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10/Jan/2022

Tendência altista para os preços da soja em 2022

A quebra na safra brasileira de soja 2021/2022 está estimada preliminarmente pela nossa Consultoria em 14 milhões de toneladas (-9,6%), para 131,7 milhões de toneladas, ante 145,7 milhões de toneladas na comparação com nossa projeção de novembro/2021. A estimativa também é menor que as 142,7 milhões de toneladas estimadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e as 144 milhões de toneladas projetadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A estiagem e as altas temperaturas que têm predominado no Sul do Brasil e no sul de Mato Grosso do Sul desde o início de novembro atingiram com força a safra de soja. A produção estimada atualmente pela nossa Consultoria já está abaixo do recorde de 137,3 milhões de toneladas da safra passada (2020/2021). Os contratos futuros da soja com vencimentos em 2022 na Bolsa de Chicago oscilam entre US$ 13,00 e US$ 14,00 por bushel. Os contratos futuros com vencimentos em 2023 em Chicago oscilam entre US$ 12,20 a US$ 13,00/bushel.

Os prêmios nos portos brasileiros estão positivos e poderão dar mais sustentação aos valores no Brasil. O preço FOB da soja, com base no porto de Paranaguá (PR), está maior em 2022. Apesar de os contratos de março e de abril de 2022 indicarem pequenas desvalorizações, devido à entrada da safra no Brasil, os valores FOB voltam a subir a partir de maio de 2022, mostrando mais força no segundo semestre. Para 2022, a paridade de exportação no Porto de Paranaguá (PR) indica preços de R$ 180,37 por saca de 60 Kg para janeiro, R$ 180,15 por saca de 60 Kg para março, R$ 183,31 por saca de 60 Kg para maio, R$ 187,16 por saca de 60 Kg para julho, R$ 186,84 por saca de 60 Kg para agosto e R$ 187,39 por saca de 60 Kg para novembro, considerando nestes cálculos o dólar futuro negociado na B3. A temporada 2021/2022 de soja deve contar com quebra na safra e demandas interna e externa aquecidas.

No Brasil, a preocupação do lado da demanda está relacionada ao consumo de óleo de soja para a produção de biodiesel, visto que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) deve manter a mistura de biodiesel no óleo diesel em 10%, contra os 13% esperados por agentes, percentual que prevalecia até setembro de 2021. Embora os impactos negativos não sejam generalizados, teremos uma quebra na safra brasileira de soja 2021/2022. O custo operacional das aquisições de insumos (especialmente de fertilizantes) aumentou entre as safras 2020/2021 e 2021/2022. Os gastos com insumos adquiridos por produtores de Luís Eduardo Magalhães (BA) devem aumentar 28% na safra 2021/2022. Nas regiões de Cascavel (PR) e de Sorriso (MT), os custos devem subir 30% e 23%, respectivamente, considerando-se a compra dos insumos de forma antecipada, ou seja, entre janeiro e julho de 2020 e os mesmos meses de 2021.

De forma geral, apesar de esses custos estarem maiores para os agricultores que compraram os insumos de forma mais tardia, o maior impacto deverá ser sentido nas compras para a safra 2022/2023. Atualmente, o custo operacional para 2022/2023 está 33% maior que o da temporada 2021/2022. Os gastos com fertilizantes e herbicidas são os que tiveram elevações mais expressivas entre estas safras, com os adubos se valorizando 70% e os herbicidas, significativos 120%. Os produtores do oeste do Paraná e do norte de Mato Grosso iniciaram a colheita da safra de soja 2021/2022. A continuidade do clima desfavorável em importantes regiões produtoras de soja do Brasil, contudo, tem feito crescer as expectativas de forte queda na produção. Enquanto na metade Norte do País as chuvas estão em excesso, no Sul e em parte de Mato Grosso do Sul, o clima está predominantemente seco. Diante disso, as consultorias já vêm reduzindo suas estimativas de produção para a atual temporada, e os preços internos e externos da soja estão sendo impulsionados.

O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná atingiu recorde nominal da série histórica iniciada em julho de 1997. No Paraná, as produtividades são baixas e parte das primeiras áreas semeadas registra perdas significativas. Segundo boletim do Deral, as perdas na produção de soja já são calculadas em 37% no Paraná. Os sojicultores de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul também indicam menor produção. Santa Catarina já está sentindo o impacto mais expressivo, mas, no Rio Grande do Sul, como o cultivo é mais tardio, ainda pode haver tempo de certa recuperação caso as chuvas sejam retomadas. Na Argentina, a falta de chuvas também dificulta o avanço da semeadura nos extremos norte e sul da área agrícola. Diante do atual cenário, os produtores estão preocupados quanto ao cumprimento de contratos. Vale lembrar que, com o clima favorável no momento da semeadura da safra 2021/2022 da soja, muitos vendedores fecharam contratos com entrega agora em janeiro.

Com isso, já se verifica forte demanda por soja neste começo de 2022, tanto por parte de indústrias domésticas (grande parte das fábricas está com estoque reduzido), quanto pelo mercado externo. Esse contexto somado às valorizações externas e cambial (US$/R$) impulsionam os preços da soja no Brasil. O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná subiu 3,5% na primeira semana de janeiro, para R$ 175,97 por saca de 60 Kg. O recorde nominal, de R$ 178,23 por saca de 60 Kg, foi atingido na quarta-feira (05/01/22). O Indicador ESALQ/BM&F no Porto de Paranaguá (PR) avançou expressivos 4,8% no mesmo período, para R$ 180,70 por saca de 60 Kg. Quanto aos derivados, na média das regiões, os preços do farelo de soja registraram forte alta de 5,7% na primeira semana de janeiro. A alta nas cotações deste derivado só não foi mais intensa porque parte dos consumidores indica ter estoques para médio prazo. Para o óleo de soja, em São Paulo (12% de ICMS incluso), houve alta de 0,9% no mesmo período, com valor médio de R$ 8.374,94 a tonelada. Fontes: Cogo Inteligência em Agronegócio e Cepea.