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10/Jan/2022

Supernavios deverão crescer no transporte de soja

A pressão para reduzir emissões no transporte marítimo pode acelerar uma das demandas do setor agrícola brasileiro em discussão nos últimos seis anos, especialmente pelo complexo da soja. A alternativa em foco é a substituição dos navios usados atualmente para as exportações do grão, com capacidade de até 85 mil toneladas, por embarcações maiores, com capacidade para 200 mil ou 220 mil toneladas. Os supernavios do tipo Capesize são utilizados em várias rotas internacionais no transporte de diferentes produtos. No caso da soja, reduziria as emissões de CO² em 31% e o custo logístico em 12,5% na comparação com os navios mais utilizados no País nessas operações, os Panamax, conforme estudo feito pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-Log). O estudo leva em conta o transporte da fazenda do produtor no Centro-Oeste, região que concentra a maior parte do cultivo da soja, até a China, maior importador do grão brasileiro.

O problema é que, no Brasil, as grandes embarcações não conseguem atracar porque os portos comerciais não têm profundidade suficiente e há riscos de encalhe. O principal gargalo para a mudança é a logística. Para receber esse tipo de navio, os portos precisam ter profundidade acima de 14 metros. Alguns portos tradicionais até recebem navios do tipo Capesize, só que não são carregados na sua totalidade, para evitar encalhes, e com isso não conseguem gerar economia de escala. O transporte marítimo responde por 3% do lançamento global de gases poluentes na atmosfera e, embora pareça, não é pouco. Além de novos portos em locais de maior profundidade, o País precisa de corredores logísticos que integrem os transportes rodoviário, ferroviário e marítimo. Como maior exportar de produtos agrícolas do mundo, o Brasil começa a ser pressionado pela Organização Marítima Internacional (IMO), que estabeleceu, durante a COP-26, meta global de reduzir em pelo menos 50% a emissão de poluentes nessa atividade até 2050. Além da questão ambiental, aumentaria a competitividade brasileira com a redução de custos.

Ao transportar mais, o custo do frete por tonelada cai 40%. Pelas simulações da Esalq-Log, para colocar a soja do Centro-Oeste até a China, 74,1% das emissões de CO² no transporte vêm da parte marítima, 21,7% da rodoviária (no transporte do grão ao porto por caminhões), 3,7% do ferroviário (no trecho em que há linhas férreas) e 0,5% no hidroviário (quando usada a cabotagem). Levando-se em conta que a parte marítima é feita por um navio Panamax, as emissões chegam a 130 quilos de CO². Se a viagem fosse feita por um Capesize, seriam 89 quilos, ou seja, 31,5% a menos. Além de maior, esse tipo de navio tem novas tecnologias e usa combustíveis alternativos que ajudam no controle das emissões. Na questão dos custos gerais, são US$ 63 por tonelada transportada com o navio menor e US$ 55 com o maior, uma diferença de 12,5%. Nesse caso, a parte mais significativa do custo é a rodoviária (56%), seguida pela marítima (31,7%), ferroviária (11,4%) e hidroviária (0,9%). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.