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10/Jan/2022

Brasil terá vantagem na exportação no curto prazo

Um conjunto de fatores coloca a soja brasileira em vantagem no mercado internacional em relação à norte-americana neste início de 2022: dólar valorizado ante o Real, maior teor de proteína, frete marítimo mais barato que nos Estados Unidos e, principalmente, a previsão de uma colheita antecipada no Brasil. Segundo consultores e analistas do mercado ouvidos pelo Broadcast Agro, os problemas climáticos que vêm sendo observados na América do Sul não são desconsiderados mas também não alteraram, pelo menos até o momento, a situação de maior competitividade da soja nacional. Desde o início de agosto de 2021, quando se criou a expectativa de um plantio antecipado no Brasil, todo mundo previu que o calendário de soja seria antecipado em comparação a 2020. O importador chinês se preparou para desacelerar a aquisição do grão futuro e comprar da mão para boca no mercado disponível a soja de 2021/2022. Os chineses estão contando que terá mais oferta de soja em janeiro. Muitos navios estão a caminho do Brasil para embarcar em janeiro e fevereiro.

Os produtores norte-americanos costumam exportam mais soja de outubro a dezembro e, em menor proporção, em janeiro, tendo em vista que a maior parte da safra brasileira começa a chegar ao mercado, de fato, a partir de fevereiro. Em 2022, entretanto, a perspectiva no fim do ano era de que o volume do grão a ser colhido em janeiro no Brasil seria considerável. A estimativa é de que na primeira quinzena de janeiro serão colhidas 6,5 milhões de toneladas da oleaginosa, muito acima das 700 mil toneladas colhidas em igual período de 2021. Do total, 68% viriam de Mato Grosso. Contudo, os trabalhos ainda não começaram em virtude de chuvas em regiões produtoras do Estado. Para a segunda quinzena de janeiro, a previsão é de 18 milhões de toneladas de soja colhidos, acima dos 6,4 milhões de toneladas retirados na segunda quinzena de 2020 e, também, dos 14,2 milhões de toneladas da safra 2018/2019. Para a primeira quinzena de fevereiro, a perspectiva era de colheita de 26,8 milhões de toneladas de soja, ante 17,0 milhões de toneladas em igual mês de 2021 e 25,0 milhões de toneladas em janeiro de 2019.

As atualizações sobre as condições climáticas na América do Sul, por enquanto, não mexeram com os prêmios pagos pela soja brasileira. As recentes e sucessivas altas dos futuros da soja em na Bolsa de Chicago (CBOT) e o receio de perdas no campo têm deixado vendedores retraídos, reduzindo a liquidez e levando compradores a não mexer nos prêmios. Contudo, há a possibilidade de a China recorrer à soja norte-americana no curto prazo, a depender de quando a soja brasileira começar a ser colhida. Se a oferta de soja brasileira se confirmar volumosa, a tendência é de os prêmios pagos por tradings sobre a cotação da oleaginosa diminuírem no Brasil, tornando o grão nacional mais atrativo para importadores, em especial os chineses. O prêmio pago pela soja brasileira no Porto de Paranaguá está em US$ 0,79 por bushel, enquanto o ofertado pela soja norte-americana no Golfo dos Estados Unidos era de US$ 1,04 por bushel. Para fevereiro e os meses seguintes, a perspectiva é de prêmios ainda mais baixos.

A previsão, em dezembro, era de prêmio ao redor de US$ 0,48 por bushel para a soja a ser embarcada em fevereiro e US$ 0,34 por bushel para março. Já para o grão norte-americano, os prêmios deveriam ficar entre US$ 0,50 e US$ 0,70 por bushel de fevereiro em diante. Na safra passada, o Brasil não estava competitivo em dezembro, janeiro, fevereiro, porque a soja só começou a ser colhida em fevereiro. As exportações de soja norte-americana para a China ainda sofrem taxação de 25%, mas, mesmo desconsiderando na conta esse percentual, o grão brasileiro está mais competitivo. Hoje, a soja brasileira é mais barata que a dos Estados Unidos. Os preços do grão nacional no fim do ano eram superiores aos do norte-americano. Um fator determinante para a competitividade da soja brasileira no mercado externo desde o fim do ano passado é o câmbio. Isso porque quanto mais valorizado o dólar em relação ao Real, menor tende a ser o valor pago em dólar, por tradings, pelo grão nacional, na conversão do valor da saca em Reais para dólar.

A alta da divisa norte-americana também abre espaço para que tradings estimulem a oferta de soja e/ou a demanda, conforme o apetite de cada ponta no momento. O exportador dilui a alta, paga um pouco a mais para o produtor, cobra um pouco menos do comprador chinês, dependendo do lado que precisa ser estimulado. A tendência é de compradores chineses virem buscar soja brasileira aproveitando o câmbio e também o maior teor de proteína. Havendo oferta da soja brasileira e dos Estados Unidos, com preços competitivos, o teor de proteína pode ser relevante na decisão do comprador. Enquanto o grão brasileiro tem teor de proteína variando de 44% a 48%, o norte-americano conta com 42% a 44%. Quando uma empresa chinesa faz uma ração com soja brasileira, usa menos volume do grão do que se fosse utilizar o dos Estados Unidos. Dependendo do animal para o qual se destina a ração, é preciso ter um nível determinado de proteína, então a soja brasileira acaba sendo mais competitiva.

Até mesmo o frete marítimo em patamares elevados desde o ano passado, em decorrência de políticas de restrição de circulação em diversos países acompanhadas de retomada da atividade econômica, pode acabar favorecendo a soja brasileira. Os níveis de preços do transporte marítimo tendem a se manter altos neste ano em todo o mundo, mas o frete mais caro tende a derrubar o valor do prêmio pago pela soja. Isso seria um fator inibidor para os preços da soja durante a colheita. Isso já aconteceu em 2021 e pode acontecer em 2022. Prêmios mais baixos não são bons para o produtor, mas deixam o produto brasileiro ainda mais competitivo. Em contrapartida, no início do ano o frete marítimo dos Estados Unidos para a China costuma ser mais caro, porque diminui o fluxo de navios para a costa norte-americana e aumenta para a América do Sul. O fato de tradings chinesas, como a Cofco, terem operações no Brasil também facilita as exportações brasileiras do grão para a China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.