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13/Dez/2021

Tendência de preços sustentados da soja no Brasil

A tendência é de preços globais sustentados para a soja em 2022, com oferta ajustada à demanda, relação estoques/consumo global em queda e projeção de crescimento do consumo global. Os contratos futuros com vencimentos em 2022 na Bolsa de Chicago oscilam entre US$ 12,40 a US$ 12,90/bushel. Já os contratos futuros com vencimentos para 2023 em Chicago operam entre US$ 11,90 a US$ 12,50/bushel. O clima deve seguir no radar do mercado, especialmente com a safra sul-americana em andamento em um quadro de manutenção do La Niña. O fenômeno climático, a depender da intensidade, pode resultar em uma menor disponibilidade de chuvas, o que afetaria a produtividade da soja principalmente na Região Sul do Brasil e na Argentina. As fortes altas dos custos dos insumos também poderão afetar a intenção de plantio global de soja em 2022/2023. As chuvas na Região Sul do País têm sido irregulares e abaixo do esperado, e previsões indicam que esse cenário pode persistir em dezembro.

No Rio Grande do Sul, especificamente, o clima predominantemente seco e temperaturas mais elevadas impedem que os produtores prossigam com a semeadura e geram preocupações quanto ao desenvolvimento das lavouras já semeadas. Dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Ceptec) mostram que as chuvas podem ficar abaixo da média de dezembro a fevereiro na Região Sul do Brasil. Ressalta-se, ainda, que o fenômeno climático La Niña pode elevar as temperaturas no Rio Grande do Sul e provocar um déficit hídrico no principal período de enchimentos de grãos da oleaginosa. Vale lembrar que este é o segundo ano consecutivo que os produtores se veem em meio ao clima desfavorável. No Rio Grande do Sul, diante da baixa umidade nos solos, a semeadura está lenta. 85% da área estimada para o Estado foi implementada até o dia 9 de dezembro, avanço semanal de apenas 5%, um pouco acima do mesmo período de 2020 (81%), mas atrás da média dos últimos cinco anos (87%).

O Rio Grande do Sul é o segundo mais atrasado com os trabalhos de campo, atrás apenas do Maranhão, com 65% da área semeada. Até o dia 4 de dezembro, 91,5% da área nacional já havia sido semeada, sendo que, desse total, 64,7% estão em desenvolvimento vegetativo; 19,4%, em floração; 8,7%, em germinação e 7,2%, em fase de enchimento de grãos. Na Argentina, chuvas dificultaram os trabalhos de campo. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura atingiu 56,1% da área total estimada, com avanço de 9,8% em uma semana, mas atraso de 1% frente ao verificado há um ano. O clima desfavorável na Região Sul tem afastado os vendedores do spot nacional. Os compradores, contudo, também estão retraídos das aquisições da safra remanescente (2020/2021), na expectativa de adquirir lotes a preços menores nas próximas semanas, com o começo da entrada da nova safra. A baixa liquidez e a desvalorização do dólar, por sua vez, pressionam os valores da oleaginosa no Porto de Paranaguá e no Paraná.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1,4%, cotado a R$ 165,16 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 161,362 por saca de 60 Kg. Nas demais regiões, os preços estão firmes. Nos últimos sete dias, os preços registram alta de 0,3% tanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) quanto no mercado de lotes (negociações entre empresas). Dados divulgados no dia 9 de dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a área destinada à cultura pode ultrapassar os 40 milhões de hectares e crescer 3,7% em relação à temporada passada. A produtividade está estimada em 3.539 quilos por hectare, em linha com a temporada anterior. Assim, a oferta esperada pela Conab é de 142,8 milhões de toneladas, mantendo ainda o Brasil como o maior produtor mundial de soja.

Deve haver crescimento de apenas 0,2% no esmagamento interno frente à safra anterior, para 48,5 milhões de toneladas, diante de uma menor demanda para óleo de soja no Brasil. Por outro lado, as exportações de soja em grão são estimadas em 90,7 milhões de toneladas, 5,7% maiores que as estimativas para 2021. Entre os derivados, apesar de a produção crescer apenas 0,2% entre as temporadas, em linha com o esmagamento de soja, para o farelo, as estimativas são de exportação de 17,8 milhões de toneladas (+5,3%) e de consumo interno de 18,5 milhões de toneladas (+3,4%). Para o óleo de soja, a previsão é de queda no consumo interno, de 4,6%, para 8,1 milhões de toneladas, e recuo de 7,9% nas exportações, para 4,5 milhões de toneladas. O relatório mensal de oferta e demanda mundial publicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 9 de dezembro apontou reduções na oferta da temporada 2021/2022 para a China e Paraguai, mas aumento para o Canadá.

A oferta mundial foi prevista em 381,8 milhões de toneladas, 0,6% menor que a estimativa anterior, mas 4,2% acima da safra passada. Do lado do consumo, pequenos ajustes negativos foram registrados para a China e o Paraguai, reduzindo o esmagamento mundial para 327,5 milhões de toneladas, 0,3% abaixo da estimativa de novembro, mas 3,8% superior ao da safra 2020/2021. Praticamente não houve ajustes nas transações externas. Entretanto, os estoques mundiais foram ajustados negativamente, diminuindo a relação estoque/consumo final para 31,1%, contra 31,6% na temporada passada. Uma relação menor é fator de sustentação de preços no médio prazo. Com isso, os contratos futuros estão sendo impulsionados na Bolsa de Chicago. O contrato Janeiro/2022 da oleaginosa registra avanço de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 12,64 por bushel. Para o farelo, o contrato Dezembro/2021 apresenta valorização de 3,0% no mesmo período, a US$ 406,53 por tonelada. O contrato de mesmo vencimento do óleo acumula baixa de 2,6% nos últimos sete dias, a US$ 1.207,90 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.