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17/Jan/2022

Tendência é altista para a soja no mercado interno

A tendência é altista para os preços da soja no mercado interno, com as cotações futuras em Chicago sustentadas, em viés altista, diante das quebras nas safras da América do Sul – sul do Brasil, Argentina e Paraguai. Além disso, o dólar segue sustentado em patamares elevados e os prêmios estão positivos no mercado brasileiro. As projeções atuais da nossa Consultoria indicam produção de 131 milhões de toneladas no Brasil (ante 145 milhões de toneladas esperadas anteriormente), de 44 milhões de toneladas na Argentina (ante 55 milhões de toneladas esperadas inicialmente) e de 8,5 milhões de toneladas no Paraguai (ante 10,5 milhões de toneladas esperadas anteriormente), em função da estiagem prolongada, provocado pelo fenômeno La Niña. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras com vencimentos em 2022 oscilam entre US$ 12,90 e US$ 13,70 por bushel. À medida que os estoques de farelo de soja se reduzem, os demandantes têm necessidade de adquirir novos volumes do derivado no mercado spot, aumentando, assim, a disputa por lotes à pronta entrega.

Este contexto elevou os preços internos do farelo de soja e os prêmios de exportação. Os valores do farelo de soja registram alta de 2,8% nos últimos sete dias. O preço FOB no Porto de Paranaguá (PR) é de US$ 494,27 por tonelada, expressivo aumento de 6,1% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) apresenta queda de 2,2% nos últimos sete dias, a R$ 8,193,42 por tonelada. De qualquer forma, as atenções estão voltadas ao desenvolvimento das lavouras e à colheita de soja no Brasil, iniciada de forma ainda lenta no Paraná e em Mato Grosso. A expectativa é de que os trabalhos de campo se intensifiquem entre o final de janeiro e o começo de fevereiro. As áreas de cultivo precoce têm registrado baixa produtividade, diante das chuvas tardias, gerando preocupações quanto à oferta da safra 2021/2022. No Paraná, apenas 2% da área semeada havia sido colhida até o dia 13 de janeiro, e as condições das lavouras estão cada dia piores. Apenas 29% da área tem condição boa, 37% estão em condições medianas e 34%, ruins.

Novos ajustes negativos devem ser realizados, tendo em vista que a situação está complicada em toda a Região Sul do Brasil. Por outro lado, os produtores da Região Sudeste e de parte da Região Centro-Oeste do Brasil ainda estão otimistas quanto à safra de soja e esperam por produção volumosa. Inclusive, os produtores da Bahia, região que registrou excesso de umidade, relatam que as lavouras estão em condições boas e esperam por safra cheia. Em relatório divulgado na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) parece ainda não ter captado a situação crítica e nem mesmo absorvido as estimativas realizadas por órgãos estaduais e reajustou as estimativas de produção de soja da safra 2021/2022 para 140,5 milhões de toneladas, apenas 1,6% abaixo das 142,8 milhões de toneladas previstas em dezembro/2021. O maior reajuste negativo foi observado no Paraná, com queda de 11% sobre a projeção anterior, com produção estimada agora em 18,5 milhões de toneladas. Em Santa Catarina, a produção deve ser 2,4% menor que a esperada até o mês passado; em Minas Gerais, 2,6%, e, em Mato Grosso do Sul, 2,2%.

Em contrapartida, houve aumento na produção da Bahia, de Alagoas e do Maranhão, em respectivos 5,5%, 21% e 0,7% frente ao relatório anterior. Para Mato Grosso, não houve ajuste. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 12 de janeiro, foi mais agressivo e reduziu de forma mais expressiva a produção brasileira e da América do Sul. Agora, a safra brasileira é estimada em 139 milhões de toneladas (recuo de 3,5% em relação ao relatório anterior), a da Argentina, em 46,5 milhões de toneladas (-6,1%) e a do Paraguai, em 8,5 milhões de toneladas (-15%). Para os Estados Unidos, houve reajuste positivo de 0,2%. A produção global da temporada 2021/2022 anda é prevista em volume recorde, de 372,5 milhões de toneladas, 1,7% superior à da 2020/2021. O USDA reduziu as transações globais em 0,9%, previstas em 170,74 milhões de toneladas, devido à menor exportação da Argentina, estimada em 4,85 milhões de toneladas e do Paraguai, prevista em 5,25 milhões de toneladas.

O esmagamento mundial também foi diminuído em 0,6%, estimado em 325,72 milhões de toneladas. Neste caso, se deve ao menor processamento no Brasil, estimado em 47,2 milhões de toneladas, e na Argentina, projetado em 41,2 milhões de toneladas de soja. No agregado, o USDA reduziu os estoques de passagem, em 6,7%. Houve manutenção dos estoques previstos para a China e aumento para os Estados Unidos. Mas, ao se considerar a relação estoque/demanda global, o índice retorna para 25,4%, contra 27,5% da temporada passada, a menor relação desde 2015/2016, em que também houve seca na América do Sul. No Brasil, há aumento na disparidade entre os valores indicados por compradores e vendedores, resultando em dias de baixa liquidez. O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, está cotado em R$ 176,56 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ é de R$ 174,60 por saca de 60 Kg. Fontes: Cogo Inteligência em Agronegócio e Cepea.