas também sobre qual será o volume total importado pela China na safra 2021/2022, destacando que as estimativas atuais estão em 100 milhões de toneladas, volume em linha com o alcançado no ciclo anterior. Até o momento, considerando o ano safra entre outubro de 2021 e setembro de 2022, a China importou 22,55 milhões de toneladas de soja (nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2021), volume 3,3 milhões de toneladas abaixo do alcançado no último trimestre de 2020. Dessa forma, apesar da previsibilidade do consumo, o que acontece no mercado chinês é seguido de perto, já que o país é o maior demandante e importador mundial de soja. Há preocupação com as margens da indústria de carnes chinesa, cuja recuperação após o pico da peste suína africana (PSA) foi bem mais rápida que o esperado, aumentando muito a disponibilidade dessa proteína, com impactos nos preços. Contudo, é preciso ressaltar, também, a grande dependência que a China tem das importações de soja, não conseguindo alternativas capazes de substituir o farelo nas rações, nas quantidades utilizadas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.